domingo, 27 de novembro de 2011

subversão

não cai. não desvia. não vai.
o que pode acontecer se pegar a estrada
num dia de chuva pra lugar nenhum?
o que pode acontecer se errar o caminho?
mas não estamos indo pra lugar nenhum?
o que pode acontecer?
não existe caminho pra errar
não existe tempo pra perder
ficar parado olhando o dia caminhar
esperando o pior acontecer
pra poder começar tudo de novo
até se perder
do jeito que as coisas tem que estar.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

faz parte do meu show

eu faço a barba, limpo o tênis, arrumo o quarto
paro de ser tão acomodado
eu acordo mais cedo pra fazer o seu café
até vou na padaria de pijama buscar algo pra gente comer
e mesmo achando chato eu vou no shopping com você de mão dadas
se isso te fizer feliz
eu desligo a tv, paro de correr tanto, presto mais atenção
até diminuo um pouco o cigarro se for pra te tragar um pouco mais
eu assisto filmes tristes com você
limpo suas lágrimas quando precisar
te repreendo quando achar que devo
e se eu estiver errado
engulo meu orgulho pra ficar em paz
eu te busco as nove
fico até seu ônibus passar
faço até economia pra comprar um carro e te levar pra casa
que seja na minha ou na sua
deixo você encher minha geladeira de bobagens
e rir do jeito que você achar que deve
espero impaciente na sala você se enfeitar toda pra ir alí perto
eu deixo você chegar mais perto
e mesmo envergonhado deixo você me olhar de longe
e fazer cara de quem ta pensando se realmente quer ficar
eu até danço desengonçado aquela música que você gosta de dançar

só não vá embora mais.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

não existe fim

eu me sinto um cão sem dono
buscando um abrigo em algum abraço teu
andando por aí sem nome
tentando te encontrar em algum verso meu
tudo que eu vejo é futuro
se por acaso sonho com você
e já não estamos tão seguros
agora que meu mundo já é um pouco seu
pra você cantar
te dou dois versos
um abraço forte e o que quiser de mim
e pra você ficar
eu tiro o terno
faço mais dois versos e esqueço
que existe fim.

domingo, 13 de novembro de 2011

distante

eu nunca mais vi o dia escurecer
e se o seu trem parasse perto ao meu
seria a hora exata pra dizer
que não deixei a bonina secar.
ainda vê o dia clarear?
se o seu dispertador tocasse o meu
seria a hora exata pra chegar
e segurar tua mão.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

reflexo

parado em frente em lago, sentado na grama verde, era mais fácil respirar do que nas ruas daquela cidade cinza e barulhenta. no meio daquele céu igualmente cinza, feio e carregado, o sol descia ainda fazendo muita força, o que causava ainda muito calor. cerrava os olhos para enxergar as pessoas passando na outra margem, indo e vindo com tanta pressa, ignorando a força de seus passos. era gostoso brincar com os questionamentos banais do tipo 'de onde viemos, para onde vamos' e afins, enquanto arrancava a grama ao meu redor. alguns passarinhos passavam, tão rápidos quantos as pessoas, ignorando a força de suas asas. o mundo era um lugar engraçado de se ver, quando não estávamos correndo para chegar a lugar nenhum. finalmente deitei e contemplei um céu um pouco mais escuro, um tanto longe do sol. era o mesmo céu, em tons diferentes. era a mesma luta, em tons banais. num suspiro, um carro bateu em uma esquina ao longe. me levantei pra ver. pessoas curiosas paravam enquanto os motoristas esbravejavam sem fim. voltei a fitar o reflexo da nossa vida no céu, da mesma forma que olhamos nosso reflexo no lago. um céu cinza, feio, carregado, e agora escuro, esperando as horas passarem para os primeiros reflexos de um dia mais claro chegar amanhã.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

casa nova

perdi os chinelos pretos
os óculos
a palheta vermelha
o caminho
perdi a almofada grande
o show do chico
o relógio do meu avó
o principio
perdi o porto copos
o cinzeiro
as chaves de casa
o meio
perdi a chuva
as horas
os fones de ouvido
o fim

mas lembrei de você
não me pergunte porque.

sábado, 5 de novembro de 2011

sem necessidade para silêncio

eu estou com uma mania de dormir me abraçando. quem sabe assim talvez não passe essa vontade de dormir abraçando você.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

as vezes, como sempre

não solta os dedos
não escorrega a mão
não faz essa cara
não foge
não faz sentido
talvez
não vira a cara
não corre
não é certo
talvez azul
é muito barulho
quando eu só queria ouvir um
me abraça
não solta
não mente
sorri
não vai
eu prometo ficar
não esquece
não me esquece
eu estou aqui.