sentada na escada, thais só conseguia chorar. thomas recostado com o ombro esquerdo na parede, nem sentia o terceiro cigarro seguido queimando seus dedos. o moletom azul não era o suficiente para se esquivar do frio que parecia não incomodar as lágrimas de thais. ele já não sabia mais se queria consola-la. nem olhar em sua direção ele conseguia, enquanto ela se engasgava no próprio pranto, da sua própria inconsequência morrendo por dentro, ela só conseguia dizer:
- desculpa.
- exatamente pelo que?
- você sempre está aqui, mesmo não querendo estar. e eu sempre fujo pra não sei aonde...
thaís deu o primeiro meio sorriso em meio a maquiagem borrada. ainda sem desviar o olhar ou sequer mudar de posição, thomas suspirou:
- é que você é meu tipo de garota-problema preferido. sabe, olhos ocres, sem fundo, e um ar de impossível, inalcançável e inatingível que por mais que eu consiga alcançar, eu não consigo.
thais nunca entendeu thomas. e a partir daquele momento ele desistiu de vez. se levantou com movimentos leves, pois a cabeça doía de tanto chorar, recostou seu corpo nas mãos apoiadas na parede e se pôs a observá-lo. ele ainda fitava o chão. ela nunca tinha parado para olha-lo daquele modo. não se sabe se foi aquela música que começou a tocar na festa que ainda acontecia, ou se a madrugada realmente é outro mundo, mas thais percebeu que thomas era seu tipo de garoto-solução preferido. e que por mais que ela fugisse ou tentasse se esquivar, sua ideia de que ainda existia um mundo colorido só existia porque thomas fazia o papel de príncipe encantado que resgata a princesa presa na mina de carvão.
Obs.: adaptado de Duas e Meia e Epílogo, ambas músicas da banda carioca Darvin.
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