o tempo não passa
a gente passa pelo tempo que tem
pra espreguiçar, pra falar que ama
quando o sorriso estampa o tempo bom
há muito percebi que não sei andar devagar
um passo atropela o outro
e minha cabeça anda no inferno de dias
por isso piso torto, pra fora do chinelo
meu dedo é torto e tropeço no vento
o tempo passa
a gente passa pelo tempo que não tem
pra lamentar, pra falar que odeia
quando o sorriso estampa o tempo ruim
há muito percebi que não sei falar
a língua atropela o pensamento
e minha cabeça anda no inferno de meses
por isso falo pouco, quase monossílaba
meu enrredo é pouco e tropeça no senso
o tempo para
a gente passa pelo tempo que falta
pra ficar, pra falar o que quer
quando o sorriso estampa o tempo da alma
há muito percebi que sei viver
os olhos atropelam a estrada
e minha cabeça anda no inferno de vida
por isso amo tanto, quase que sobra
meu abraço é longo e atravessa contratempo
domingo, 31 de março de 2013
segunda-feira, 25 de março de 2013
foge
no centro da cidade, a tarde
a chuva, a culpa
no centro da idade, alarde
sua bochecha, purpura
cada frase que eu pronuncio soa absusrda nos meus ouvidos
foge enquanto é tempo, enquanto eu não te acho no meu abraço
no centro da chuva, a cidade
a culpa, a tarde
no centro da sua bochecha, meu sorriso purpura
o alarde do meu coração, a idade
cada olhar que eu pronuncio soa o universo nos meus ouvidos
foge enquanto é tempo, enquanto eu não te acho em mim
porque quando eu acho, eu me pergunto o que será dos meus sentidos?
jogo meu peito aberto nessa história sem fim
a chuva, a culpa
no centro da idade, alarde
sua bochecha, purpura
cada frase que eu pronuncio soa absusrda nos meus ouvidos
foge enquanto é tempo, enquanto eu não te acho no meu abraço
no centro da chuva, a cidade
a culpa, a tarde
no centro da sua bochecha, meu sorriso purpura
o alarde do meu coração, a idade
cada olhar que eu pronuncio soa o universo nos meus ouvidos
foge enquanto é tempo, enquanto eu não te acho em mim
porque quando eu acho, eu me pergunto o que será dos meus sentidos?
jogo meu peito aberto nessa história sem fim
domingo, 17 de março de 2013
a fabula do homem de lata
o homem de lata sorrindo
pediu um coração
o homem de lata menino
sempre sonhou em sentir
mas sua boca reta não expressa desejo
não sorri amarelo nem vermelho
seus olhos opacos não marejavam
não cerravam, não fitavam
nem sorriam
o homem de lata sozinho
sem um coração, não sabia sentir
mas sabia que queria sentir
sentia que queria saber do motivo de se ter um coração
o homem de lata perdido
já não tão menino
implorou um coração
jurou aguentar todo o peso
o vazio, a dor, o anuvio
que podia trazer o amor
o ódio, o ganho, a perda
e a alegria e a tristeza
que qualquer vida podia ter
o homem de lata só queria viver
e ganhou um coração
o homem de lata explodindo
saiu a sentir
mas como todo bom menino
o homem de lata sem brio
não sabia brincar
e se perdeu no jardim
o homem de lata ferido
depois de tudo sentido
não queria mais sentir
arrependido, amargurado e falido
queria parar por ali
mas o homem de lata fundido
aprendeu que sorriso não tem volta
e a vida que se escolha não demora
pediu um coração
o homem de lata menino
sempre sonhou em sentir
mas sua boca reta não expressa desejo
não sorri amarelo nem vermelho
seus olhos opacos não marejavam
não cerravam, não fitavam
nem sorriam
o homem de lata sozinho
sem um coração, não sabia sentir
mas sabia que queria sentir
sentia que queria saber do motivo de se ter um coração
o homem de lata perdido
já não tão menino
implorou um coração
jurou aguentar todo o peso
o vazio, a dor, o anuvio
que podia trazer o amor
o ódio, o ganho, a perda
e a alegria e a tristeza
que qualquer vida podia ter
o homem de lata só queria viver
e ganhou um coração
o homem de lata explodindo
saiu a sentir
mas como todo bom menino
o homem de lata sem brio
não sabia brincar
e se perdeu no jardim
o homem de lata ferido
depois de tudo sentido
não queria mais sentir
arrependido, amargurado e falido
queria parar por ali
mas o homem de lata fundido
aprendeu que sorriso não tem volta
e a vida que se escolha não demora
quinta-feira, 7 de março de 2013
nevada
I
é como se a neve caísse de um céu azul, cheio de nuvens em perfeita forma, com o sol robusto de plano de fundo. como se não precisasse de explicação pra cair. as coisas ao seu redor movem independente da sua vontade, e você está na frente de um universo de coisas, fazendo o seu próprio movimento, movendo as coisas que te importam e a vida de quem cruza seu caminho. mas você não controla o semáforo. ninguém controla.
II
ando dividido entre a louça pra lavar e a vontade de sair, entre a conta pra pagar e a vontade de sorrir. ando meio a meio com o sorriso e com a vontade de chorar e observando o caos que existe fora dos meus olhos e a paz que tento colocar dentro do meu coração. se eu fechar os olhos talvez mas ainda ouço as buzinas desenfreadas e o barulho da sociedade ao meu redor precisando dormir e descansar como um anjo descansaria.
mas eu não controlo o asfalto. ninguém controla.
III
eu tenho feito esforço pra falar menos e ouvir mais. observo cada feição dentro do ônibus como uma criança descobrindo o mundo. por efeito de opinião eu só falo pra obter reações porque a vida é chata sem ação e reação. mas quando eu mover minha boca, encostar a caneta no papel, abraçar de verdade com o coração e colocar a respiração em ordem, talvez eu entenda a minha falta de vontade de dizer de tudo que eu ainda não sei. e por ventura eu nem queira saber.
mas nós não nos controlamos. ninguém controla.
é como se a neve caísse de um céu azul, cheio de nuvens em perfeita forma, com o sol robusto de plano de fundo. como se não precisasse de explicação pra cair. as coisas ao seu redor movem independente da sua vontade, e você está na frente de um universo de coisas, fazendo o seu próprio movimento, movendo as coisas que te importam e a vida de quem cruza seu caminho. mas você não controla o semáforo. ninguém controla.
II
ando dividido entre a louça pra lavar e a vontade de sair, entre a conta pra pagar e a vontade de sorrir. ando meio a meio com o sorriso e com a vontade de chorar e observando o caos que existe fora dos meus olhos e a paz que tento colocar dentro do meu coração. se eu fechar os olhos talvez mas ainda ouço as buzinas desenfreadas e o barulho da sociedade ao meu redor precisando dormir e descansar como um anjo descansaria.
mas eu não controlo o asfalto. ninguém controla.
III
eu tenho feito esforço pra falar menos e ouvir mais. observo cada feição dentro do ônibus como uma criança descobrindo o mundo. por efeito de opinião eu só falo pra obter reações porque a vida é chata sem ação e reação. mas quando eu mover minha boca, encostar a caneta no papel, abraçar de verdade com o coração e colocar a respiração em ordem, talvez eu entenda a minha falta de vontade de dizer de tudo que eu ainda não sei. e por ventura eu nem queira saber.
mas nós não nos controlamos. ninguém controla.
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