terça-feira, 16 de julho de 2013

o diário dos novos dias II

I
permanece intacto o pensamento de que a sorte vive em tudo e em tudo de bom dará
tudo vai dar certo o que quer que certo signifique
a deus dará com fé e bom coração
adeus dará a lágrima que desce em vão
a mão que me estende certeira e me levanta do medo
afaga a cabeça e me desce no sono
me faz entender que sorrir não causa nenhum esforço
ilumina o caminho de volta pra casa e guia pra dias melhores

II
o nó na garganta e os trocados suados
café amargo e o jeans surrado
a música na cidade que desvia a atenção dos carros parados
que fazem barulho maior que os sinos nas igrejas
melodia que percorre o corpo e viaja a mente
pra longe do mundo que julga e impõe medo
faz caber no olhar o que não coube no mundo
e nenhum outro mundo entende

III
ouço a conversa da loteria e do risco da morte
e os ventos do norte ainda não movem moinhos
as contas pra pagar e a verdade do universo na fila do banco
o poeta ainda esta vivo e sobrevive com a ajuda de aparelhos
procura emprego porque no berço a fome chora
e sua poesia não é mais uma são três e nada pode esperar
na esperança da boa aventurança
que aprendeu com o próximo que veio antes dele
segue espalhando seus poemas no sinal
e seu grande nome ao vento

IV
no térreo precinto sinais de fumaça sem fogo
a cabeço é um estorvo e dores latentes
entre conversas de presidentes e dores de dente
o prédio em chamar de vidas sem precedentes na história
cada história em balcão de bar e sussurros em festas
cada dialética do mundo animal que come mais do que precisa
enquanto o bando passa fome na esquina
suas fêmeas são doentes e seus filhos estranhos
aos olhos de quem não sabe olhar
o futuro que chora porque sabe que não vai chegar

V
bate ponto na via e assovia na esquina a espera da condução amarela
que leva de volta para o amor
nos braços a marca da amarga viga
que cheira a bolor de dinheiro vencido
jazigos e amigos esperam visita nas camas de hospitais
em suas casa ou no centro da cidade
no meio do acaso do caos
quando o tempo deixa e o destino não leva antes que seja tarde
antes que me falte mais palavras do que vida pra viver
eu nunca vou parar de dizer que foi bom te ver
eu olho muito e guardo pouca coisa
mas me assusto quando lembro detalhes de enfeites
que me fazem acreditar. do nada no meio da tarde
faço alarde pra fazer barulho pra incomodar
e pra recordar ao mundo que eu existo
e um turbilhão invade a minha casa meu ouvido meu ar
eu preciso gritar as vezes
meu coração bate do lado direito do peito
e onde quer que eu invente que ele exista
espero que ele exista nas pessoas que eu amo
e que lhes deixem surdo de boas intenções
que aja sempre comemorações por estarmos vivos
felizes e seguindo nossas próprias direções
e que elas sempre se cruzem por nossas opções
divago ao acaso precisando de um abraço
e de olhar mais pro espaço
o espaço do celular que nunca funciona acabou

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