a cidade acordou com o seu teto de vidro em pedaços no chão
refletindo o sol preguiçoso de começo de inverno
as pessoas comentam qualquer coisa sobre a televisão
como se não tivesse havido inferno
inferno nosso de cada dia,
o inferno de todos os santos
o mar que vem pela avenida
quando viver já não tem mais encanto
quando a voz já não é mais ouvida
e ninguém parece ouvir mais pranto
o grito ecoa pelo silêncio na esquina
enquanto o mundo permanece girando
bem no meio do olho do furacão
coragem bate mais forte do que o sangue lateja
não existe mais pátria nem nação
não é só olho que lacrimeja
é a mãe gentil que não sabe se chora
ou se sorri pelo filho que luta
entre o medo e a esperança que aflora
o dia já não é mais o mesmo nas ruas
lacrimeja*
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