quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

sobre o ator que não sabia atuar

começou assim, eu andando imaginando um universo diferente. o estranho da turma conhecido mundialmente por saber sei lá o que. então eu precisava descobrir algo em que eu fosse bom além de vencer partidas de video game e ser o estranho da turma. não me lembro em qual rua estava quando percebi que já estava fazendo uma coisa que pouca gente fazia. imaginar. foi só questão de me perder. foi quando fiz dezoito e percebi que minha imaginação não ia me salvar do mundo real. criar situações era mais fácil do que vive-las. e elas começaram a se tornar reais. mais reais do que aquele menino parado no portão de casa vendo os carros passarem pudesse prever. mas não me lembro em qual dia estava quando resolvi não parar. e veio o amor. e não parou mais. não tinha o mesmo gosto da adolescencia. nem melhor nem pior. e aprendi que amor não se mede, não se rotula, não se muda. e descobri a música. descobri que eu sabia bem mais do que achava que sabia. como das outras vezes, eu não lembro onde eu estava. talvez no sofá marrom eu acho. e foi um efeito dominó. veio a amizade. foi a amizade. ainda é a amizade. veio as madrugadas, do jeito ou mais perfeitas que eu imaginei. veio os beijos, os abraços, os carinhos, as frustrações, as dores, as poucas mas ainda lágrimas. e as confusões. ah, minhas doces e mal fadadas confusões. eu lembro onde eu estava quando percebi o quanto gosto disso. estava parado, olhando a cidade lá de cima, em silêncio, ouvindo meus amigos conversarem e ouvindo The Suburbs do Arcade Fire. me lembrei daquele menino de treze anos doido pra sair da gaiola, que olhava o horizonte pensando aonde aquela rua ia parar. onze anos depois, descobri que ela sempre para comigo sorrindo de uma maneira ou de outra em qualquer lugar que eu nunca vou lembrar. mas vou saber que estive ali sorrindo. sempre.

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