terça-feira, 28 de junho de 2011

ar frio

corta, arranha
é superficial
mas sangra
não há nada de novo
é só outro julho qualquer
onde tudo que se quer
fica num esboço
guardado tomando poeira
enquanto eu afogo tudo
em uma xicará de chá
corta, arranha
é superficial de mais
mas reina nesses dias de fel
aonde você vai estar?

domingo, 26 de junho de 2011

depois

olho tua vida de longe
tão distante
e tão perto das semelhanças
é muito chão
e muita pretensão
de imaginar você aqui um dia
porque imagino não sei
porque te quero menos ainda
é que de longe teu ar pesa a confusão
o tipo de confusão que aprendi a gostar
e a viver
malfadado destino
porque quis assim?
vidas tão iguais
separadas por um mundo sem fim.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

sobre thaís e a última noite mal dormida

era inverno, era inferno.
era tia nathalia, era thomas, era dulce em seu país de plástico.
era o trabalho chato, as aulas cansativas, a comida ruim, o cabelo mal cortado, o mundo errado.
era sobre festas estranhas, gente esquisita, megalomania, pretensão de mais, melancolia de mais.
era o tênis furado, o café atrasado, o mundo errado mais uma vez.
era sobre o tempo passando devagar de mais.
era sobre o sorriso que vinha de menos.
era sobre a falta que não fazia mais.
era sobre o cimento.
na verdade não era nada de mais, era só o onibus que demorava a passar.
thaís escrevia tudo no ar gelado, e rabiscava o caderno com algo incompreensível.
cansada de esperar, o cigarro acabou.
o caderno também.
e se pôs a andar nessa cidade sem ninguém.

domingo, 29 de maio de 2011

samba da apostasia/vitória sobre o escuro

Apresentação
eu não quero ir embora
eu não quero ficar
eu não vou desistir
muito menos tentar

eu não quero esquecer
também não queria lembrar
a falta que tanto espera
acabou de chegar

I
a arte, de não descruzar os braços
independente da situação
o porta retrato no movel antigo
e você, já não sabe mais
o que guardar pra sempre ou que deixar pra tras
como se fosse fácil
escolher tuas meias todas as manhãs

II
ela não quer, mais respirar lá fora
é grande de mais, é claro de mais
mas já faz tanto tempo
então pra que tanto tormento assim?

III
então me dê sua mão
segura esse refrão
se um dia o mundo for te pertubar
tanto sorriso envão
machuca o coração
se acaso um dia eu for te procurar
se lembre
de você.

domingo, 8 de maio de 2011

sobre o tempo

o seguro morreu de velho
nosso amor está ficando velho
ou sou só eu que estou ficando velho demais?

é que o tempo está passando demais
levando consigo tudo que bem entende
ou sou só eu que estou bebendo demais?

é que eu cansei de brincar de 'deixa estar'
então passa tempo
tempo passa

não vou te rimar com o vento
não sou tão clichê assim
mas é que as vezes
o tempo passa tanto
que vai deixando tudo pra trás.

sobretudo eu.
e você.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

dedos

me diz:
qual é o caminho certo?
onde eu acerto
pra você notar
não se trata de coragem
se trataria se tivesse alguma
se trata de medo
dos seus dedos
que seguram esse cigarro como uma armadura
queria saber
mas deixa estar
ganhei um caneco
com suas iniciais
fiz dele um boneco
onde eu bebo café
cerveja as vezes
quando você esta perto
meu medo se vai
com você, meu medo
medo de não sei o que
talvez de ir embora
de nunca saber
e se tivesse ficado?
e se tivesse te amado?
como nunca te amei.
se eu fosse mais sincero
e soubesse dizer
tudo que eu não sei escrever
faria difereça?
se eu fosse mais sincero
se eu batesse no peito e gritasse
"eu" no coração do mundo
se gritasse "eu" no seu coração
faria diferença pra você?

sexta-feira, 18 de março de 2011

sobre a música ainda sem nome

o que ela tem, que não me deixa entrar?
porque tanto se esconde, esquece meu nome?
o que eu fiz de mal, há não ser te querer pra mim?
foi só um temporal, flores pra ti
que não gosta de flores
eu ouvi você falar
que não quer mais dores
e já não sabe mais se sequer


dançar, aquela canção
sem verso ou refrão
que eu fiz pra te guiar
pro meu coração
sem pressa ou razão
só pra ver você ficar


pede uma água, quem sabe um café
te escrever foi mais fácil
no momento eu me entrego
e disfarço as palavras, mantenho o relato
de que você me faz mais falta do que deve sentir
eu me perdi

de novo e de novo
o mesmo esboço de tudo que você vai falar
de novo e de novo
vem dançar


aquela canção...