domingo, 26 de fevereiro de 2012

vacuo

finalmente tempo pra pensar. finalmente silêncio. enfim sós. eu deveria estudar, cortar o cabelo, ligar pra alguém. mas me sento na mesa da cozinha soprando um café e discutindo. há gritos e tapas na parede e as almofadas do sofá estão no chão pegando sujeira. o barulho das pernas da cadeira batendo forte no chão e a tv ligada sem sentido algum. argumentos falhos, farpas inevitavelmente sem querer, alguma vontade de chorar. sempre a porta batendo forte atrás de mim e um suspiro forte. me lembro quando esse suspiro era porque estava tudo bem. me lembro de jurar que estava tudo bem. agora mesmo, sozinho aqui, eu poderia jurar que esta tudo bem mas não esta. sempre tem esse silêncio incomodando. sempre tem você lá fora que eu não sei onde esta. sempre tem essa vontade de que você estivesse aqui. essa vontade de que tudo passe logo pra eu te ver sorrir de novo.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

faz parte do meu show II

eu deixo a barba por fazer, perco os tênis, desarrumo o quarto
me acomodo no sofá
eu só acordo depois das duas pra requentar o café de ontem
até já esqueci o caminho da padaria
eu erro o caminho do shoppping
se isso te fizer feliz
eu ligo a tv, corro mais rapido, ando distraído
até começo a fumar mais pra te tragar um pouco menos
não assisto mais filmes tristes
não estou mais pra limpar suas lágrimas quando precisar
me repreendo quando achar que devo
e como sempre estou errado
meu orgulho me engole pra ficar em paz
não te busco mais as nove
não vejo mais seu ônibus passar
minhas economias se foram
minha geladeira esta vazia de bobagens
ria do jeito que achar que deve
não tenho mais paciencia pra esperar qualquer coisa na sala vazia
nao quero você mais perto
evito teu olhar de longe
mesmo com a cara de quem pensa se realmente quer ficar
e eu até parei de dançar aquela música que você gosta

só não volte mais.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

quando o carnaval passar

os dias que precedem o carnaval são assim, chatos, corridos, quentes e vazios. os dias durante o carnaval nunca parecem verdade e é difícil acreditar existir algo além das mascaras e da folia. mas os dias após o carnaval sempre veem, e neles a gente decide o que fazer com o que sobrou de nossas vidas. hoje eu passei na porta do teu trabalho e fiquei parado com o celular na mão por minutos, como se minha vida dependesse daquilo. blasfêmia, eu sei. preferi não incomodar. preferi ir embora como tudo vai. você foi embora como tudo fica.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

as vezes, como sempre II

eu queria que você fosse minha fã, e entendesse tudo que eu queria dizer. queria te encontrar em algum bar e sem querer te flagrar olhando pra mim com vergonha de chegar perto. e claro que eu também estaria receoso. teus olhos castanhos são tão profundos e quem dera eu soubesse dizer tudo que eu escrevo sem gaguejar. eu queria que sem perceber você mudasse meus domingos, meu carnaval, talvez o meu destino só. sem amarras, barco embriagado ao mar. queria que você me fizesse acreditar de novo, e que tudo que eu vivi até hoje foi apenas pra te fazer sorrir. sem desilusões, sem passado, sem futuro. eu queria aprender sobre seu cantor favorito, e te mostrar meus discos do renato. dia após dia, te mostrar que o que você lê de mim não são apenas palavras tentando soar bonitas. é só minha maneira de demonstrar que eu queria que você chegasse mais perto e não saísse mais por um bom tempo. um tempo bom.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

o viajante

eu ando por aí inventando nomes, sendo tudo que eu não sou. descobrindo ruas, praças, cidades, gente tão diferente quanto tudo que eu já vi. o plano era que o por-do-sol nunca fosse o mesmo. e mesmo que fossem dias de chuva, seria sempre diferente. nunca o mesmo lugar, nunca a mesma pessoa. quase nunca as mesmas palavras. mas em alguma dessas ruas, em algum desses poentes, naquela exata chuva, ainda existe um lugar ao qual eu talvez queira voltar um dia. mudar a direção, trocar as estradas, conhecer outro eu, nada foi suficiente para que em algum momento dessa busca sem fim em me lembrasse desse dia azul. foram poucos céus laranjas. foram poucas chuvas finas e quentes. foi apenas um sorriso. e o arco-iris mais bonito que já vi. todo gato de rua quer ter um lugar pra voltar. talvez um dia eu volte para o meu, se o assim o vento me quiser levar.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

caminho

a forma como tudo da errado não é diferente da forma como tudo da certo. eu só percebo quando não da mais pra evitar. eu repasso todas as frases, reviso todas as anotações mentais de cada sorriso, cada franzida de testa, cada dia bom, cada dia ruim. mas é sempre quando não da mais pra evitar. penso saber o que fazer mas dou de cara com o acaso. parece ser melhor assim, eu acho. tento me convencer de que não é tão ruim assim. finjo acreditar nos meus argumentos e que sou velho de mais pra cair no mesmo truque novamente. e quando encho o peito de coragem pra sair de ti, não consigo mais evitar. estou parado na porta da tua casa esperando te ver pra te levar por aí.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Breve

eu que não conheco bem você daqui
faço tanto força para enxergar
no tempo que tu passa eu já nao sei de mim
respira fundo que em breve tudo vai passar
eu não gritei eu sei teu nome
o acaso todo dia vem pra me lembrar
eu não sei teu sobrenome
e pouca importa se um dia tu ira voltar

eu cansei, e não sei falar
passa tão de pressa
e lá não sou mais eu
mas eu sei, não vai adiantar
porque se move assim?

tudo que eu sei
eu sei pra me guardar
de você que esta em mim

olho pro relogio e são quase seis
o mundo não vai parar porque esta aqui
minto cada dia sempre de um vez
usando o artificio que tu usa em mim
vem concreto e indiferença que tu fingi armar
no fundo eu sei sou que estou sempre em você
senão não estaria ai a me olhar
parada ouvindo isso que é sobre você

eu cansei, e não vou voltar
passa tão depressa
e aqui ainda sou eu
mas eu sei, não vai adiantar
porque se move assim?

tudo que eu sei
eu sei pra me guardar
de você que esta em mim
tudo que eu sei
eu sei pra me livrar
de você, que não sai daqui