terça-feira, 26 de novembro de 2013

os três acordes de evelyn e adam grey

a noite eu troco de canal
como se eu visse algo que eu
não tenha visto outra vez
o cansaço me disfarça o tédio

durmo e quando eu durmo mal
é como se eu pudesse escolher
sonhar ou não
a poeira já me cobre o terno

e nada disso eu vejo passar
o relógio me ultrapassa assim
e tudo isso eu sei que é normal
encontro o que me importa

de manhã assisto o jornal
o mundo explode na minha cara de
quem não sabe muito o que fazer
o sol vem acordar meu prédio

saio e é tudo tão igual
a cidade me rejeita como febre
atirar ou não
eu não posso estar falando sério

e tudo isso tem que acabar
algum carro me atropela enfim
jogo tudo isso inteiro pro ar
não há nada aqui que importa

mas hoje já são quase seis
e eu me sinto tão bem
mas hoje eu sei é minha vez
e eu já me sinto tão bem
mas hoje eu sei que eu não sei
e vai ficar tudo bem

mas hoje eu minto sem porque
e já passaram das seis

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

a poeira dos outros

todas as inquietações da alma
nuas e expostas ao vento
tatuadas em papel a4
penduradas por barbantes
perduradas em nós
nuas tomam banho de sol
a espera da chuva
junto com os prédios
as árvores e toda essa gente
essa gente toda

a poeira dos outros
escondida em baixo dos tapetes
envolto por móveis
escondido por tijolos
colocados a mil
aos milhões de tijolos

a poeira dos outros
espalhadas pelas empregadas
no ponto de ônibus
nuas se despem em palavras
como quem diz
essa gente é gente também
apesar do que tem
apesar do que não tem

a poeira dos outros nunca convém