quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

sem necessidade para explicações

- você sabe o que é amor?
- acho que sim. é quando você conhece alguém e sempre que pode quer estar com ela, você está. e sempre da um jeito e inseri-la em seus pensamentos. e se ela diz que gosta de você, você não se cabe de felicidade. e quando vocês fazem sexo, vocês não fazem sexo, vocês fazem amor. e até os gemidos das pessoas soam como música pros seus ouvidos. e você passa a escrever coisas mesmo não sabendo escrever. e quando ela te liga vocês ficam horas no telefone, e quando recebe uma mensagem, aquilo transforma o seu dia. qualquer programa por mais bobo que seja se torna uma viajem a nova york e seu sorriso te machuca te tão grande. suas mãos suam e ela é a pessoa mais bonita do mundo pra você. e você sente coisas que jamais conseguirá explicar.
- nada disso.
- o que é então?
- amor nada mais é que a palavra 'roma' escrita de trás pra frente.

domingo, 9 de janeiro de 2011

sem necessidade para indagações

todo dia, no mesmo ónibus, no mesmo horário, ela subia as escadas. e eu que sou tão distraído comecei a prestar atenção no seu mundo. mesmo de tão longe. os dias que estava feliz. os dias chatos em que ela somente se sentava e fingia estar dormindo. eu ficava imaginando o que acontecia. se ela brigará com o namorado, se tinha namorado. seu sorriso e seu descontentamento eram tão extremos. e quando cruzava seus olhos nos meus, e não retirava mais. talvez eu entrasse no seu mundo um dia. é que ela tinha um ar tão inalcansável, e eu mal sabia respirar. eu gostava do platónico, do intrigante, da imaginação. doía de mais a realidade. até que ela sumiu, e todo dia eu olhava da janela procurando, mas ela não subia mais as escadas, nem se quer olhava pra mim. ouvi comentários que avia sido demitida e agora passava situação difícil. acho que no fundo seu ar era de alguém que buscava felicidade, como quem busca comida. ela está em melhor situação dormindo no chão, por que ela se sente bem quando tudo é dito. você sabe, tudo bem apenas querer mais.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

sobre dottie sozinho

onde foi que eu aprendi a esperar tanto das pessoas? onde foi que eu aprendi a mentir tanto pra mim mesmo? onde foi que você aprendeu a se esconder dessa maneira? onde foi que a gente se perdeu? mais um dia húmido de um verão maluco e um começo de ano estranho. mais um cigarro e menos uma conclusão. mais uma vez sou obrigado a concordar. mas bem diria o sábio "quando você aceita o meio termo você perde". e taí o erro. eu sempre entendo tudo. sempre compreendo. eu não vou fazer promessas de ser melhor dessa vez. não vou me afogar no copo de vodka e prometer nunca mais amar. eu quero essa sensação de novo um dia, mas me sinto tão cansado, entende? as vezes acho que a vontade de deixar o ano passado no passado é maior do que a saudade que sinto de qualquer amor que vivi até agora. a vontade do novo vai tomando as lembranças pouco a pouco. mas se pensas que isso me deixa feliz esta enganada. mas acho que é só melancolia, nada que passos firmes no asfalto indo pra bem longe daqui resolvam.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

sobre tudo que eu não sei falar

como poderia te perguntar? ah... você nasceu pra mim? talvez pra essa noite eu acho. e pra não estar aqui quando o dia chegar. talvez essa noite seja a primeira vez. vai doer, mas vai passar. é que sabe? a gente não controla muito as coisas por aqui. e ouvir você falar de liberdade as duas da manhã. e ouvir você falar: "claro que sim, mas três cafés."

terça-feira, 30 de novembro de 2010

sobre nostalgias

e ela disse: "eu te amo pra sempre ou procure algo melhor". os dias aqui passam devagar. Olha esse céu azul. ele parece tão infinito. talvez seja. ah, mas porque somos tão jovens? sente essa liberdade. eu me sinto tão livre que poderia morrer se quisesse. a madruga é tão diferente da noite. e essas luzes artificiais não ajudam muito. então vamos correr para as montanhas e aproveitar enquanto o tempo não vem nos buscar e nos tirar daqui. pelo menos o seu sorriso ele não vai poder levar. não de dentro de mim. pelo menos enquanto ele não vem nos buscar, o mundo é nosso. e você não tem que ir embora essa noite. não hoje. não há retorno pra nós essa noite. não nessa. não.

sábado, 30 de outubro de 2010

sobre dulce num país de plastico

dulce despertou de um sonho bom, num lugar estranho e com a cabeça pesando mais do que seu corpo. tentou levantar para entender o que estava acontecendo, mas a gravidade não deixou. quase ia adormecer novamente, quando lembrou-se de olhar pro lado. uma garota jovem bonita, e loira, aparentando seus vinte e cinco anos, sentava em uma cadeira simples, devorava uma lasanha requentada enquanto assistia um filme b qualquer que passava na tv. ela tinha olhos fortes e azuis e vestia uma camisa social masculina enorme e um short de pijama verde apenas. reparou que sua convidada bela adormecida tinha acordado e olhou para ela abrindo um largo sorriso. e indagou:

- finalmente acordou branca de neve?

- ahn... acho que sim.

a loira dona do apartamento se levantou e abrindo a porta da geladeira lhe ofereceu uma cerveja. "é ótimo para curar a ressaca" disse entre gargalhadas. dulce sorriu e apoiando na parede conseguiu sentar-se na cama. tinha certeza de que boa coisa não tinha feito para estar ali, mas estranhamente se sentia bem, apesar da dor de cabeça latejante e gosto estranho na alma do que aconteceu. a loira se aproximou de novo e lhe entregou um copo d'água com um remédio para dor de cabeça. eram cinco e trinta da manha e lá fora alguma vida começava a pulsar. mas lá dentro de dulce ela sentia que a vida dela tinha parado de pulsar ali.

- então, não vai começar com aquelas perguntas do tipo 'quem sou eu?' 'como eu vim parar aqui?' 'quem é você?' e etc não?

- eu ainda to meio perdida eu acho... - a loira riu.

- entendo. bom, meu nome é thais. acho que vai ser muita informação pra sua cabeça agora, mas você não se lembra de nada do que aconteceu ?

- só me lembro de ter ido a festa e ter começado a beber. depois não lembro de mais nada...

- parece eu olhando para mim há dez anos atrás. incrível.

- mas eu fiz muita merda?

- muita? só o suficiente para ser expulsa da festa. você chegou como a garota mais bonita da festa, a carne nova do pesado. todos te pagavam bebida e você dançava como se não se houvesse amanhã. e direto de expulsavam do banheiro porque estava comendo alguém lá. daí você começou a usar alguma coisa estranha e e começou a chorar. os caras não paravam de chegar em você mas você não queria mais e começava a gritar e estapeá-los. depois disso te expulsaram e tinha um cara te esperando lá fora. vocês discutiram aos berros e você deu um tapa na cara dele. no segundo seguinte ele saiu andando e você caiu na sarjeta em mais choro e começou a vomitar. foi aí que eu te socorri até a minha casa. te dei um banho, você vomitou meu banheiro inteiro e acordou a vizinha mais chata do prédio. te dei meu pijama preferido e você desmaiou falando alguma coisa sobre amar alguém, mas estar fugindo disso como nunca fugiu de nada na vida, e adormeceu feito um anjo caído. e agora estamos aqui. fim.

dulce olhava fixamente o copo e as coisas que thais falava passavam como um filme mal rodado em sua cabeça. havia um nó em sua garganta que a fazia suspirar vez ou outra em busca de ar. finalmente se recostou na parede e deu um longo suspiro. quebrando o silêncio entre o final do relato e seus pensamentos confusos.

- o que eu faço da vida agora?

- você não tem casa? pai? mãe?

- eu fugi de casa pra ir naquela festa - disse com um sorriso irônico de quem tinha acabado de se enterrar viva.

- é garota, você está perdida. sabe, talvez você possa ficar aqui um dia ou dois, até por as idéias no lugar. depois disso tente voltar pra casa dos seus pais e vá atrás daquele garoto que você deu o tapa. ele sim te ama de verdade, as pessoas daquela festa não. agora eu vou caminhar, volte a dormir até essa dor passar ok?

thais foi dizendo isso e deitando dulce na cama novamente e a cobrindo como se fosse uma filha. deu-lhe um beijo na testa e desejou bons sonhos. dulce agradeceu e sorriu. a cama de thais era quente e aconchegante e principalmente segura. não queria sair dalí nunca mais. thais ascendeu um cigarro quando estava saindo e antes de fechar a porta olhou fixamente para aquela garota deitada alí em sua cama. era como se olhasse para si mesma há 10 anos atrás. suspirou, pegou um papel com um endereço rabiscado escrito 'thomas'. sorriu um sorriso sincero, grande. fechou a porta, ainda sorrindo bastante. e saiu.

domingo, 10 de outubro de 2010

Se você estivesse aqui para escrever essa canção.

Eu invento tantas histórias. Crio tantos mundos, tantas situações e personagens. Mas não consigo criar um evento onde a gente fique junto. Como naquela madrugada, agente estava junto, mas não. Aquela nossa música, aquele nosso céu. Aqueles nossos amigos, e todas aquelas cicatrizes. A bebida barata e gosto amargo do seu cigarro, e seu mundo de onde eu já estava mais do que vacinado. Nem aquele letra que representa aquele momento, nem os fragmentos de memórias em risadas que um dia me fizeram mal. Eu não consigo mais olhar nos seus olhos por mais que de tempos em tempos os seus procurem os meus. Eu cansei de ascender o trago do estrago que te faz tão bem. Eu queria paz, e nem a tempestade da cor dos seus olhos castanhos me tiraria naquele momento. Eu sinto muito mas você não mora mais aqui.