domingo, 4 de dezembro de 2011
(permanência) sobre thais e a espera contínua
sábado, 7 e 25. thais já estava de pé na sacada, tentando se aquecer no sol preguiçoso de inverno, ouvindo o trem passar atrás de seu prédio, observando as crianças brincarem na rua tão cedo. era o terceiro apartamento de thais em três meses. tinha escolhido este porque era perto da linha do trem e tinha gostado da vizinhança. mas a verdade era que thais fugia compulsoriamente da vida que levava e que insistia em voltar. quanto mais longe, melhor. tinha se tornado um ser humano viciado em solidão. gostava do conforto e da paz de agora. já não se aventurava mais como antes. era só passado e nada mais. não tinha mais noticia de dulce a um bom tempo e começou a se incomodar. a lembrança da antiga amiga a fez lembrar de thomas e se lembrar também que fugir da vida era fugir de thomas e fugir de thomas era fugir um pouco de si mesma no final das contas. sem perceber, ascendia o segundo cigarro seguido e se pegava romântica imaginando fugir um dia, buscar thomas em algum lugar, fingir que nada aconteceu, de repente ser feliz. mas o cigarro acabou e alguma coisa trouxe a realidade de volta. talvez o desenho antigo que passava na tv baixinha. não era do jeito que ela queria, as coisa são como elas tem que ser. em paz, decidiu continuar distante. sempre olhando pela janela esperando o dia em que já não vai conseguir ficar tão distante assim.
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