terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

relâmpago

por menos que eu pensei caí
segui o chão
e eu não reparei
que na cidade haviam
tantos nãos
mais do que eu possa ver
segui um trilho
sem qualquer final
e na cidade á luz de filmes
sem qualquer sinal
e na verdade eu só não sei

me larga
que hoje o céu não vai estar longe daqui

por menos que eu pensei caí
segui o chão
mas hoje eu levantei
e na cidade havia
tanto sol
pra que então correr
se lá no fundo tudo é tao igual
e na cidade á luz de velas
eu sinto o temporal
que na verdade é tudo que eu já sei

me larga
que hoje o céu não vai estar longe daqui
me larga
que o meu lugar já não é mais esse aqui
não me larga
se o seu lugar for tudo que eu tenho nas mãos

o meu coração

domingo, 17 de fevereiro de 2013

terminal ferroviário; estação central

ouça: harmada - avenida dropsie

o calor incomoda, os oculos marcam e a camisa suada já faz parte do corpo. os pés não sustentam os joelhos que não sustentam os quadris que não sustentam o coração. a cabeça em outro lugar que não o chão, os prédios em volta, a vida real. o minerio estilhaça os poros do corpo feito caco de vidro; no ar, como se fosse ar, misturado a fumaça do cigarro da cidade e do trem. trem que não vem, trem que não vai. relogio que anda mas não sai do lugar. tempo que não voa porque a gravidade é maior. em frente aos trilhos, em meio as pessoas, preso na mente, sentado torto. tudo é maior. e o menor resquisio de vontade é ouro. ouro de tolo pra se convencer. mas o trem vem, perco a hora, perco o chão. tomo café no bar.