sábado, 7 de agosto de 2010

prólogo

Após longos beijos e abraços de ódio e amor, tomaram o rumo do carro dela. Ela dirigia sem olhar muito pra ele, e ele se agarrava a mochila como se houvesse algo precioso lá, e a encarava com o canto do olho.
- Então, como está São Paulo?
- Ah, o mesmo caos de sempre. Mas você deveria ir pra lá...
- Você sabe que odeio aquela cidade tanto quanto você.
- Mas ela seria menos chata se você estivesse lá...
- E sua mãe? Deveríamos aproveitar que você está de férias e visita-la...
- É, eu conversei com minha irmã. Podemos ir pra lá semana que vem...
- Eu não sei porque insisto nisso! Eu vou visitar a tua mãe enquanto você desaparece e se aproveita nos braços daquelas vagabundas de São Paulo! Que ódio
- Já ouviu aquela teoria de que todo cachorro sem dono sonha em ter um lugar pra voltar?
- Não começa...
- Sério, se você fosse comigo eu não teria porque sumir mais...
- Você sabe que não duro em São Paulo 3 dias...
- Podíamos mudar pra Santos!
- Santos?
- Sim, Santos. Conseguiríamos um apartamento fácil lá com nossos amigos. Dinheiro não é problema, e lá não é tão irritante quanto São Paulo, nem tão pequeno quanto Gramado, e fica perto da minha vida...
- Porque você faz isso comigo?
- Porque se um dia eu pensei em ter um dono, esse dono seria você.
- Mas porque isso agora?
- Porque eu cansei de fingir que você está lá pra eu ficar feliz. Daí quando eu acordo e percebo que não é você e que foi tudo uma ilusão da minha cabeça, minha vontade é pegar o primeiro avião e vir te ver. E é isso que acontece, eu desisto de ficar longe de você. Eu desisto. E queria que você desistisse também...

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