segunda-feira, 22 de abril de 2013

três poemas sobra a cidade

para ler ouvindo: rubel - nuvem /quadro verde

poema mudo

mesmo calado
falo pelos cotovelos
(e com os cotovelos)
dobrados em cima da mesa
leio o letreiro que assim como eu não diz nada
mas manda eu ficar em silêncio
e em silêncio eu grito
que eu ficaria em silêncio por mais uma vida
observando o barulho com atenção

poema cego

quado eu pisco os olhos
já estou dentro do ônibus
olhando o cansaço na face
e o vendedor de balas no sinal
as pessoas passam por mim como um sonho
e eu me vendo de memórias
que talvez sejam imaginação
e cego eu tateio tudo a minha volta
pra ter certeza que o céu é azul como me contam

poema surdo

o som que eu ouço da tua boca
me faz enxergar tanta coisa no escuro
quando eu peço silêncio e você fala
coisas que eu não queria prestar atenção
mas guardo tudo no mundo
quando eu peço pra te ouvir e você cala
o mundo que eu guardo com afliação
eu fecharia meus olhos e minha boca
e andaria pela cidade no meio do trânsito
(sem ouvir os carros)
segurando seus dedos
e ouvindo somente sua voz
me levando pra sua casa
me levando por você

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