quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

sobre tudo que eu não sei falar

como poderia te perguntar? ah... você nasceu pra mim? talvez pra essa noite eu acho. e pra não estar aqui quando o dia chegar. talvez essa noite seja a primeira vez. vai doer, mas vai passar. é que sabe? a gente não controla muito as coisas por aqui. e ouvir você falar de liberdade as duas da manhã. e ouvir você falar: "claro que sim, mas três cafés."

terça-feira, 30 de novembro de 2010

sobre nostalgias

e ela disse: "eu te amo pra sempre ou procure algo melhor". os dias aqui passam devagar. Olha esse céu azul. ele parece tão infinito. talvez seja. ah, mas porque somos tão jovens? sente essa liberdade. eu me sinto tão livre que poderia morrer se quisesse. a madruga é tão diferente da noite. e essas luzes artificiais não ajudam muito. então vamos correr para as montanhas e aproveitar enquanto o tempo não vem nos buscar e nos tirar daqui. pelo menos o seu sorriso ele não vai poder levar. não de dentro de mim. pelo menos enquanto ele não vem nos buscar, o mundo é nosso. e você não tem que ir embora essa noite. não hoje. não há retorno pra nós essa noite. não nessa. não.

sábado, 30 de outubro de 2010

sobre dulce num país de plastico

dulce despertou de um sonho bom, num lugar estranho e com a cabeça pesando mais do que seu corpo. tentou levantar para entender o que estava acontecendo, mas a gravidade não deixou. quase ia adormecer novamente, quando lembrou-se de olhar pro lado. uma garota jovem bonita, e loira, aparentando seus vinte e cinco anos, sentava em uma cadeira simples, devorava uma lasanha requentada enquanto assistia um filme b qualquer que passava na tv. ela tinha olhos fortes e azuis e vestia uma camisa social masculina enorme e um short de pijama verde apenas. reparou que sua convidada bela adormecida tinha acordado e olhou para ela abrindo um largo sorriso. e indagou:

- finalmente acordou branca de neve?

- ahn... acho que sim.

a loira dona do apartamento se levantou e abrindo a porta da geladeira lhe ofereceu uma cerveja. "é ótimo para curar a ressaca" disse entre gargalhadas. dulce sorriu e apoiando na parede conseguiu sentar-se na cama. tinha certeza de que boa coisa não tinha feito para estar ali, mas estranhamente se sentia bem, apesar da dor de cabeça latejante e gosto estranho na alma do que aconteceu. a loira se aproximou de novo e lhe entregou um copo d'água com um remédio para dor de cabeça. eram cinco e trinta da manha e lá fora alguma vida começava a pulsar. mas lá dentro de dulce ela sentia que a vida dela tinha parado de pulsar ali.

- então, não vai começar com aquelas perguntas do tipo 'quem sou eu?' 'como eu vim parar aqui?' 'quem é você?' e etc não?

- eu ainda to meio perdida eu acho... - a loira riu.

- entendo. bom, meu nome é thais. acho que vai ser muita informação pra sua cabeça agora, mas você não se lembra de nada do que aconteceu ?

- só me lembro de ter ido a festa e ter começado a beber. depois não lembro de mais nada...

- parece eu olhando para mim há dez anos atrás. incrível.

- mas eu fiz muita merda?

- muita? só o suficiente para ser expulsa da festa. você chegou como a garota mais bonita da festa, a carne nova do pesado. todos te pagavam bebida e você dançava como se não se houvesse amanhã. e direto de expulsavam do banheiro porque estava comendo alguém lá. daí você começou a usar alguma coisa estranha e e começou a chorar. os caras não paravam de chegar em você mas você não queria mais e começava a gritar e estapeá-los. depois disso te expulsaram e tinha um cara te esperando lá fora. vocês discutiram aos berros e você deu um tapa na cara dele. no segundo seguinte ele saiu andando e você caiu na sarjeta em mais choro e começou a vomitar. foi aí que eu te socorri até a minha casa. te dei um banho, você vomitou meu banheiro inteiro e acordou a vizinha mais chata do prédio. te dei meu pijama preferido e você desmaiou falando alguma coisa sobre amar alguém, mas estar fugindo disso como nunca fugiu de nada na vida, e adormeceu feito um anjo caído. e agora estamos aqui. fim.

dulce olhava fixamente o copo e as coisas que thais falava passavam como um filme mal rodado em sua cabeça. havia um nó em sua garganta que a fazia suspirar vez ou outra em busca de ar. finalmente se recostou na parede e deu um longo suspiro. quebrando o silêncio entre o final do relato e seus pensamentos confusos.

- o que eu faço da vida agora?

- você não tem casa? pai? mãe?

- eu fugi de casa pra ir naquela festa - disse com um sorriso irônico de quem tinha acabado de se enterrar viva.

- é garota, você está perdida. sabe, talvez você possa ficar aqui um dia ou dois, até por as idéias no lugar. depois disso tente voltar pra casa dos seus pais e vá atrás daquele garoto que você deu o tapa. ele sim te ama de verdade, as pessoas daquela festa não. agora eu vou caminhar, volte a dormir até essa dor passar ok?

thais foi dizendo isso e deitando dulce na cama novamente e a cobrindo como se fosse uma filha. deu-lhe um beijo na testa e desejou bons sonhos. dulce agradeceu e sorriu. a cama de thais era quente e aconchegante e principalmente segura. não queria sair dalí nunca mais. thais ascendeu um cigarro quando estava saindo e antes de fechar a porta olhou fixamente para aquela garota deitada alí em sua cama. era como se olhasse para si mesma há 10 anos atrás. suspirou, pegou um papel com um endereço rabiscado escrito 'thomas'. sorriu um sorriso sincero, grande. fechou a porta, ainda sorrindo bastante. e saiu.

domingo, 10 de outubro de 2010

Se você estivesse aqui para escrever essa canção.

Eu invento tantas histórias. Crio tantos mundos, tantas situações e personagens. Mas não consigo criar um evento onde a gente fique junto. Como naquela madrugada, agente estava junto, mas não. Aquela nossa música, aquele nosso céu. Aqueles nossos amigos, e todas aquelas cicatrizes. A bebida barata e gosto amargo do seu cigarro, e seu mundo de onde eu já estava mais do que vacinado. Nem aquele letra que representa aquele momento, nem os fragmentos de memórias em risadas que um dia me fizeram mal. Eu não consigo mais olhar nos seus olhos por mais que de tempos em tempos os seus procurem os meus. Eu cansei de ascender o trago do estrago que te faz tão bem. Eu queria paz, e nem a tempestade da cor dos seus olhos castanhos me tiraria naquele momento. Eu sinto muito mas você não mora mais aqui.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

sobre os haicais jogados alí

as vezes eu me pego rezando pra você ligar.
as vezes você liga e eu nem atendo.
as vezes todos os meus discos só fazem lembrar você.
as vezes eu não os entendendo.
as vezes eu queria fechar os olhos e te beijar.
mas acabo que só lamento.
porque se um dia você me deixar.
não vai existir remendo,
que vá juntar de novo,
o que eu pretendo não unir.
não vai existir remendo
pra curar o sofrimento
e todo esse tormento
de você existir.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

quatro

ouve esse silêncio. durante tanto tempo foi tudo que eu sempre quis. eu tenho um quarto escuro como proteção. e imagens que eu não sei de onde vem, contando o que eu ainda não vi. e eu deixei tudo pra trás com uma facilidade tamanha. acho que chamamos isso de paz. eu acho que chamamos isso de experiência. ou cicatrizes. ou como você queira chamar. em um sábado a tarde a campainha toca. era o carteiro. sem me preocupar com a samba-canção surrada, levanto com a barba por fazer, o cabelo desgrenhado, as olheiras e a camisa velha (ou a velha camisa) com o renato russo estampado. eram as contas do mês. afinal, meu endereço elas sabem de cor. e alguém também deve saber. talvez resolva aparecer. ouve esse silêncio. houve? e o carteiro pergunta. e eu respondo:
- eu sinto muito. ela não mora mais aqui.


inc: monno - quem sabe
zander - polvora
legião urbana - acrilic on canvas

sábado, 7 de agosto de 2010

prólogo

Após longos beijos e abraços de ódio e amor, tomaram o rumo do carro dela. Ela dirigia sem olhar muito pra ele, e ele se agarrava a mochila como se houvesse algo precioso lá, e a encarava com o canto do olho.
- Então, como está São Paulo?
- Ah, o mesmo caos de sempre. Mas você deveria ir pra lá...
- Você sabe que odeio aquela cidade tanto quanto você.
- Mas ela seria menos chata se você estivesse lá...
- E sua mãe? Deveríamos aproveitar que você está de férias e visita-la...
- É, eu conversei com minha irmã. Podemos ir pra lá semana que vem...
- Eu não sei porque insisto nisso! Eu vou visitar a tua mãe enquanto você desaparece e se aproveita nos braços daquelas vagabundas de São Paulo! Que ódio
- Já ouviu aquela teoria de que todo cachorro sem dono sonha em ter um lugar pra voltar?
- Não começa...
- Sério, se você fosse comigo eu não teria porque sumir mais...
- Você sabe que não duro em São Paulo 3 dias...
- Podíamos mudar pra Santos!
- Santos?
- Sim, Santos. Conseguiríamos um apartamento fácil lá com nossos amigos. Dinheiro não é problema, e lá não é tão irritante quanto São Paulo, nem tão pequeno quanto Gramado, e fica perto da minha vida...
- Porque você faz isso comigo?
- Porque se um dia eu pensei em ter um dono, esse dono seria você.
- Mas porque isso agora?
- Porque eu cansei de fingir que você está lá pra eu ficar feliz. Daí quando eu acordo e percebo que não é você e que foi tudo uma ilusão da minha cabeça, minha vontade é pegar o primeiro avião e vir te ver. E é isso que acontece, eu desisto de ficar longe de você. Eu desisto. E queria que você desistisse também...

domingo, 1 de agosto de 2010

sem necessidade para preocupações

talvez fosse segunda-feira de manhã quando percebi isso. eu sempre percebo as coisas nos piores momentos. naquele café requentado. na tv baixinha jogando o lixo do mundo pelas antenas. no silêncio. nas crianças rindo indo pra escola. nas crianças em si. meus únicos passos certos são quando estou indo trabalhar. meus únicos horários certos são dessa rotina que eu não me lembro de ter sonhado. em toda segunda-feira de manha eu não costumo me lembrar de muita coisa. muito menos de quem eu sou. e o que me tornei. é que só me lembro quando estou nos seus braços. é que só acordo quando vejo seu sorriso. eu tento não explicar. e acho que nem quero entender. você também deveria fazer o mesmo. não que eu não goste, mas é que posso fugir entende? então me aproveita hoje. não me diga palavras bonitas. morra em meus braços, mas respire outros ares. lembre-se que hoje eu sou seu, amanha eu sou do mundo. escreva meu nome na areia e deixa o mar apagar, e leva-lo dalí. não escreva meu nome no cimento, é muito mais difícil de apagar. e dolorido também. eu só quero evitar. mas não quero evitar você. então eu ascendo um cigarro tentando te afastar, mas você já aprendeu a contemplar a fumaça brincando com a luz. então eu tento não falar, e fingir que não é comigo, mas acho que minha respiração confusa acusa minha confusão. então eu peço pra você ficar e confundir, eu peço pra você passar aqui depois das seis e me desviar de todo tédio e principio de agonia. eu só peço pra não me deixar fugir, e quem sabe talvez eu esteja cansado de ser quem eu sou. só o tempo vai curar, só o tempo vai dizer, só o tempo vai explicar, o que meu sorriso insiste em esconder e resistir.

sobre a madrugada

- me ensina a ser você?
- o que tem de mais em ser eu?
- eu não sei. só sei que queria causar em você o que você causa em mim.
- mas eu não me apaixonaria por mim...
- agora é tarde...

segunda-feira, 12 de julho de 2010

a bailarina e uns goles a mais

sentada na escada, thais só conseguia chorar. thomas recostado com o ombro esquerdo na parede, nem sentia o terceiro cigarro seguido queimando seus dedos. o moletom azul não era o suficiente para se esquivar do frio que parecia não incomodar as lágrimas de thais. ele já não sabia mais se queria consola-la. nem olhar em sua direção ele conseguia, enquanto ela se engasgava no próprio pranto, da sua própria inconsequência morrendo por dentro, ela só conseguia dizer:
- desculpa.
- exatamente pelo que?
- você sempre está aqui, mesmo não querendo estar. e eu sempre fujo pra não sei aonde...
thaís deu o primeiro meio sorriso em meio a maquiagem borrada. ainda sem desviar o olhar ou sequer mudar de posição, thomas suspirou:
- é que você é meu tipo de garota-problema preferido. sabe, olhos ocres, sem fundo, e um ar de impossível, inalcançável e inatingível que por mais que eu consiga alcançar, eu não consigo.
thais nunca entendeu thomas. e a partir daquele momento ele desistiu de vez. se levantou com movimentos leves, pois a cabeça doía de tanto chorar, recostou seu corpo nas mãos apoiadas na parede e se pôs a observá-lo. ele ainda fitava o chão. ela nunca tinha parado para olha-lo daquele modo. não se sabe se foi aquela música que começou a tocar na festa que ainda acontecia, ou se a madrugada realmente é outro mundo, mas thais percebeu que thomas era seu tipo de garoto-solução preferido. e que por mais que ela fugisse ou tentasse se esquivar, sua ideia de que ainda existia um mundo colorido só existia porque thomas fazia o papel de príncipe encantado que resgata a princesa presa na mina de carvão.

Obs.: adaptado de Duas e Meia e Epílogo, ambas músicas da banda carioca Darvin.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

sobre sonhos

Ato I
- você viu o quanto esse amor é frágil?
- porque isso dói tanto?
- aquela escadaria representa sua própria devoção. a fragilidade, a dor, a impermanência... é seu amor.
- então, qual é a dor do amor?
- qual o propósito de subir essa frágil e incerta escada? a escadaria pode desaparecer sozinha. não há nenhuma prova de que A esteja lá em cima. você pode provar que seu amor não passa de uma mera ilusão?
Y continuou subindo a escadaria de vidro.
- olhe pra você. se afogando em feridas causadas por esse seu "amor".
Y tropeçou em um dos degraus da escadaria. os estilhaços invadiam sua pele relembrando toda a dor que já sentira.
- agora esqueça isso. se você fizer, você vai ser salvo do sofrimento, e irá voltar para seu mundo.
- nunca.
- isso não faz sentido. você está predestinado a perder tudo por uma garota. você desperdiçou seu amor com ela.
- o que eu posso fazer? eu me apaixonei...

Ato II
- me desculpe, esqueça de mim. vá! não se preocupe. se eu sumir, não irei lamentar nada disso. foi só por um momento, mas eu sei o que significa ter você.
- você sabe... o que significa?

Ato III
- é verdade, não há nada no mundo que seja certo. mas, mesmo que seja por um minuto, mesmo que seja um momento passageiro, eu sei que eu a amo.

Obs.: Adaptado do ultimo episódio da série de Anime Video Girl Ai de Masakasu katsura.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

sobre os livros que não lemos

- vou tentar descrever a última vez que nos encontramos. não me pergunte como, mas eu descobri onde era sua faculdade, e o horário que você saía. cheguei com duas horas de antecedência pra não correr o risco de você sair mais cedo. fumei um maço de cigarro nesse meio tempo. ajudei uma velhinha a atravessar a rua e vi um cara tropeçando engraçado no meio fio. fora isso meus olhos só fitavam o céu cinza. então as vinte e duas e vinte a aula acabou. dezenas de meninas parecidas com você passaram por mim. mas só quando meu coração pareceu sair da boca foi que percebi ver você. dois anos depois, algo aqui ainda te reconhecia. você passou alguns centímetros de mim, e levando os óculos com a sobrancelha e sorriu. trocamos algumas palavras formais, daí eu percebi que não sabia o que falar. então veio o silêncio. eu descobri que sabia o que fazer. então não me lembro como te convenci a fugir dalí. era uma segunda-feira. caótica e de provas e reuniões. não sei de onde tirei que você aceitaria esse convite maluco. mas estamos aqui. você está aqui. eu estou em você. e nada mais.

sábado, 19 de junho de 2010

sem necessidade para (re)encontros

Os olhos de Alice saltaram do seu rosto corado e perfeitamente moldado. Cada respiração de Alice fazia Rodrigo se arrepender de ser assim. Mas não havia nada que podia ser feito. Ele nunca deixou que ela ascendesse seus cigarros, nem que dirige seu carro. Muito menos o seu coração. Se perder nela era como estar numa clinica de recuperação e fugir toda noite para usar crack. Não fazia sentido. Nada daquilo fazia sentido. O sol se punha daquele lado da cidade. Estranhamente Alice não quis mais saber de seus motivos, apenas levantou da cadeira e se recostou no parapeito da varanda. Ascendeu mais um cigarro, abriu os braços para trás e soltou rapidamente a fumaça em um sopro só. Sorriu ao ver a fumaça fazer desenhos engraçados com os raios de sol que saíam detrás de uma das árvores da rua. Rodrigo comtemplava aquilo como se fosse morrer amanha. E não parava de sorrir. Se só aquilo fazia ele desistir de quem gostava de ser, imagina se perder em seus braços novamente? Seria a morte e ele queria estar muito vivo. Tinha muito trabalho na segunda-feira. E uma luz menos irradiante adormecia no Rio de Janeiro a espera dele. Pegou um guardanapo e uma caneta com o garçom e anotou o número de seu celular. Deu uma última olhada em Alice que agora se debruçava quieta sobre o parapeito, pensativa, e largou o pedaço de papel em cima da mesa. E com as mãos nos bolsos e sem olhar pra trás, deixou a varanda da cafeteria pela porta esquerda.

terça-feira, 15 de junho de 2010

poeira

ele levanta, e bate uma vontade imensa de se arrumar. arrumar as coisas ao seu redor. nem tomou café. fome. uma parada pela serie na tv que faz sorrir. sorrisos. e agora poeira. de documentos importantes a papeis picados. mais poeira. e tudo parece arrumado. lixo. agora o chão. parece um menino brincando de colorir o piso fosco. e agora a vassoura. ensaia uns acordes na velha madeira enquanto a poeira sobe pelo nariz e ele quase morre de tossir. e se diverti deitando na poltrona até a tosse passar. para e pensa que seria interessante se pudesse fazer o mesmo com as pessoas. reciclagem. mudar todas elas que quer por perto, para que fosse tudo mais fácil, e continuasse com elas por perto sem ter que brigar. ele odiava brigas e discusões. ele odiava que, mesmo as amando, fossem tão diferentes. levanta de novo e começa a arrumar. e sente que a arrumação da vida vai durar e durar.

domingo, 13 de junho de 2010

sem necessidade para thais.

planos, conquistas, caminhos, subversão. ela tentou. pelo menos ela disse que tentou.
sentado no banco daquela praça, toda aquela história do velhinho que olhava fixamente para aquele prédio, todos os dias, passava como um filme na minha cabeça. ainda lembro dele narrando:
- desliguei o telefone e sai correndo. usei todas as minhas economias e peguei um táxi. ascendi um cigarro. apaguei um cigarro. bati cabeça e chutei bancos. "eu não posso". arrependimento. e depois o telefone toca sem parar. ninguém atende do outro lado. engarrafamento. pulo carros, atropelo pessoas. desculpas. tropeço no primeiro degrau. entro e bato a porta do quarto. mas é tarde de mais.
o velhinho se levantou e numa espreguiçada disse:
- vou caminhar um pouco. a vida é curta de mais para histórias.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

sobre quando paula ataca

chovia. fazia frio. ventava. paula se jogava nas escadas e não aguentava mais contar as manchas no teto, enquanto dona carmem se empolgava com seu tricô. não aguentava sua ansiedade naquela pousada, naquela cidade, onde pacato era apelido pra um lugar onde não acontecia absolutamente nada. mas fazer o que, havia dado tudo errado. já estava cansada de chorar e rezar, e fugir era o melhor remédio - sempre foi - e pouco se importava com sua covardia. de tão cansada de nada, resolveu tomar um café na lanchonete próxima. vestiu seu casaco verde, ignorou a chuva fina que caia, e atravessou a rua brincando com as posas d'agua enquanto dona carmem gritava pedindo cuidado com a pneumonia. nem escutou e entrou rodopiando com uma felicidade que ela não entendia de onde vinha. assim como também não entendia como havia chegado ali. muito menos porque dessa vez não sentia vontade de ir embora. foi quando o sino que avisa a entrada de pessoas tocou. foi a primeira vez que ela parou de mexer seu café em cinco minutos.

ele entrou depressa se escondendo da chuva, todo molhado e se recostou na porta. ela deu um sorriso tímido e pensou se as pessoas naquela cidade não conheciam guarda-chuva. ele tentava recuperar o fôlego, e estava quase conseguindo quando viu paula. mas foi em vão porque seu fôlego foi embora novamente. ela foi a sua primeira visão quando entrou na lanchonete. mas ela já havia desviado o olhar. mexia o café mais depressa do que antes e agora lutava contra seu olho para não olhar pro lado. da parte dele, foi preciso que a garçonete implorasse para que ele se sentasse e pedisse algo, ou simplesmente parasse de atrapalhar a passagem das pessoas e molhar o chão. ele se dirigiu ao balcão a uma cadeira de paula e pediu um café duplo bem forte. era inverno. as primeiras palavras de paula fizeram desse um inverno mais bonito e inesquecível. as palavras dele, bem... talvez um inverno mais divertido mas não menos encantador para uma garota que nunca havia sido feliz, presa entre a sorte e o azar, tentando não se atrasar e sorrir. e como ela sorriu...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

sobre sinceridade / sem necessidade para caio f. de abreu

- caio fernando de abreu disse uma vez "quando digo que te amo, estou me amando dentro de ti".
- eu nunca entendi muito bem essa frase...
- é que não faz muito sentido amar alguém além de você mesmo.
- e seu eu fizesse você me amar?
- e quando você deixar de me amar? o que eu faço?
- você vai deixar de se amar por causa disso?
- você não entende.
- é, não entendo mesmo...
- é que eu não sei guardar um pedaço de mim pra amar depois, eu sempre me entrego...
- se você soubesse guardar, eu poderia te amar...
- se você soubesse amar, eu não precisaria guardar!
- então não guarde!
- mas a sua correnteza não tem direção...
- então me dê direção!

Nesse momento os olhos se perderam fixos uns nos outros. não houveram mais palavras. a água fervente para o café evaporou, e o cigarro no sincero queimou até o filtro durante quase todo o dia...

segunda-feira, 31 de maio de 2010

reticências

- então... me fale sobre você...
- ah... me ascende um cigarro... e isso basta.
- você é tão simples assim?
- na verdade...
- sim, eu quero saber a verdade...
- sabe, uma frase pequena, um sorriso de lado. e o silêncio na sala de star... é, talvez esse seja meu mundo. e eu nem quero mudar...
- me abraça forte e dança devagar?

quarta-feira, 26 de maio de 2010

sem necessidade para titulos

quatro e quinze da manhã. josh olhava fixamente o teto enquanto rebeca suspirava em seu peito. a fumaça do cigarro fazia desenhos bucólicos ao colidir com a pouca luz tímida e azul que vinha do poste e invadia o quarto escuro. desde a uma da manhã, os olhos de josh só desviavam do teto para olhar o telefone mudo sobre o criado mudo. e que continuava mudo esperando clarice ligar fazia um ano apenas.

sábado, 22 de maio de 2010

nós

- quem é você? porque parou pra me ouvir? agora que a saudade me deixou tão bem, e a bebida já não faz mas tanto estrago assim...
- e eu que não sou dependende de ninguém? nem da minha própria confusão, que eu criei pra me afastar.
- estando cercado, preso entre nós, do que devo me lembrar?
- desculpe, mas eu ainda não aprendi a te decifrar.

- então respire, e beba mais um copo d'água com bastante gelo, e continue a sorrir, como se não houvesse mais ressaca.
- ou como se ninguém mais precisase preocupar.

- eu que não me vejo agora. tão distante do que sou. me procuro há algumas horas. sem ter hora pra voltar.
- eu te procuro há algumas horas, será que é tarde pra voltar?

- me espere no primeiro taxi, para abrir a porta. eu não trouxe malas só alguns pedaços de papel, que eu escrevi algo borrado, pra mudar.

- eu que não vejo agora tão distante do que sou, te procuro há algumas horas. sem ter hora pra voltar.
- me procuro há algumas horas. será que é tarde pra voltar?
- eu não quero mais voltar.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

sem necessidade para heróis

descanse agora
se vale a pena o que passou
e não tenta mudar
o que não foi feito pra entender
descanse agora
eu não quero mais lutar
contra o que eu já nem sei
eu juro nunca mais voar
outra vez

descanse agora
se sabe bem o que ganhou
porque não quer mais ganhar
o que não foi feito pra perder?
descanse agora
nem as estrelas querem mais brilhar
mas por tudo que fez
quem sabe um dia ainda podemos voar
outra vez

terça-feira, 18 de maio de 2010

epilogo

estamos vivendo um escândalo de sutilezas. uma forma geométrica amorosa não identificada. um duelo de egos e de sentimentos tão confusos quanto o próprio corpo humano. tudo isso por sermos tão jovens. e acabamos por morrer pela boca. seja pela boca de outra pessoa, em beijos ansiosos por todo amor que houver nessa vida, seja pela nossa própria boca, pronunciando palavras que jamais deveriam ser ouvidas por ouvidos alheios. o que acontece, é que infelizmente parece que seremos jovens para sempre nessa terra de ninguém.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

efemêra

quanta pena sinto de vocês, pobres solitários orgulhosos, cheios de si mesmos, afogados nas próprias desculpas pra disfarçar a procura incessante pelo amor que não sabem mais viver. erguem fortalezas de plástico e castelos de areia, pra esconder corpo e alma tão frágeis, e juram pra si mesmo ter construído algo forte aí dentro. incapazes de usar o passado como uma ponte pro futuro, são meras crianças com medo do escuro. julgam amantes de inventar passados e se remeteram ao tão fiel amor, e se esquecem da dádiva de se dividir em alguém. e se esse alguém um dia for embora e levar sua metade? pra quem tem o dom de amar, se reencontrar em outra metade talvez não seja tão ruim assim. a vida não é feita de uma história só. nascemos para viver várias, mesmo que doídas, nos fazem estar vivos. afinal, qual é o sentido de fugir de você mesmo preso em outro alguém? qual é o sentido em negar felicidade mesmo que efêmera? a efemeridade dos sentimentos consiste em ele renascer. tolos, procuram viver uma vida só de sorrisos, evitando ser machucados por outras pessoas. mas não percebem que machucam a si mesmo, sentindo prazer e luxuria quando a lua aparece, e sentindo solidão e angustia quando ela vai embora. se esquecem que as luzes artificiais se apagam, e a luz do sol pode cegar os olhos de manha. e de manha só sobra a ressaca moral, de estar mentindo pra si mesmo. é pelo simples prazer que me dá estar dentro de seu corpo uma vez ou outra, sentir que quanto mais forte a armadura, mais fraco é o que ele esconde. tenta mentir que suas palavras de 'eu te adoro' nunca chegariam a um 'eu te amo' porque continua a se iludir que é da boca pra fora. mas sabe que tudo que queria era dizer a verdade, e acaba dizendo, entre mentiras sinceras e beijos que não conseguem esconder o coração que grita alí dentro por carinho. a única coisa que espero abrindo minha porta e ringindo acreditar em todas as mentiras ditas, é que você realmente acredite que me deixou sem saída, para que quando eu encontra-la, você possa aprender o quanto é pior enganar a si mesmo e acreditar que só se vive uma vez.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

redenção

e eu não vou passar daqui

você é como um anjo caído
seu sorriso ilumina minha escuridão
seu cabelo brilha ao sol
sua voz é um ultraje aos deuses
você é tão jovem e vigoroso
desafiando a vida com seus excessos e inconsequência
e me encontra sempre as onze
quando a noite começa
e é aí que minha sanidade termina

mas eu não vou passar daqui

todo sonho que você me dá
toda a carência que você dizima
toda respiração onde me falta ar
todo pelo que em mim arrepia
sinto que te amo mais do que a mim
sinto que de mim tu foges mais do que imagino
mas porque sempre volta?

sabe que não posso passar daqui

seguro meu coração na ponta dos dedos
que teima em correr pro seu peito
eu nego de pé junto
e de joelhos separados
parece loucura mas
pare de roubar meu melhor sorriso
pare de ascender o meu mais belo olhar
não quero fugir de mim
não quero me abrigar em você
não quero morar no teu ciúme
não quero me esconder no meu orgulho
não quero me encontrar nos teus versos

mas quero fugir de você

embora saiba que vai estar em todo lugar
nego o que meus olhos não veem
renego tudo que teimo em sentir
até a próxima onze
quando eu já não vou estar mais aqui
porque quando te vejo
costumo não me lembrar quem escreveu
essa carta pra você.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

interjeição

eu sei,
que pareço um de seus personagens
dos ramances de verão que você escreveu
pra passar o tempo entre uma derrocata e outra
no entanto
eu não tenho jeito pra super herói
nem me pareço com seu príncipe encatado
se não consigo salvar a mim mesmo
quem dirá te protejer de algo

porém

quem sabe um dia desses
a gente não se encontra por aí
e nos salvamos de nós mesmos
pelo menos por um instante

segunda-feira, 10 de maio de 2010

sem necessidade para (des) apego

as vezes eu quero deixar você ir embora. talvez pra sempre. e não mais ouvir sua voz doce me dizendo coisas tão malucas. nem fitar os seus olhos. nem pega-los me olhando de uma maneira tão vazia. nem ler seus versos que já não são mais meus. pra não sentir que o tempo passou. e eu já nem seja mais tão importante assim. substituição. eu não teria mais com o que me preocupar.

mas

as vezes, como hoje, eu não queria que você tivesse mais que ir. e eu queria te abraçar. e desafiar os deuses pra que você estivesse sempre aqui. e ouvir sua voz doce cantando só pra mim os seus versos que eu musiquei. e olhar todos os dias seus olhos que já nem me lembro mais. e me sentir grande em teus abraços. pra eu sentir que o tempo aqui não passa. só hoje eu me toquei que só se passaram um mês. pra mim pareceu dois anos. ou mais. lá fora chove. e aqui dentro também. e sem pressa eu limpo os estragos que a tempestade da cor dos teus olhos castanhos causou.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

sem necessidade para empolgação

ultimamente, tenho preferido ficar de pé, a cair nos teus braços. apesar de toda lembrança boa que tenho de quando me entregava, e de saber de tudo que ainda poderia sentir. eu prefiro me manter de pé.


antigamente, quando nos encontrávamos as seis, eu fechava bem forte meus dois olhos, e você segurava meus dedos com sua mão pequena, e eu sentia seu cabelo macio afagar meu peito de leve. acho que meu coração acelerado devia machucar seus ouvidos. hoje, apenas um deles está fechado, sonhando com tudo isso. o outro está bem aberto, procurando a tempestade que chega da cor dos teus olhos castanhos. de um lado a realidade. do outro o sonho. quem é que dura mais?

quinta-feira, 6 de maio de 2010

sem necessidade para hoolywood

eu ando por aí, divertindo gente e chorando ao telefone. atravesso os sinais vermelhos, com as mãos nos bolsos, apertando meio maço de hollywood azul amassado no bolso esquerdo, e um telefone que nunca toca no direito. e fones de ouvido no volume máximo, com toda trilha sonora do meu passado, e guardando algumas coisas pro futuro. sempre houve algo de podre no reino da babilônia tanta genialidade afogada em copos de uísque barato. sorrisos amarelos pregados nas paredes. se meu eu de dez anos atrás viajasse ao futuro, ele me diria: - não era isso que você sempre quis? um amor a cada estação pra viver, escrever, recordar, e grava-los na carne como se fossem tatuagem? excessos. os holofotes em você. barulho. o peso de uma vida em branco e preto. se isso foi tudo que você sempre quis, porque diabos fugir? - talvez porque a babilônia não me encante mais. a noite aqui, tudo brilha. mas de manha não tem o sol pra transformar a dor em manha. não há manha. literalmente. o barulho das gargalhadas, dos sonhos. dos planos e de todo amor que aqui fora transformado em pesadelo. mas sempre quando eu volto aqui, é uma cidade tão linda. as ruas respiram histórias pra contar. mas esse cheiro de sonho falido no ar, me faz querer voltar atrás. talvez eu não queira mais um amor a cada estação. talvez eu queira viver um único amor em todas as estações. e recomeça-lo em todas elas. e me apaixonar todo dia pela mesma pessoa. sem ter medo ou hesitação. talvez eu não queira tanto barulho assim. só o suficiente pra lembrarem de mim. menos holofotes, e mais luzes fracas vindo de janelas pequenas. canções bonitas que durem um minuto, e que só interesse a uma única pessoa. poucos amigos que preencherão espaços de milhões de pessoas. e, mas talvez eu volte a babilônia um dia. vá também, mas não se esqueça do caminho de volta. ou ela pode nunca acabar.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

sem necessidade para nataly

descabelado, barbudo. quase uma criança de vinte anos. e mesmo assim, tu gostou de mim.

palhaço preso ao passado. incapaz de te enxergar alí. e mesmo assim, tu gostou de mim.

desafinado, mas de bom coração. sorriso idiota. galanteador barato, mesmo sendo sincero. de apaixonamento fácil e coração mole. mesmo assim, tu gostou de mim.

irritada, confusa. bipolar. platônica. palhaça presa ao passado. mesmo assim, foi capaz de me enxergar alí. fraca e com o coração partido, amargurada sem encontrar seu coração. mesmo assim, e mesmo assim, tu gostou de mim.

tem medo. pavor até. tem algo que não se pode explicar. algo que enterrou, e quis esquecer. e mesmo assim, tu gostou de mim.

veio. sonhou. acordou. foi embora sem saber porque. culpou o coração. eu me culpei. mesmo não sendo capaz, eu gostei de ti.

tu sorriu seu sorriso mais belo. eu sorri meu sorriso mais sincero. tu chorou, eu olhei querendo chorar também. eu cantei, tu escutou. eu morri em seus braços. mesmo assim, tu morreu também. e mesmo tendo acordado sem saber porque, eu gosto de ti.

eu gostei de ti. eu ainda gosto. ou não mais. eu não sei. tu gostou de mim. eu gostei de ti. eu vou gostar de ti um dia. tudo gostou de mim um dia.

tu gosta de mim

eu gosto de ti

tu gostou de mim

eu gostei de ti

tu gostou

eu gostei

tu

e eu

aqui.

e somente aqui.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

sobre novo geneses

Parecia que não ia dar em nada outra vez. Que era só morrer, nada demais... Não acreditava no que meus olhos podiam ver, mas que se dane, agora que tudo chegou ao fim. E eu não sei como reagir a falta que me faz, ter no que me preocupar. Eu não sei mais o que pensar, Nem mesmo sei pra onde ir. Não vejo mais seus olhos, que já no me lembro mais...

Não existem mais perigos, derrotas ou emoções, e nem preciso mais saber se eu conseguirei dar conta de todas as obrigações. Pena que quem já se foi não possa mais voltar. E nem mesmo eu possa fazer com que tudo mude outra vez, segredos não existem mais. Ninguém vai se sacrificar, e nem se você chorar, sei que verei emoção nos seus olhos pelo menos uma vez...

Mas se um dia uma nova chance aparecer diante dos seus olhos, eu aqui vou estar,vou te esperar. Será que vamos conseguir de novo?

por bill lima.

sábado, 1 de maio de 2010

sobre impetuosidade

- eu não vou brigar. eu não quero brigar!
mesmo com tanta coisa pra dizer. algumas coisas pra explicar. talvez ela entenda
- não, ela não vai entender.
- nem você entende.
ele parou por um momento
- claro que entendo!
- não, você não entende. você não está no lugar dela.
ele parou por mais um momento.
- mas as coisas podiam ser diferentes se tentasse.
- e o mundo podia ser diferente se as pessoas não fossem pessoas.
ele deu de ombros.
- e você podia ser mais bonito.
- ah, se fode.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

sobre passado, presente e futuro

ele voltou a cidade depois de quase dois anos. tudo estava no mesmo lugar, mas o menino não era mais tão menino assim. ele tinha conquistado o mundo como havia de ser. sua banda fazia sucesso e era considerado um dos melhores compositores da nova geração. suas crônicas eram lidas por centenas de pessoas e um livro já começava a ser revisado em uma editora. sua produtora rendia lucros e suas histórias movimentavam sonhos por aí. fugiu há dois anos atrás no melhor estilo serena van der woodsen, por motivos diferentes claro, mas deixou tudo pra trás da mesma forma. e voltou da mesma forma com tudo no lugar onde havia deixado. hoje, apesar de ser uma personalidade do mundo musical/editorial, mesmo com todo sorriso, empolgação e realização, agora era um homem só. e não por falta de oportunidades, tinha se tornado um homem belo e interessante. era por escolha mesmo. - mas que escolha hein?! - pensava ele andando pelos ruas da sua adolescência, quando se lembrou o porque da escolha. e ela estava parada ali, na sua frente, e se chama cloe. foi impressionante a rapidez com que seu coração vestiu sua armadura, conseguindo manter a conversa como se fossem ótimos amigos, e nada mais.
- tenho ouvido falar muito de você! conseguiu ser famoso hein?
- ah, nem tanto. ouvi dizer que você se casou? - essa pergunta foi uma faca no baço.
- sim, mas acho que estou me separando. sabe, eu e allan, somos bem... - desastrosos juntos? - diferentes um do outro.
- eu sei, vocês são assim desde os dezessete anos. já se vão quase dez anos e nada mudou. - disse sorrindo, um sorriso que se pudesse poderia sangrar seu lábio e deslocar sua mandíbula ele continuou:
- bom, eu tenho que ir e...
- o que você esta fazendo na cidade?
- ah, descansado dessa confusão toda e...
- o que vai fazer amanha a noite?
- bom, na verdade eu nem arrumei lugar pra dormir ainda e...
- se não for tarde para um café... - ela fez uma pausa como se esperar ele responder "eu estarei na sua casa em dez minutos".
- ah, eu te ligo!
- ah, ok!
no próximo minuto, aqui deveria haver um abraço, longo, com corações batendo e memorias boas sobrevoando a cidade. aqui deveria ter uma fuga dos dois agora. amor, álcool, nicotina, risadas, motéis, histórias e deletamento total de todo o passado. mas um minuto de silêncio. e ninguém quis pagar dessa vez pra ninguém sorrir. no dia seguinte ele voltou para a capital.

terça-feira, 27 de abril de 2010

sobre perdição

quando earl saiu por aquela porta, pensou em mil coisas pra dizer, mas como dizer? - olha, estou te deixando porque tenho medo de te machucar um dia, então estou fazendo isso agora antes que você suicide. - era assim desde os dezessete anos, quando terminou com sua primeira namorada, karla. hoje, aos vinte e cinco, é um rapaz bonito e atraente. apesar de todas as mulheres fiarem aos seus pés, ele sempre preferiu seus romances sinceros. o melhor no poker, e vive feliz com uma moça em seu apartamento. mas é sempre a mesma coisa, tão igual nesses oito anos. sempre que tem alguém, em um apartamento legal e uma vida confortável, ele encontra os amigos, com uma garrafa de jack e maços de cigarro. faz bastante frio essa época do ano. ele poderia voltar pro seu apartamento aconchegante com sua namorada. podiam fazer sexo a noite inteira e depois tomar choconhaque e ficarem bêbados juntos e rir até o dia amanhecer. mas no caminho tudo muda. ele bagunça o cabelo, da um trago no cigarro e toma uma dose de tequila. as mesas de carteado estão cheias. ele se vai mais uma vez, sem olhar pra trás, acordar em um quarto de hotel desconhecido. e sozinho.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

sobre a carta emcima da mesa - song to say goodbye

quando você ler essa carta eu já vou estar na rota 86, indo não sei bem pra onde, indo não sei bem o porque. na minha mala não tem roupas ou objetos pessoais. deixei tudo no meu armário velho. talvez sejam as únicas coisas que vão me esperar voltar. comigo levei seu sorriso, e todas as palavras que me fizeram feliz por um tempo. o contorno delicado da sua orelha, e seus olhos punjentes. seus dedos pequenos que brincavam de me desenhar. e seu suspiro logo depois. o barulho da sua risada e da sua displicencia. mas eu deixei por ai o pedaço do meu coração que tem o seu nome. meu melhor sorriso. meus dedos longos que brincavam de te desenhar, que de tanto brincar acabei decorando, e desenhei nas paredes. e se precisar de mim, vou estar naquela velha canção que eu fiz pra você. no café forte de manhã, e no estrago que te faz tão bem. mas a gente sempre acaba por seguir o coração. é quase um kamikaze eu sei. um carro bomba prestes a explodir chamado passado, que bem, não sou mágico pra fazer sumir, no final das contas. quando você ler essa carta, eu vou estar sorrindo. reaprenda a sorrir também. reencontre valor naquilo que te fortalece, e ache a felicidade em simplismente ser você. eu aprendi a caminhar sozinho, não é tão difícil quanto parece, nunca é tão triste quanto possa ser ou imaginar. nunca vou encontrar motivos o suficiente pra isso, e sempre vou me julgar fraco e incapaz por te deixar pra trás, mas ai, não fala isso por favor. Deus sabe o que eu fiz foi pra te proteger, do perigo maior que é você. eu quero ver você maior, pra que minha vida siga adiante, e possa te encontrar de novo. meus textos-sonhos não vão te deprimir pelo passado, mas vão te alegrar pelo futuro. e o passado é apenas o futuro com as luzes acessas. eu esqueci a luz acessa, e algum sinal, de que irei voltar. e por tudo que vez, eu juro um dia ainda vou voar, outra vez.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

sobre isso ser tão você

ela dançando, invadiu meu peito escasso. me acenda mais um trago, do estrago que te faz tão bem, e deixa a insensatez te guiar. então senta, pede um café, diz o que quiser, espera o sol baixar, vai esfriar. no penúltimo vagão, o silêncio nos consome. se não tem o que fazer, traga algo pra beber, é melhor eu esperar. mas o que fazer, se sempre que você olha pra mim, sinto no meu rosto um beijo, mesma quando tenta evitar? é que foi a primeira vez em meses, que fez um dia bom. depois que estive por ai, sentindo o vento agredir suave o rosto, e o gosto da partida em cada porto, abraçando gente estranha no escuro. me empreste alguns dias? saudade é a mão que assume o leme. e eu já não sei onde é que tudo isso vai parar no verão dos nossos dias. é que tudo que você fala faz sentido, quando tira o vestido. só não me peça pra esquecer, quando amanhecer. se quiser ir embora, não vou te segurar, nem queimar seu coração. mas você sabe, sempre soube, onde é que tudo isso vai parar.

terça-feira, 16 de março de 2010

sobre ontem, hoje e amanhã

não é que eu não dê valor na vida, ao contrario. justamente por saber que a vida é efémera, eu a vivo intensamente. não me importo de ficar surdo por ouvir no último volume as músicas que me fazem arrepiar. não me importo de ficar pobre vivendo meu sonho.não me importo de morrer de amor mais uma vez e todos os dias da minha vida. por isso continuo jogando nicotina no pulmão, álcool no fígado, fumaça na mente, cafeína no cérebro, andando de madrugada. dormindo o quanto der entre isso tudo e enfrentando meus medos. eu tenho medo de ficar sozinho as vezes. eu tenho medo da minha irmã não dar valor de verdade na vida. eu tenho medo do meu irmão não me reconhecer, tenho medo da minha avó morrer, de ser atropelado, do céu cair na minha cabeça, de morrer de calor, e de um dia não conseguir escrever mais. tenho um certo medo dos meus sonhos que são incontroláveis as vezes, e acredite isso é perigoso. eu tenho um certo medo de me perder em olhares e de não conseguir mais soltar de abraços, embora já tenha voltado de muitos nesses tempos. e apesar disso tudo, eu continuo não tendo medo.

segunda-feira, 15 de março de 2010

sobre todas as coisas que eu não sei explicar

sabe quando você tem o nada, daí você consegue quase tudo que você sempre quis na vida e se sente tão feliz. quando você chega nessa fase da vida, você tem dois caminhos (não que a vida te dê opções de escolha, mas vamos supor): ou você continua nessa maré de sorte e consegue tudo que você sempre quis (ou pensou querer), ou você volta a ter o nada.
- e como eu faço pra não ter o nada novamente? não gosto dele.
- na verdade eu também não sei, mas afim de descobrir.
- me ensina?
- vem comigo?
- porque não?

quinta-feira, 11 de março de 2010

sobre o tempo

- me faz um favor? não me olha assim!
- porque não?
(porque toda vez que voce me olha eu perco dois segundos do ar, eu não sinto meus joelhos e todos os pelos do meu corpo arrepiam. qualquer meia palavra sua é capaz de me levar pra cama).
- porque o que aconteceu é passado. eu não posso mais.
- porque não? não poder não é não querer.
( porque eu sou uma idiota, nunca fui capaz de te esquecer. mesmo estando feliz com outra pessoa, eu não consigo. então eu fujo)
- tchau. eu não tenho mais 17 anos.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Primeiro post, segundo passo. O que é tudo pra você?

nascido rodrigo nunes vieira, em belo horizonte, escrevo desde que me entendo por gente. movido por não sei o que, aprendi a compor aos dezessete. tenho a estranha mania de não começar as frases dos meus textos com letras maiusculas e só escrever numerais por extenso. resolvi fazer esse blog porque não consigo ficar de boca fechada, a verdade é essa. se não guardava meus textos na gaveta e nunca mais os veria. sou vocalista da movie e trabalho em um trabalho chato durante a semana pra sustentar meu sonho.o que é tudo pra você? é a pergunta que não quer calar desde meados de 2008. já escutei as mais variadas respostas. o real em degradet é algo como a verdade em decadencia a mentira (ou fantasia, como preferir).sou movido a cafeína, nicotina e música. adoro comer porcarias e adoro frio e cinema e namoro e amizades e a danielle no msn mas de preferiencia pessoalmente.odeio quase tudo nos seres humanos em geral mas aprendi a fingir pra viver. não que isso seja algo do qual eu me gabe, mas, se não pode com eles, junte-se a eles.