pode vir buscar, cansei
pode levar tudo aqui
pode dizer o que quiser
eu vou me virar e ir
tem de tudo por todos os lugares
lembranças da cozinha até a varanda
passando pelo corredor
tem fotos no teto
e luminarias no chão
talheres na parede
e pregos pelo coração
não tem ferramentas pra consertar o passado
nem um microondas pra cozinhar o futuro
mas pra onde olhar
vai ver o nosso mundo
que ficou pra tras
então tudo que ficou aqui
leva pra você
pode vir buscar
pois tudo que eu guardei
eu guardo só pra destrair.
terça-feira, 28 de junho de 2011
ar frio
corta, arranha
é superficial
mas sangra
não há nada de novo
é só outro julho qualquer
onde tudo que se quer
fica num esboço
guardado tomando poeira
enquanto eu afogo tudo
em uma xicará de chá
corta, arranha
é superficial de mais
mas reina nesses dias de fel
aonde você vai estar?
é superficial
mas sangra
não há nada de novo
é só outro julho qualquer
onde tudo que se quer
fica num esboço
guardado tomando poeira
enquanto eu afogo tudo
em uma xicará de chá
corta, arranha
é superficial de mais
mas reina nesses dias de fel
aonde você vai estar?
domingo, 26 de junho de 2011
depois
olho tua vida de longe
tão distante
e tão perto das semelhanças
é muito chão
e muita pretensão
de imaginar você aqui um dia
porque imagino não sei
porque te quero menos ainda
é que de longe teu ar pesa a confusão
o tipo de confusão que aprendi a gostar
e a viver
malfadado destino
porque quis assim?
vidas tão iguais
separadas por um mundo sem fim.
sexta-feira, 17 de junho de 2011
sobre thaís e a última noite mal dormida
era inverno, era inferno.
era tia nathalia, era thomas, era dulce em seu país de plástico.
era o trabalho chato, as aulas cansativas, a comida ruim, o cabelo mal cortado, o mundo errado.
era sobre festas estranhas, gente esquisita, megalomania, pretensão de mais, melancolia de mais.
era o tênis furado, o café atrasado, o mundo errado mais uma vez.
era sobre o tempo passando devagar de mais.
era sobre o sorriso que vinha de menos.
era sobre a falta que não fazia mais.
era sobre o cimento.
na verdade não era nada de mais, era só o onibus que demorava a passar.
thaís escrevia tudo no ar gelado, e rabiscava o caderno com algo incompreensível.
cansada de esperar, o cigarro acabou.
o caderno também.
e se pôs a andar nessa cidade sem ninguém.
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