terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

desastre natural

a vida me deixou amargo, como o limão que eu tomei.
sem açucar, sem afeto, com amor tudo é mais caro
ganhar, perder, sorrir, chorar
chegar mais perto, ir mais longe.

a vida me deixou calado, como cinema mudo
tentei explicar o barulho, mas ninguém me ouviu.
como reação em fiquei surdo
sem perceber, tanto pra dentro como pra fora

como um fanático politico
como alguém que vende seu tempo
eu perdi o meu barato
atravessando vias, tentando conter meu corpo em chamas

espalhei minha alma na atmosfera tentando abraçar o mundo de uma vez
e viver como quem puxa o gatilho
quero ter um filho com o nome do meu avó
e o sorriso do meu pai

e a força da mãe, que vai suportar o tanto que carrego do meu pequeno universo
constituído de tudo que vivo como se vivesse todos os sonhos de uma vez
nos três somos o cosmo inteiro dessa vez
vamos brincar amanhã quando parar de chover

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

estiagem

é tudo indeciso, tudo dividido
plano mal acabado, chuva de granizo
quebrou meu teto de vidro, invadiu meus olhos de cera
inundou meu peito de luz e mais

quando tudo escorreu pelas mãos
inclusive o tempo e o martírio
só me sobrou a perdição
do que eu fui, do que eu sou
do que não me lembro de ter sido

ácido derrete na língua
como perfura um prego no dedo
dor de alma não tem mertiolate
azul é a cor do meu desespero

que não cessa com a fumaça do beck
nem com o passar de um ano inteiro
só vai cicatrizando o sorriso
e a carcaça de um velho sem jeito