segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

susto II

eu não tinha reparado, amanhã já é vinte e sete de dezembro
- aquele quadro na parede esquerda da sala...
eu não vou fazer a barba hoje. deixa pra amanhã
- esses dias de ano novo vão demorar a passar.

susto

você senta na frente da tv, trocando de canal insistentemente. mesmo com mais de cinquenta canais, é difícil achar um que prenda sua atenção. porém, com muito custo, você descobre um programa bobo que te faz parar de pensar no mundo e relaxar. você passa uma hora interdito até que o sinal da tv a cabo cai, e você entra em desespero. bate na tv, xinga palavrões, quer ligar pra deus e mundo e não sabe o que fazer. Mas aí, sentado no sofá, bufando de raiva, você olha pra estante e vê um livro. folheando esse livro, você percebe que tudo aquilo foi só um susto, logo vai passar. as coisas estão no mesmo lugar que antes, e com calma tudo vai mudar.

era o que o livro me dizia naquele momento.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

subúrbio

aquele dia, andando, você disse que jamais sobreviveriamos àquilo
eu quis fugir
você sempre pareceu tão certo
sobre toda essa guerra que estariamos lutando
mas aquela altura já estavamos entendiados de ver os carros passarem
crianças querem tanto crescer
e hoje eu exclamo, ah meu deus, que tolice
mas meus sonhos ainda estão correndo lá fora
embora tudo que já significou um dia
não signife nada
então você pode entender porque quero tudo tão cedo?
quero correr enquanto há por onde caminhar
ver toda a beleza que puder
antes que todo o estrago seja feito
mas ainda estamos esperando
aonde quer que esteja
porque hoje já passou
vamos sair da aslfalto quente
e respirar lá fora

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

o acaso do erro

eu estou perdido por esses dias. acordei na terça pensando ser quarta. levantei doente jurando estar bem. sinceramente nem me lembro da segunda-feira. dia feio, tempo esquisito. quando eu pensava ter arrumado tudo, quarto, vida, emprego, eu viro as costas e esta tudo bagunçado de novo. eu queria poder culpar alguém pela bagunça, mas já sou grandinho de mais pra não assumir meus proprios erros e acertos. sou sempre o primeiro jogar tudo pro alto e ver o que acontece.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

sobre thais e um provável ponto final


uma semana depois, pode se ouvir o barulho da chave girando o segredo
- então, eu voltei por falta de opção.
os olhos de thomas ficaram bravos como se matassem thais por dentro. ela largava a mochila, o casaco e o guarda-chuva molhados no hall de entrada do apartamento como sempre.
- então sua festa acaba, e quando não tem mais ninguém, você volta?
- não é bem assim...
- então como é? me explica porque eu não sei mais.
thais respirou fundo e se dirigiu a janela da sala, evitando olhar thomas e suas feições de que tinha tanto medo.
- é que a gente nunca sabe quando vai ser feliz de verdade de novo. a gente nunca sabe onde vai parar. eu andei, andei, dei voltas e mais voltas e percebi que sem querer rodeava você. estava sempre perto de alguma coisa que me parava. eu pensava que gostava de não saber, agora eu estou cansada de procurar. quer ficar comigo pelo tempo que tiver que ser?

sábado, 17 de dezembro de 2011

relógio

porque sempre disfarço dentro da cabeça
mas quando chega hora tudo vai ao chão
as mãos ficam geladas embora não pareça
os pés no chão, já não existem mais
porque eu sempre faço algo que te enlouqueça
e mesmo que errado tudo vai mudar
parece sempre certo me manter distante
mas os pés no chão, já não existem mais

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

sobre thais e a chuva de estrelas

milhares de luzes invadiram a cidade e thais vagava perdida pela praça central. a bebida destilada deixava seu rosto corado e as coisas mais engraçadas do que de costume. a medida que andava e se afastava da multidão de estranhos, thais percebia nitidamente a luz indo embora, como tudo em sua vida ia. andou mais um pouco olhando os carros indo e vindo e pessoas sempre com seus problemas e o universo preso ao umbigo. não pensava nada de mais, só em descansar e em todos os diálogos que a levaram a estar vagando sem sentido mais uma vez nessa cidade sem ninguém. sem perceber, as luzes voltaram. não eram luzes artificiais da cidade grande. brilhavam mais, ofuscavam menos. sorriam mais. muito mais. no meio de todo barulho e luzes explodindo, depois de toda a chuva e todo caos, thais encontrou um lugar onde pudesse recomeçar. mesmo que recomeçar significasse apenas respirar bem forte e ouvir somente a música que fissesse tudo fazer sentido outra vez.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

sobrea a calmaria que precede a tempestade

procurando sombra pra fugir do sol
procurando marquise pra fugir da chuva
procurando água pra fugir do calor
procurando uma maneira de não ser mais sua

toda essa procura é vã

enquanto o outono não chegar
enquanto não parar de chover
enquanto você não me deixar
pelo tempo que tiver que ser

sábado, 10 de dezembro de 2011

despejo

eu passo tão rápido que quase não da mais pra notar. eu não tenho gostado de barulho ultimamente. e nessa época do ano quando chove então, só um guindaste pra me tirar de casa. eu me recolho ao meus papeis, aos meus bocejos, a minha preguiça e as minhas desilusões. eu arranho o violão, finjo que estou limpando a casa, rio de qualquer bobagem na tv e durmo. durmo e continuo dormindo sem entender. sonho sem entender porque. faço drama sem entender o porque e parece tão idiota depois. me escondo num copo de cerveja esperando a vida deixar tudo bem pra não ter que explodir e jogar a cerveja pro alto e gritar para o inferno com suas voltas, suas intrigas, suas imposições. cada vez mais respirando devagar. cada vez fugindo mais das luzes que eram tão minha casa naquelas noites sem fim. eu não te reconheço mais, cidade sem ninguém.

reticencias

Quando a gente tenta o tanto o faz
e morde a lingua sem saber porque.
Quando a gente pede pra parar
e procura pelos cantos mesmo sabendo que não esta lá.
Quando a gente tenta o esquecer
e o resto do mundo esta lá pra te lembrar.
Quando a gente perde o sentido
e percebe que ele não faz falta alguma.
Quando a gente tenta o não dá mais
e a frase não chega a boca
trava na garganta em feito um nó.
E finalmente
quando a gente tenta o caminhar
ela aparece.
É quando a gente tenta o tentar
De novo e de novo.

domingo, 4 de dezembro de 2011

(permanência) sobre thais e a espera contínua

sábado, 7 e 25. thais já estava de pé na sacada, tentando se aquecer no sol preguiçoso de inverno, ouvindo o trem passar atrás de seu prédio, observando as crianças brincarem na rua tão cedo. era o terceiro apartamento de thais em três meses. tinha escolhido este porque era perto da linha do trem e tinha gostado da vizinhança. mas a verdade era que thais fugia compulsoriamente da vida que levava e que insistia em voltar. quanto mais longe, melhor. tinha se tornado um ser humano viciado em solidão. gostava do conforto e da paz de agora. já não se aventurava mais como antes. era só passado e nada mais. não tinha mais noticia de dulce a um bom tempo e começou a se incomodar. a lembrança da antiga amiga a fez lembrar de thomas e se lembrar também que fugir da vida era fugir de thomas e fugir de thomas era fugir um pouco de si mesma no final das contas. sem perceber, ascendia o segundo cigarro seguido e se pegava romântica imaginando fugir um dia, buscar thomas em algum lugar, fingir que nada aconteceu, de repente ser feliz. mas o cigarro acabou e alguma coisa trouxe a realidade de volta. talvez o desenho antigo que passava na tv baixinha. não era do jeito que ela queria, as coisa são como elas tem que ser. em paz, decidiu continuar distante. sempre olhando pela janela esperando o dia em que já não vai conseguir ficar tão distante assim.