quinta-feira, 18 de outubro de 2012

afobação

para ler ouvindo: chico buarque - sem você 2

quando procuro um nome na agenda do meu celular com suas iniciais e não vejo seu nome no topo, sinto como se tivesse que lembrar alguma coisa impossível de esquecer, mas eu não lembro. da um branco na cabeça e no coração, e uma pontada de ansiedade na boca do estomago. tento escrever alguma coisa quando vejo uma garota com o mesmo penteado que o seu, que me lembra alguém que não está na minha memória, nem nas minhas fotos mais recentes. entre amigos, quando alguém conta um caso parecido com o que vivemos e eu tento contar a nossa história eu me perco no meio porque não me lembro o final, porque não sei se o começo e o meio realmente aconteceram ou estou apenas inventando pra fingir experiência. mas se parecem com recordações ou algo assim. esses dias até achei um quadro que não me lembro de ter comprado, se quer faço ideia de onde veio. percebe o que esta acontecendo? lembrar e esquecer já se tornou tão banal que mal vejo a diferença entre os dois. nem ao menos sei pra quem estou escrevendo isso tudo. se eu lembrar te conto com calma em uma outra temporada qualquer.

sábado, 13 de outubro de 2012

das palavras que eu mais gosto

de todos os sentidos do corpo humano
os que eu mais gosto de sentir é o que eu sinto com os pés
os pés na parede fria, no chão gelado,
no asfalto quente. na terra fofa,
na areira seca, no mar incerto.
o chute na bola, a força no pedal,
o impulso pra correr, o salto mortal.

falo como se eu não gostasse dos dedos,
dos cachos do cabelo,
do bico do seio,
das cordas de violão,
dos anseios.

tem meus olhos que já não enxergam tão bem
mas ainda vejo sorridente
o mar transparente
o céu azul
a serra verde
o meu amor que reluz

vez ou outra meu nariz coça
não sinto o cheiro de nada
mas o perfume da moça
o suor do trabalho
a bonina nascendo
e o café fresquinho
eu sinto o cheiro de cor

mordo a língua pra falar de receio
quando sinto em outra língua que o amor já veio
eu falo de menos e sinto o recheio do doce ao amargo
que a vida me traz

das palavras que eu mais gosto
na vida com certeza á vida que me satisfaz
não falo das (palavras) que eu menos gosto
pois neste momento de vida que passa poesia
palavras que não traduzem minha alegria
eu não quero ouvir falar mais

domingo, 7 de outubro de 2012

redemoinho (ou porque eu fui embora)

ouça: vanguart - das lagrimas

eu poderia usar qualquer desculpa esfarrapada pra você não me odiar, e tentar te explicar porque eu não estava do seu lado quando acordou. seria bem mais fácil porque a verdade é difícil e complicada, tão absurda que não consigo acha-la, quanto mais escrever e explicar para que você não se sinta mal lendo isso. então saiba que tudo que você ler daqui pra frente é pura mentira pra te confortar e me ausentar da culpa pelo seus próximos dias ruins. eu vou me sentir melhor assim, e se você acreditar também será melhor pra você e todo mundo sai menos triste, porque a última verdade que escrevo aqui é que eu não vou estar completamente feliz sem você do meu lado.
então por onde começo? ah, justamente por essa parte, a parte que você de alguma maneira me fez precisar de você pra sorrir com força a ponto de machucar meu maxilar e me deixar vendida e de joelhos. de onde você tirou essa ideia de me fazer te amar? eu não nasci pra isso, quanto mais pra saber lidar com essa vontade de não ir embora. essa fase de me acomodar até com seus defeitos em detrimento de tudo que eu sonhei para meu príncipe encantado. e você esta longe de ser meu príncipe encantado porque você se quer veste calças aos domingos. você me vê nervosa da mesa de jantar e vem com esse papo de senta aqui e se aconchega.
você é o único que consegue me parar.
foi a primeira vez que eu dormi até as duas da tarde e não vi o dia passar. acho que o mundo sente falta de mim. eu vou sentir falta de você e dos seus planos absurdos que pareciam até fazer sentido quando você me contava com a empolgação de uma criança na mesa do bar. e o tempo todo eu só queria entender seu tempo e a maneira como você me faz feliz sem perceber. em algum lugar lá fora eu vou parar e perceber a grande burrada que eu fiz a qualquer momento, então eu vou rezar todos os dias para que você ainda seja meu em alguma parte da sua vida, assim como eu fui sua e nunca consegui dizer. meus olhos sempre disseram por mim e como eu desejo que você tenha ouvido quando eu gritei naquele silêncio que só você sabe fazer antes me beijar e tirar a minha roupa.
pode parecer tudo bobo e sem sentido agora mas quando você olhar pra fora da sua janela você vai entender. mas caso contrario vou estar deitada no sofá vendo tv se você precisar.

com amor, v