domingo, 29 de maio de 2011

samba da apostasia/vitória sobre o escuro

Apresentação
eu não quero ir embora
eu não quero ficar
eu não vou desistir
muito menos tentar

eu não quero esquecer
também não queria lembrar
a falta que tanto espera
acabou de chegar

I
a arte, de não descruzar os braços
independente da situação
o porta retrato no movel antigo
e você, já não sabe mais
o que guardar pra sempre ou que deixar pra tras
como se fosse fácil
escolher tuas meias todas as manhãs

II
ela não quer, mais respirar lá fora
é grande de mais, é claro de mais
mas já faz tanto tempo
então pra que tanto tormento assim?

III
então me dê sua mão
segura esse refrão
se um dia o mundo for te pertubar
tanto sorriso envão
machuca o coração
se acaso um dia eu for te procurar
se lembre
de você.

domingo, 8 de maio de 2011

sobre o tempo

o seguro morreu de velho
nosso amor está ficando velho
ou sou só eu que estou ficando velho demais?

é que o tempo está passando demais
levando consigo tudo que bem entende
ou sou só eu que estou bebendo demais?

é que eu cansei de brincar de 'deixa estar'
então passa tempo
tempo passa

não vou te rimar com o vento
não sou tão clichê assim
mas é que as vezes
o tempo passa tanto
que vai deixando tudo pra trás.

sobretudo eu.
e você.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

dedos

me diz:
qual é o caminho certo?
onde eu acerto
pra você notar
não se trata de coragem
se trataria se tivesse alguma
se trata de medo
dos seus dedos
que seguram esse cigarro como uma armadura
queria saber
mas deixa estar
ganhei um caneco
com suas iniciais
fiz dele um boneco
onde eu bebo café
cerveja as vezes
quando você esta perto
meu medo se vai
com você, meu medo
medo de não sei o que
talvez de ir embora
de nunca saber
e se tivesse ficado?
e se tivesse te amado?
como nunca te amei.
se eu fosse mais sincero
e soubesse dizer
tudo que eu não sei escrever
faria difereça?
se eu fosse mais sincero
se eu batesse no peito e gritasse
"eu" no coração do mundo
se gritasse "eu" no seu coração
faria diferença pra você?

sexta-feira, 18 de março de 2011

sobre a música ainda sem nome

o que ela tem, que não me deixa entrar?
porque tanto se esconde, esquece meu nome?
o que eu fiz de mal, há não ser te querer pra mim?
foi só um temporal, flores pra ti
que não gosta de flores
eu ouvi você falar
que não quer mais dores
e já não sabe mais se sequer


dançar, aquela canção
sem verso ou refrão
que eu fiz pra te guiar
pro meu coração
sem pressa ou razão
só pra ver você ficar


pede uma água, quem sabe um café
te escrever foi mais fácil
no momento eu me entrego
e disfarço as palavras, mantenho o relato
de que você me faz mais falta do que deve sentir
eu me perdi

de novo e de novo
o mesmo esboço de tudo que você vai falar
de novo e de novo
vem dançar


aquela canção...

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

pontos

eu apaguei seus recados. rasguei nossas fotos. troquei o número do meu celular e mudei de e-mail. mudei o itinerário para não passar mais por aquela escada. troquei de travesseiro, de colchão, de lençol, mudei os moveis de lugar, e se pudesse tinha mudado de casa. encaixotei alguns discos para ficar mais difícil escuta-los, mudei a marca do cigarro e comprei um tênis novo. cortei o cabelo, fiz a barba que você tanto gostava, emagreci. fui rever velhos amigos, visitar parentes, passei três dias fora de casa. aprendi a fazer café, soltei pipa como na infância, assisti mais aos noticiários, fui ao campo de futebol extravasar. sai a noite sem rumo, sozinho, com fome. voltei de manha, sem rumo, sozinho, sem nome. comecei e não terminei três livros, ganhei umas rugas. pensei em reformar a casa. marquei os dias nos calendários, respirei fundo, tomei mais um café. queimei mais um cigarro e desisti. liguei pedindo pra você voltar.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

dejavu

a coisa que eu mais tenho feito desde então é parar pra pensar. certas horas isso se torna um defeito, eu sei, mas é assim que me protejo. a conclusão é sempre óbvia. eu já vi esse filme antes, não há nada de novo no seu 'me evitar', não há nada de novo que você possa me explicar. como esse mundo é engraçado, agora quem foge sou eu. eu não imponho condições pra você voltar. eu não preciso de provas, promessas, ou indulgências. eu só preciso que você esteja aqui as seis, como sempre fez. mas o paradoxo disso tudo, é que pra isso acontecer você precisa deixar de ser tão você as vezes. você é como um filme ruim, que eu já sei fim, e não é nada original.

para ler ouvindo nada original do pato fu.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

sem necessidade para capitulo 2

Nesse momento R se jogou contra A e a abraçou e beijou com tamanha força e paixão que nem se A fizesse todos os esforços que conseguisse conseguiria se soltar. E os míseros cinco segundos de resistência mostraram que ela não queria se soltar. Foi um beijo longo e demorado onde tudo se explicava sem brigas ou pretensões. Logo estavam sobre a cama e mais rápido ainda sob os lençóis, onde se tornavam um só mais uma vez. E depois de cinco anos ainda conheciam cada pedaço do corpo um do outro. R ainda sabia fazer A feliz. A ainda se lembrava como era sorrir daquele jeito sem nenhum esforço. Eles eram um novamente, até o destino, o tempo, e o medo separa-los de novo e de novo e de novo.