segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

susto II

eu não tinha reparado, amanhã já é vinte e sete de dezembro
- aquele quadro na parede esquerda da sala...
eu não vou fazer a barba hoje. deixa pra amanhã
- esses dias de ano novo vão demorar a passar.

susto

você senta na frente da tv, trocando de canal insistentemente. mesmo com mais de cinquenta canais, é difícil achar um que prenda sua atenção. porém, com muito custo, você descobre um programa bobo que te faz parar de pensar no mundo e relaxar. você passa uma hora interdito até que o sinal da tv a cabo cai, e você entra em desespero. bate na tv, xinga palavrões, quer ligar pra deus e mundo e não sabe o que fazer. Mas aí, sentado no sofá, bufando de raiva, você olha pra estante e vê um livro. folheando esse livro, você percebe que tudo aquilo foi só um susto, logo vai passar. as coisas estão no mesmo lugar que antes, e com calma tudo vai mudar.

era o que o livro me dizia naquele momento.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

subúrbio

aquele dia, andando, você disse que jamais sobreviveriamos àquilo
eu quis fugir
você sempre pareceu tão certo
sobre toda essa guerra que estariamos lutando
mas aquela altura já estavamos entendiados de ver os carros passarem
crianças querem tanto crescer
e hoje eu exclamo, ah meu deus, que tolice
mas meus sonhos ainda estão correndo lá fora
embora tudo que já significou um dia
não signife nada
então você pode entender porque quero tudo tão cedo?
quero correr enquanto há por onde caminhar
ver toda a beleza que puder
antes que todo o estrago seja feito
mas ainda estamos esperando
aonde quer que esteja
porque hoje já passou
vamos sair da aslfalto quente
e respirar lá fora

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

o acaso do erro

eu estou perdido por esses dias. acordei na terça pensando ser quarta. levantei doente jurando estar bem. sinceramente nem me lembro da segunda-feira. dia feio, tempo esquisito. quando eu pensava ter arrumado tudo, quarto, vida, emprego, eu viro as costas e esta tudo bagunçado de novo. eu queria poder culpar alguém pela bagunça, mas já sou grandinho de mais pra não assumir meus proprios erros e acertos. sou sempre o primeiro jogar tudo pro alto e ver o que acontece.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

sobre thais e um provável ponto final


uma semana depois, pode se ouvir o barulho da chave girando o segredo
- então, eu voltei por falta de opção.
os olhos de thomas ficaram bravos como se matassem thais por dentro. ela largava a mochila, o casaco e o guarda-chuva molhados no hall de entrada do apartamento como sempre.
- então sua festa acaba, e quando não tem mais ninguém, você volta?
- não é bem assim...
- então como é? me explica porque eu não sei mais.
thais respirou fundo e se dirigiu a janela da sala, evitando olhar thomas e suas feições de que tinha tanto medo.
- é que a gente nunca sabe quando vai ser feliz de verdade de novo. a gente nunca sabe onde vai parar. eu andei, andei, dei voltas e mais voltas e percebi que sem querer rodeava você. estava sempre perto de alguma coisa que me parava. eu pensava que gostava de não saber, agora eu estou cansada de procurar. quer ficar comigo pelo tempo que tiver que ser?

sábado, 17 de dezembro de 2011

relógio

porque sempre disfarço dentro da cabeça
mas quando chega hora tudo vai ao chão
as mãos ficam geladas embora não pareça
os pés no chão, já não existem mais
porque eu sempre faço algo que te enlouqueça
e mesmo que errado tudo vai mudar
parece sempre certo me manter distante
mas os pés no chão, já não existem mais

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

sobre thais e a chuva de estrelas

milhares de luzes invadiram a cidade e thais vagava perdida pela praça central. a bebida destilada deixava seu rosto corado e as coisas mais engraçadas do que de costume. a medida que andava e se afastava da multidão de estranhos, thais percebia nitidamente a luz indo embora, como tudo em sua vida ia. andou mais um pouco olhando os carros indo e vindo e pessoas sempre com seus problemas e o universo preso ao umbigo. não pensava nada de mais, só em descansar e em todos os diálogos que a levaram a estar vagando sem sentido mais uma vez nessa cidade sem ninguém. sem perceber, as luzes voltaram. não eram luzes artificiais da cidade grande. brilhavam mais, ofuscavam menos. sorriam mais. muito mais. no meio de todo barulho e luzes explodindo, depois de toda a chuva e todo caos, thais encontrou um lugar onde pudesse recomeçar. mesmo que recomeçar significasse apenas respirar bem forte e ouvir somente a música que fissesse tudo fazer sentido outra vez.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

sobrea a calmaria que precede a tempestade

procurando sombra pra fugir do sol
procurando marquise pra fugir da chuva
procurando água pra fugir do calor
procurando uma maneira de não ser mais sua

toda essa procura é vã

enquanto o outono não chegar
enquanto não parar de chover
enquanto você não me deixar
pelo tempo que tiver que ser

sábado, 10 de dezembro de 2011

despejo

eu passo tão rápido que quase não da mais pra notar. eu não tenho gostado de barulho ultimamente. e nessa época do ano quando chove então, só um guindaste pra me tirar de casa. eu me recolho ao meus papeis, aos meus bocejos, a minha preguiça e as minhas desilusões. eu arranho o violão, finjo que estou limpando a casa, rio de qualquer bobagem na tv e durmo. durmo e continuo dormindo sem entender. sonho sem entender porque. faço drama sem entender o porque e parece tão idiota depois. me escondo num copo de cerveja esperando a vida deixar tudo bem pra não ter que explodir e jogar a cerveja pro alto e gritar para o inferno com suas voltas, suas intrigas, suas imposições. cada vez mais respirando devagar. cada vez fugindo mais das luzes que eram tão minha casa naquelas noites sem fim. eu não te reconheço mais, cidade sem ninguém.

reticencias

Quando a gente tenta o tanto o faz
e morde a lingua sem saber porque.
Quando a gente pede pra parar
e procura pelos cantos mesmo sabendo que não esta lá.
Quando a gente tenta o esquecer
e o resto do mundo esta lá pra te lembrar.
Quando a gente perde o sentido
e percebe que ele não faz falta alguma.
Quando a gente tenta o não dá mais
e a frase não chega a boca
trava na garganta em feito um nó.
E finalmente
quando a gente tenta o caminhar
ela aparece.
É quando a gente tenta o tentar
De novo e de novo.

domingo, 4 de dezembro de 2011

(permanência) sobre thais e a espera contínua

sábado, 7 e 25. thais já estava de pé na sacada, tentando se aquecer no sol preguiçoso de inverno, ouvindo o trem passar atrás de seu prédio, observando as crianças brincarem na rua tão cedo. era o terceiro apartamento de thais em três meses. tinha escolhido este porque era perto da linha do trem e tinha gostado da vizinhança. mas a verdade era que thais fugia compulsoriamente da vida que levava e que insistia em voltar. quanto mais longe, melhor. tinha se tornado um ser humano viciado em solidão. gostava do conforto e da paz de agora. já não se aventurava mais como antes. era só passado e nada mais. não tinha mais noticia de dulce a um bom tempo e começou a se incomodar. a lembrança da antiga amiga a fez lembrar de thomas e se lembrar também que fugir da vida era fugir de thomas e fugir de thomas era fugir um pouco de si mesma no final das contas. sem perceber, ascendia o segundo cigarro seguido e se pegava romântica imaginando fugir um dia, buscar thomas em algum lugar, fingir que nada aconteceu, de repente ser feliz. mas o cigarro acabou e alguma coisa trouxe a realidade de volta. talvez o desenho antigo que passava na tv baixinha. não era do jeito que ela queria, as coisa são como elas tem que ser. em paz, decidiu continuar distante. sempre olhando pela janela esperando o dia em que já não vai conseguir ficar tão distante assim.

domingo, 27 de novembro de 2011

subversão

não cai. não desvia. não vai.
o que pode acontecer se pegar a estrada
num dia de chuva pra lugar nenhum?
o que pode acontecer se errar o caminho?
mas não estamos indo pra lugar nenhum?
o que pode acontecer?
não existe caminho pra errar
não existe tempo pra perder
ficar parado olhando o dia caminhar
esperando o pior acontecer
pra poder começar tudo de novo
até se perder
do jeito que as coisas tem que estar.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

faz parte do meu show

eu faço a barba, limpo o tênis, arrumo o quarto
paro de ser tão acomodado
eu acordo mais cedo pra fazer o seu café
até vou na padaria de pijama buscar algo pra gente comer
e mesmo achando chato eu vou no shopping com você de mão dadas
se isso te fizer feliz
eu desligo a tv, paro de correr tanto, presto mais atenção
até diminuo um pouco o cigarro se for pra te tragar um pouco mais
eu assisto filmes tristes com você
limpo suas lágrimas quando precisar
te repreendo quando achar que devo
e se eu estiver errado
engulo meu orgulho pra ficar em paz
eu te busco as nove
fico até seu ônibus passar
faço até economia pra comprar um carro e te levar pra casa
que seja na minha ou na sua
deixo você encher minha geladeira de bobagens
e rir do jeito que você achar que deve
espero impaciente na sala você se enfeitar toda pra ir alí perto
eu deixo você chegar mais perto
e mesmo envergonhado deixo você me olhar de longe
e fazer cara de quem ta pensando se realmente quer ficar
eu até danço desengonçado aquela música que você gosta de dançar

só não vá embora mais.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

não existe fim

eu me sinto um cão sem dono
buscando um abrigo em algum abraço teu
andando por aí sem nome
tentando te encontrar em algum verso meu
tudo que eu vejo é futuro
se por acaso sonho com você
e já não estamos tão seguros
agora que meu mundo já é um pouco seu
pra você cantar
te dou dois versos
um abraço forte e o que quiser de mim
e pra você ficar
eu tiro o terno
faço mais dois versos e esqueço
que existe fim.

domingo, 13 de novembro de 2011

distante

eu nunca mais vi o dia escurecer
e se o seu trem parasse perto ao meu
seria a hora exata pra dizer
que não deixei a bonina secar.
ainda vê o dia clarear?
se o seu dispertador tocasse o meu
seria a hora exata pra chegar
e segurar tua mão.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

reflexo

parado em frente em lago, sentado na grama verde, era mais fácil respirar do que nas ruas daquela cidade cinza e barulhenta. no meio daquele céu igualmente cinza, feio e carregado, o sol descia ainda fazendo muita força, o que causava ainda muito calor. cerrava os olhos para enxergar as pessoas passando na outra margem, indo e vindo com tanta pressa, ignorando a força de seus passos. era gostoso brincar com os questionamentos banais do tipo 'de onde viemos, para onde vamos' e afins, enquanto arrancava a grama ao meu redor. alguns passarinhos passavam, tão rápidos quantos as pessoas, ignorando a força de suas asas. o mundo era um lugar engraçado de se ver, quando não estávamos correndo para chegar a lugar nenhum. finalmente deitei e contemplei um céu um pouco mais escuro, um tanto longe do sol. era o mesmo céu, em tons diferentes. era a mesma luta, em tons banais. num suspiro, um carro bateu em uma esquina ao longe. me levantei pra ver. pessoas curiosas paravam enquanto os motoristas esbravejavam sem fim. voltei a fitar o reflexo da nossa vida no céu, da mesma forma que olhamos nosso reflexo no lago. um céu cinza, feio, carregado, e agora escuro, esperando as horas passarem para os primeiros reflexos de um dia mais claro chegar amanhã.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

casa nova

perdi os chinelos pretos
os óculos
a palheta vermelha
o caminho
perdi a almofada grande
o show do chico
o relógio do meu avó
o principio
perdi o porto copos
o cinzeiro
as chaves de casa
o meio
perdi a chuva
as horas
os fones de ouvido
o fim

mas lembrei de você
não me pergunte porque.

sábado, 5 de novembro de 2011

sem necessidade para silêncio

eu estou com uma mania de dormir me abraçando. quem sabe assim talvez não passe essa vontade de dormir abraçando você.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

as vezes, como sempre

não solta os dedos
não escorrega a mão
não faz essa cara
não foge
não faz sentido
talvez
não vira a cara
não corre
não é certo
talvez azul
é muito barulho
quando eu só queria ouvir um
me abraça
não solta
não mente
sorri
não vai
eu prometo ficar
não esquece
não me esquece
eu estou aqui.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

sobre thais e o eterno retorno

durante o dia, tudo passou rápido de mais. ela não tinha prestado atenção. agora, as quatro da manhã, percebia que não entendia um terço de toda essa confusão. nunca tinha aprendido a rezar o terço. "que se dane então" bradava ela em meio ao silêncio do momento em que a madrugada virava dia. era estranho o quanto a realidade se confundia agora. talvez tudo fosse a mesma coisa. era só questão de sorrir. fechar os olhos e ligar alguma música bem alta enquanto o mundo derrete lá fora. talvez abrir os braços enquanto o vento trazia algo bom. ou quem sabe deixar ele entrar para um café e dizer: na verdade eu nunca te esqueci, só não soube como amar. começou a rodopiar pelo apartamento e decidiu não precisar de ninguém mais pra te dizer como viver. saiu lá fora e gritou bem alto para a vida ouvir: estou aqui, quero ser feliz. custe o que custar.

sábado, 29 de outubro de 2011

petrichor (drama)

não importa quanto tempo passe
ou se o metrô vai demorar a passar
não importa o quanto você corra
ou se vai chover
não importa se mata, arde ou cura
não importa o tênis úmido, a enxaqueca ou o dever
não importa o verão, o natal, ou os dias que se vão
não importa quantos carros passem
ou se o vento faz barulho lá fora
não importa a multidão, a poeira ou o vendedor ambulante
não importa a tv
ou o radio antigo
não importa os passos, a sacada ou a direção
não importa se é madrugada, dia ou meio dia
tudo passa
e recomeça de novo e de novo sem fim
nesse circulo vicioso chamado vida.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

sobre aquele dia

os fones de ouvido serviam como um escudo contra o resto do mundo
talvez como um escudo até contra meus próprios pensamentos
usava os seus argumentos
suas distrações
seus vicios.
usava você.
mas acima de tudo que eu aprendi a odiar
eu ainda estou preso em você.

domingo, 21 de agosto de 2011

fabula do coração tão grande que não cabia no peito

não me lembro quando comecei a amar. nem se aquilo era mesmo amor. mas aconteceu. saiu um pouco do controle como era de se esperar de uma pessoa que nunca se via em outras. sendo um pouco clichê, o mundo real nunca pareceu um lugar pra mim. o tempo foi passando e as coisas também. e com elas vinham as histórias, mas essas foram ficando. mesmo anos depois. mesmo histórias depois. e quando você assusta elas estão ali, de novo. ai você descobre que ama o passado. descobre que ama o presente. descobre que já a ama o futuro e não consegue escolher se vai, se fica, se deixa, se prende. você simplesmente ama e não consegue fugir, não consegue evitar. consegue rir. rir das situações que isso proporciona. rir de nervoso, de desespero, ou mesmo felicidade por conseguir tanto amor assim. de gente diferente, gente igual, gente que te irrita, gente que te fez feliz e depois de te fez triste, porém mais forte. talvez não vamos a lugar algum. é mais confortável ficar aqui e esperar a próxima historia começar. já ouvi gente me criticando por amar mais de uma pessoa. as vezes até mesmo eu me questiono se pelo fato de não ser direcionado a só uma pessoa isso seja de fato amor. pode ser mera simpatia ou apego. pode ser só idiota mesmo por não deixar tudo pra trás e olhar só pra frente. mas é que coisas assim não se tem toda hora, não se conquista da noite pro dia. então eu guardo, ali no guarda roupa mesmo pra sempre lembrar do bom e velho gosto de romance antigo. amor de mais, há coração de mais pra ser tão egoísta assim. há um sentimento tão grande que mesmo um ededron pequeno sobra muita espaço sem alguém aqui do lado.

sábado, 20 de agosto de 2011

café amargo

tudo estranho as nove, faz calor de mais para um sábado de manhã. a gente não consegue acompanhar tudo que se move daqui. dorme com frio, acorda com calor, dormimos juntos, acordamos com a dor de estarmos separados assim. fazia muito barulho, e de repente um silêncio mais alto e vital, que se aprendêssemos a escutar, não seria tão mal guarda-lo pra si. a gente aprende perdendo, se levanta apanhando, se constrói arrependendo e se mata guardando o que não deveria no fim. então façamos assim, eu pego o ônibus das três pra bem longe de ti, chego as 6 e esqueço de mim por ai pra você vir buscar um dia talvez.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

dom quixote e sancho pança

passaram-se os anos, os meses, os dias
cinco carnavais, feriados e sextas feiras
passou a chuva, o frio, o vento
os eventos, os costumes e as modas
os cortes de cabelo, as barbas por fazer e as namoradas
os amores não correspondidos, os mal resolvidos e os de agora
passaram-se as casas, as varandas e os cigarros
as brigas, as conquistas e os pesadelos
os amigos, os inimigos e os fins
e outro fim, o outono e outro fevereiro
mas não passou você

obrigado por estar aqui.
parabéns parabéns pra você
alegria compartilhada
sem fim.

texto especial em comemoração ao aniversário de Joaquim, melhor amigo, irmão, braço direito, um dos melhores escritores que tive o prazer de conhecer, guitarrista da minha banda com quem tenho o prazer de dividir os vocais, atacante do meu time e modelo e atriz nas horas vagas.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

nunca

nós nunca imaginamos começar ali
perdidos
mas era o que tinha que ser

nós nunca planejamos os sorrisos
perdidos
mas era o feliz, que culpa a gente tem de ser?

nós nunca imaginamos chegar tão longe
perdidos
mas em nós do que em você

nos nunca imaginamos se acabar assim
perdidos
como tudo haveria de ser

nós nunca planejamos estar nesse desastre
perdidos
onde o melhor que faço é ir.

como sempre deveria ser.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

louvre

você já sabe bem dançar
você já sabe bem o que eu não sei
você se vira como deve ser
você é tudo que eu deixei

você já sabe bem brincar
com bolinhas de sabão
você já sabe caminhar
sem segurar a minha mão

você já sabe bem amar
só não sabe mais a quem
você já sabe o que é ganhar
e sobretudo sabe me perder

você é tudo que eu não sei

sexta-feira, 15 de julho de 2011

eu, feito pra acabar, tchau

eu, acho tão estranho te escrever
acho tão estranho não pensar
em você
eu, acho tão estranho não mentir
acho tão estranho chegar aqui
mas vou dizer
é melhor você ir
e quando sair
não bata a porta
leve o jornal, pro porteiro ler
e diga a ele foi mal
mas não quero mais te ver
tchau.

eu, acho tão estranho esse sorrir
acho tão estranho esse existir
sem você
eu, a muito acho tudo ocasional
a muito já não penso tão igual
a você
então é melhor você ir.
e quando sair
não bata a porta
leve o jornal, pro porteiro ler
e diga a ele foi mal
mas não quero mais te ver
tchau.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

canção pra você me abraçar (e não querer soltar mais)

sente, tanta falta quanto eu?
é que o presente, não parece mas doeu
eu tentei não te afastar, eu tentei não mais ligar
entende, eu nunca vou te esquecer

um monte, de muitas contas pra pagar
um mundo, de coisas pra não mais lembrar
eu tentei não me mudar, eu tentei não rabiscar
mas tente, um dia não me esquecer.

eu vou te abraçar.
até você lembrar
de tudo que eu guardei
pra você vir buscar
eu vou te abraçar
até você lembrar
de como é querer
não mais soltar.

terça-feira, 28 de junho de 2011

era azul

pode vir buscar, cansei
pode levar tudo aqui
pode dizer o que quiser
eu vou me virar e ir
tem de tudo por todos os lugares
lembranças da cozinha até a varanda
passando pelo corredor
tem fotos no teto
e luminarias no chão
talheres na parede
e pregos pelo coração
não tem ferramentas pra consertar o passado
nem um microondas pra cozinhar o futuro
mas pra onde olhar
vai ver o nosso mundo
que ficou pra tras
então tudo que ficou aqui
leva pra você
pode vir buscar
pois tudo que eu guardei
eu guardo só pra destrair.

ar frio

corta, arranha
é superficial
mas sangra
não há nada de novo
é só outro julho qualquer
onde tudo que se quer
fica num esboço
guardado tomando poeira
enquanto eu afogo tudo
em uma xicará de chá
corta, arranha
é superficial de mais
mas reina nesses dias de fel
aonde você vai estar?

domingo, 26 de junho de 2011

depois

olho tua vida de longe
tão distante
e tão perto das semelhanças
é muito chão
e muita pretensão
de imaginar você aqui um dia
porque imagino não sei
porque te quero menos ainda
é que de longe teu ar pesa a confusão
o tipo de confusão que aprendi a gostar
e a viver
malfadado destino
porque quis assim?
vidas tão iguais
separadas por um mundo sem fim.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

sobre thaís e a última noite mal dormida

era inverno, era inferno.
era tia nathalia, era thomas, era dulce em seu país de plástico.
era o trabalho chato, as aulas cansativas, a comida ruim, o cabelo mal cortado, o mundo errado.
era sobre festas estranhas, gente esquisita, megalomania, pretensão de mais, melancolia de mais.
era o tênis furado, o café atrasado, o mundo errado mais uma vez.
era sobre o tempo passando devagar de mais.
era sobre o sorriso que vinha de menos.
era sobre a falta que não fazia mais.
era sobre o cimento.
na verdade não era nada de mais, era só o onibus que demorava a passar.
thaís escrevia tudo no ar gelado, e rabiscava o caderno com algo incompreensível.
cansada de esperar, o cigarro acabou.
o caderno também.
e se pôs a andar nessa cidade sem ninguém.

domingo, 29 de maio de 2011

samba da apostasia/vitória sobre o escuro

Apresentação
eu não quero ir embora
eu não quero ficar
eu não vou desistir
muito menos tentar

eu não quero esquecer
também não queria lembrar
a falta que tanto espera
acabou de chegar

I
a arte, de não descruzar os braços
independente da situação
o porta retrato no movel antigo
e você, já não sabe mais
o que guardar pra sempre ou que deixar pra tras
como se fosse fácil
escolher tuas meias todas as manhãs

II
ela não quer, mais respirar lá fora
é grande de mais, é claro de mais
mas já faz tanto tempo
então pra que tanto tormento assim?

III
então me dê sua mão
segura esse refrão
se um dia o mundo for te pertubar
tanto sorriso envão
machuca o coração
se acaso um dia eu for te procurar
se lembre
de você.

domingo, 8 de maio de 2011

sobre o tempo

o seguro morreu de velho
nosso amor está ficando velho
ou sou só eu que estou ficando velho demais?

é que o tempo está passando demais
levando consigo tudo que bem entende
ou sou só eu que estou bebendo demais?

é que eu cansei de brincar de 'deixa estar'
então passa tempo
tempo passa

não vou te rimar com o vento
não sou tão clichê assim
mas é que as vezes
o tempo passa tanto
que vai deixando tudo pra trás.

sobretudo eu.
e você.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

dedos

me diz:
qual é o caminho certo?
onde eu acerto
pra você notar
não se trata de coragem
se trataria se tivesse alguma
se trata de medo
dos seus dedos
que seguram esse cigarro como uma armadura
queria saber
mas deixa estar
ganhei um caneco
com suas iniciais
fiz dele um boneco
onde eu bebo café
cerveja as vezes
quando você esta perto
meu medo se vai
com você, meu medo
medo de não sei o que
talvez de ir embora
de nunca saber
e se tivesse ficado?
e se tivesse te amado?
como nunca te amei.
se eu fosse mais sincero
e soubesse dizer
tudo que eu não sei escrever
faria difereça?
se eu fosse mais sincero
se eu batesse no peito e gritasse
"eu" no coração do mundo
se gritasse "eu" no seu coração
faria diferença pra você?

sexta-feira, 18 de março de 2011

sobre a música ainda sem nome

o que ela tem, que não me deixa entrar?
porque tanto se esconde, esquece meu nome?
o que eu fiz de mal, há não ser te querer pra mim?
foi só um temporal, flores pra ti
que não gosta de flores
eu ouvi você falar
que não quer mais dores
e já não sabe mais se sequer


dançar, aquela canção
sem verso ou refrão
que eu fiz pra te guiar
pro meu coração
sem pressa ou razão
só pra ver você ficar


pede uma água, quem sabe um café
te escrever foi mais fácil
no momento eu me entrego
e disfarço as palavras, mantenho o relato
de que você me faz mais falta do que deve sentir
eu me perdi

de novo e de novo
o mesmo esboço de tudo que você vai falar
de novo e de novo
vem dançar


aquela canção...

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

pontos

eu apaguei seus recados. rasguei nossas fotos. troquei o número do meu celular e mudei de e-mail. mudei o itinerário para não passar mais por aquela escada. troquei de travesseiro, de colchão, de lençol, mudei os moveis de lugar, e se pudesse tinha mudado de casa. encaixotei alguns discos para ficar mais difícil escuta-los, mudei a marca do cigarro e comprei um tênis novo. cortei o cabelo, fiz a barba que você tanto gostava, emagreci. fui rever velhos amigos, visitar parentes, passei três dias fora de casa. aprendi a fazer café, soltei pipa como na infância, assisti mais aos noticiários, fui ao campo de futebol extravasar. sai a noite sem rumo, sozinho, com fome. voltei de manha, sem rumo, sozinho, sem nome. comecei e não terminei três livros, ganhei umas rugas. pensei em reformar a casa. marquei os dias nos calendários, respirei fundo, tomei mais um café. queimei mais um cigarro e desisti. liguei pedindo pra você voltar.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

dejavu

a coisa que eu mais tenho feito desde então é parar pra pensar. certas horas isso se torna um defeito, eu sei, mas é assim que me protejo. a conclusão é sempre óbvia. eu já vi esse filme antes, não há nada de novo no seu 'me evitar', não há nada de novo que você possa me explicar. como esse mundo é engraçado, agora quem foge sou eu. eu não imponho condições pra você voltar. eu não preciso de provas, promessas, ou indulgências. eu só preciso que você esteja aqui as seis, como sempre fez. mas o paradoxo disso tudo, é que pra isso acontecer você precisa deixar de ser tão você as vezes. você é como um filme ruim, que eu já sei fim, e não é nada original.

para ler ouvindo nada original do pato fu.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

sem necessidade para capitulo 2

Nesse momento R se jogou contra A e a abraçou e beijou com tamanha força e paixão que nem se A fizesse todos os esforços que conseguisse conseguiria se soltar. E os míseros cinco segundos de resistência mostraram que ela não queria se soltar. Foi um beijo longo e demorado onde tudo se explicava sem brigas ou pretensões. Logo estavam sobre a cama e mais rápido ainda sob os lençóis, onde se tornavam um só mais uma vez. E depois de cinco anos ainda conheciam cada pedaço do corpo um do outro. R ainda sabia fazer A feliz. A ainda se lembrava como era sorrir daquele jeito sem nenhum esforço. Eles eram um novamente, até o destino, o tempo, e o medo separa-los de novo e de novo e de novo.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

interjeição

ah, se você soubesse
ficaria pro jantar ou iria as seis?
ah, se coubesse tudo que eu pensei dizer.
ah, se eu soubesse como te fazer feliz
ficaria até o amanhecer?
ah, se coubesse um pouco mais de nós
em você.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

sobre agum tempo (perdido) atrás

apague a luz do teu quarto e pegue o telefone
agora vamos alimentar a saudade com vozes
e iludir nossos corações com risadas
você fala tanta coisa sem sentido
mas só tua voz vai me fazer dormir essa noite
a tua risada empolgada de criança mimada
e teus sonhos de adulto que só quer brincar
a distancia me abraça
e a sua distancia me corrói
refaço todos os planos pra te ver
mas vou esconder essas palavras aqui
quem sabe um dia você possa saber.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

fobia

você
diz ser uma mulher feita
mas não passa de uma criança medrosa
com medo do escuro
com medo de se machucar no escuro
de que esse machucado vire dor
que essa dor se transforme em cicatriz
e que essa cicatriz nunca suma.

é tanto medo
que nem meus beijos e abraços no escuro
foram capaz de te dar coragem
eu sei
fui incapaz

amar é como andar de bicicleta
mesmo com o joelho e cutuvelo ralados
e a barriga gelada de nervossismo
a gente sempre tenta de novo e de novo
nada paga aquela sensação de voar
sem as rodinhas laterais para nos amparar
o vento batendo livre no rosto
e o controle suficiente para desviar das pedras no caminho

toda essa sensação de liberdade
vale a pena
pelo menos pra mim









e pra você?

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

sobre a estrada sem asfalto ou cor

então vamos brincar de desistir? já não temos mesmo mais nada a perder. já nos adequamos as mentiras (àquelas que a gente conta pra si mesmo), e o cansaço dessa viajem me impede de querer vencer. é que eu já não quero mais ser um vencedor. ganhar não faz sentido algum quando não se reconhece mais o valor do prêmio. seu bom dia já não passa de boa educação e seu boa noite não me traz sonhos bons. vamos tomar caminhos opostos na próxima bifurcação. quem sabe por caminhos distintos não chegamos no mesmo lugar?

sábado, 29 de janeiro de 2011

sem necessidade para realejo

tudo vai ficar bem. nós vamos ficar bem. e (in)felizmente, tudo vai acontecer como eu planejei. vamos nos afastar até percebermos existir um sem o outro. alguém vai me roubar de você, outro alguém vai te roubar de mim, e vamos jurar de pés juntos que fomos só mais um engano. nada mais que isso, enquanto o resto do mundo sabe o que nascemos pra ser. apenas amigos é como se diz.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

sem necessidade para explicações

- você sabe o que é amor?
- acho que sim. é quando você conhece alguém e sempre que pode quer estar com ela, você está. e sempre da um jeito e inseri-la em seus pensamentos. e se ela diz que gosta de você, você não se cabe de felicidade. e quando vocês fazem sexo, vocês não fazem sexo, vocês fazem amor. e até os gemidos das pessoas soam como música pros seus ouvidos. e você passa a escrever coisas mesmo não sabendo escrever. e quando ela te liga vocês ficam horas no telefone, e quando recebe uma mensagem, aquilo transforma o seu dia. qualquer programa por mais bobo que seja se torna uma viajem a nova york e seu sorriso te machuca te tão grande. suas mãos suam e ela é a pessoa mais bonita do mundo pra você. e você sente coisas que jamais conseguirá explicar.
- nada disso.
- o que é então?
- amor nada mais é que a palavra 'roma' escrita de trás pra frente.

domingo, 9 de janeiro de 2011

sem necessidade para indagações

todo dia, no mesmo ónibus, no mesmo horário, ela subia as escadas. e eu que sou tão distraído comecei a prestar atenção no seu mundo. mesmo de tão longe. os dias que estava feliz. os dias chatos em que ela somente se sentava e fingia estar dormindo. eu ficava imaginando o que acontecia. se ela brigará com o namorado, se tinha namorado. seu sorriso e seu descontentamento eram tão extremos. e quando cruzava seus olhos nos meus, e não retirava mais. talvez eu entrasse no seu mundo um dia. é que ela tinha um ar tão inalcansável, e eu mal sabia respirar. eu gostava do platónico, do intrigante, da imaginação. doía de mais a realidade. até que ela sumiu, e todo dia eu olhava da janela procurando, mas ela não subia mais as escadas, nem se quer olhava pra mim. ouvi comentários que avia sido demitida e agora passava situação difícil. acho que no fundo seu ar era de alguém que buscava felicidade, como quem busca comida. ela está em melhor situação dormindo no chão, por que ela se sente bem quando tudo é dito. você sabe, tudo bem apenas querer mais.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

sobre dottie sozinho

onde foi que eu aprendi a esperar tanto das pessoas? onde foi que eu aprendi a mentir tanto pra mim mesmo? onde foi que você aprendeu a se esconder dessa maneira? onde foi que a gente se perdeu? mais um dia húmido de um verão maluco e um começo de ano estranho. mais um cigarro e menos uma conclusão. mais uma vez sou obrigado a concordar. mas bem diria o sábio "quando você aceita o meio termo você perde". e taí o erro. eu sempre entendo tudo. sempre compreendo. eu não vou fazer promessas de ser melhor dessa vez. não vou me afogar no copo de vodka e prometer nunca mais amar. eu quero essa sensação de novo um dia, mas me sinto tão cansado, entende? as vezes acho que a vontade de deixar o ano passado no passado é maior do que a saudade que sinto de qualquer amor que vivi até agora. a vontade do novo vai tomando as lembranças pouco a pouco. mas se pensas que isso me deixa feliz esta enganada. mas acho que é só melancolia, nada que passos firmes no asfalto indo pra bem longe daqui resolvam.