quinta-feira, 7 de março de 2013

nevada

I
é como se a neve caísse de um céu azul, cheio de nuvens em perfeita forma, com o sol robusto de plano de fundo. como se não precisasse de explicação pra cair. as coisas ao seu redor movem independente da sua vontade, e você está na frente de um universo de coisas, fazendo o seu próprio movimento, movendo as coisas que te importam e a vida de quem cruza seu caminho. mas você não controla o semáforo. ninguém controla.

II
ando dividido entre a louça pra lavar e a vontade de sair, entre a conta pra pagar e a vontade de sorrir. ando meio a meio com o sorriso e com a vontade de chorar e observando o caos que existe fora dos meus olhos e a paz que tento colocar dentro do meu coração. se eu fechar os olhos talvez mas ainda ouço as buzinas desenfreadas e o barulho da sociedade ao meu redor precisando dormir e descansar como um anjo descansaria.
mas eu não controlo o asfalto. ninguém controla.

III
eu tenho feito esforço pra falar menos e ouvir mais. observo cada feição dentro do ônibus como uma criança descobrindo o mundo. por efeito de opinião eu só falo pra obter reações porque a vida é chata sem ação e reação. mas quando eu mover minha boca, encostar a caneta no papel, abraçar de verdade com o coração e colocar a respiração em ordem, talvez eu entenda a minha falta de vontade de dizer de tudo que eu ainda não sei. e por ventura eu nem queira saber.
mas nós não nos controlamos. ninguém controla.

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