segunda-feira, 12 de julho de 2010

a bailarina e uns goles a mais

sentada na escada, thais só conseguia chorar. thomas recostado com o ombro esquerdo na parede, nem sentia o terceiro cigarro seguido queimando seus dedos. o moletom azul não era o suficiente para se esquivar do frio que parecia não incomodar as lágrimas de thais. ele já não sabia mais se queria consola-la. nem olhar em sua direção ele conseguia, enquanto ela se engasgava no próprio pranto, da sua própria inconsequência morrendo por dentro, ela só conseguia dizer:
- desculpa.
- exatamente pelo que?
- você sempre está aqui, mesmo não querendo estar. e eu sempre fujo pra não sei aonde...
thaís deu o primeiro meio sorriso em meio a maquiagem borrada. ainda sem desviar o olhar ou sequer mudar de posição, thomas suspirou:
- é que você é meu tipo de garota-problema preferido. sabe, olhos ocres, sem fundo, e um ar de impossível, inalcançável e inatingível que por mais que eu consiga alcançar, eu não consigo.
thais nunca entendeu thomas. e a partir daquele momento ele desistiu de vez. se levantou com movimentos leves, pois a cabeça doía de tanto chorar, recostou seu corpo nas mãos apoiadas na parede e se pôs a observá-lo. ele ainda fitava o chão. ela nunca tinha parado para olha-lo daquele modo. não se sabe se foi aquela música que começou a tocar na festa que ainda acontecia, ou se a madrugada realmente é outro mundo, mas thais percebeu que thomas era seu tipo de garoto-solução preferido. e que por mais que ela fugisse ou tentasse se esquivar, sua ideia de que ainda existia um mundo colorido só existia porque thomas fazia o papel de príncipe encantado que resgata a princesa presa na mina de carvão.

Obs.: adaptado de Duas e Meia e Epílogo, ambas músicas da banda carioca Darvin.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

sobre sonhos

Ato I
- você viu o quanto esse amor é frágil?
- porque isso dói tanto?
- aquela escadaria representa sua própria devoção. a fragilidade, a dor, a impermanência... é seu amor.
- então, qual é a dor do amor?
- qual o propósito de subir essa frágil e incerta escada? a escadaria pode desaparecer sozinha. não há nenhuma prova de que A esteja lá em cima. você pode provar que seu amor não passa de uma mera ilusão?
Y continuou subindo a escadaria de vidro.
- olhe pra você. se afogando em feridas causadas por esse seu "amor".
Y tropeçou em um dos degraus da escadaria. os estilhaços invadiam sua pele relembrando toda a dor que já sentira.
- agora esqueça isso. se você fizer, você vai ser salvo do sofrimento, e irá voltar para seu mundo.
- nunca.
- isso não faz sentido. você está predestinado a perder tudo por uma garota. você desperdiçou seu amor com ela.
- o que eu posso fazer? eu me apaixonei...

Ato II
- me desculpe, esqueça de mim. vá! não se preocupe. se eu sumir, não irei lamentar nada disso. foi só por um momento, mas eu sei o que significa ter você.
- você sabe... o que significa?

Ato III
- é verdade, não há nada no mundo que seja certo. mas, mesmo que seja por um minuto, mesmo que seja um momento passageiro, eu sei que eu a amo.

Obs.: Adaptado do ultimo episódio da série de Anime Video Girl Ai de Masakasu katsura.