segunda-feira, 21 de outubro de 2013

refém

o sangue lá dentro sendo roubado por fora
sensação que aflora de eterna euforia
qualquer dia eu explico o espaço entre o céu
e as nuvens rodando sem encontrar o réu
que roubou
e matou
e levou embora maria

ainda sinto a sensação de impotência nas mãos
e a criação de tamanha desesperança
no que quer que poderia ter evitado
e inventado a dor

dor do tamanho dos edifícios
que tampam e nauseiam minha visão
dor que não só dói como bambeia as pernas
e bombeia o sangue de maneira estranha
sem sentido mais
passa o coração vazio e faz um som de eco
que acorda a vizinhança inteira
em um pedido involuntário de socorro
socorre maria de mim
sou pobre de nobre pedaço de alma
e um rim que funciona a benção
de nossa senhora de sabe-se lá o meu fim

domingo, 13 de outubro de 2013

as goteiras do meu prédio

gostei do seu cheiro sem perfume
que tirou o azedume da semana inteira
e deixou em chamas minha respiração
que eu tentei disfarçar contando casos besteiras
sem saber o que dizer pra não pular no teu colo
e logo minha bochecha estava rubra de frio e álcool
combinando com o tom da sua pela morena
e seu jeito de falar sobre a cidade
que eu não conhecia até você mostrar
com sua visão de rapaz alto
a cabeça deve chegar nas nuvens
e que aposto que voa ao me beijar

foi quando de repente seus olhos tropeçaram nos meus
eu os fechei com força sem saber o que pensar
e agora ardia nas faces rosa
e sua mão apertou mais forte meu quadril
que você gentilmente se acachou para eu me encostar

mesmo assim fiquei na ponta dos pés
pra te alcançar e não me perder
eu sempre me perco quando gosto de você
amanheço cantando elis como se ela não tivesse partido assim
sem saber
o que era amor, o que vou fazer

se não me perco te perco
se te perco me perco entre
uma e outra noite que se vai
despercebida
madruga a dentro
dia a fora
vida la fora
que me trai