a vida me deixou amargo, como o limão que eu tomei.
sem açucar, sem afeto, com amor tudo é mais caro
ganhar, perder, sorrir, chorar
chegar mais perto, ir mais longe.
a vida me deixou calado, como cinema mudo
tentei explicar o barulho, mas ninguém me ouviu.
como reação em fiquei surdo
sem perceber, tanto pra dentro como pra fora
como um fanático politico
como alguém que vende seu tempo
eu perdi o meu barato
atravessando vias, tentando conter meu corpo em chamas
espalhei minha alma na atmosfera tentando abraçar o mundo de uma vez
e viver como quem puxa o gatilho
quero ter um filho com o nome do meu avó
e o sorriso do meu pai
e a força da mãe, que vai suportar o tanto que carrego do meu pequeno universo
constituído de tudo que vivo como se vivesse todos os sonhos de uma vez
nos três somos o cosmo inteiro dessa vez
vamos brincar amanhã quando parar de chover
terça-feira, 18 de fevereiro de 2014
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
estiagem
é tudo indeciso, tudo dividido
plano mal acabado, chuva de granizo
quebrou meu teto de vidro, invadiu meus olhos de cera
inundou meu peito de luz e mais
quando tudo escorreu pelas mãos
inclusive o tempo e o martírio
só me sobrou a perdição
do que eu fui, do que eu sou
do que não me lembro de ter sido
ácido derrete na língua
como perfura um prego no dedo
dor de alma não tem mertiolate
azul é a cor do meu desespero
que não cessa com a fumaça do beck
nem com o passar de um ano inteiro
só vai cicatrizando o sorriso
e a carcaça de um velho sem jeito
plano mal acabado, chuva de granizo
quebrou meu teto de vidro, invadiu meus olhos de cera
inundou meu peito de luz e mais
quando tudo escorreu pelas mãos
inclusive o tempo e o martírio
só me sobrou a perdição
do que eu fui, do que eu sou
do que não me lembro de ter sido
ácido derrete na língua
como perfura um prego no dedo
dor de alma não tem mertiolate
azul é a cor do meu desespero
que não cessa com a fumaça do beck
nem com o passar de um ano inteiro
só vai cicatrizando o sorriso
e a carcaça de um velho sem jeito
domingo, 26 de janeiro de 2014
felicidade (contra-poema a gabriel cunha)
felicidade fere
até chegar lá
vai e volta feito febre
sem quando vai chegar
a propaganda diz caminho
sono e felicidade breve
raiva se esvaindo por um fio
antes que tu te entristece
feliz cidade riu
passou no riso a tarde
foi embora e ninguém viu
olha só o que acontece
olhos presos no anil
felicidade leve
até chegar lá
vai e volta feito febre
sem quando vai chegar
a propaganda diz caminho
sono e felicidade breve
raiva se esvaindo por um fio
antes que tu te entristece
feliz cidade riu
passou no riso a tarde
foi embora e ninguém viu
olha só o que acontece
olhos presos no anil
felicidade leve
segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
meio desligado
quando vem o desencontro o pensamento sai de orbita
me volta pra terra que eu quero descer
eu quero nascer, crescer e multiplicar
e entender que pra mim qualquer coisa já não satisfaz
vem dirigir o meu tato, me levar os olhos
me salvar a mão, te lavar a alma
vem me aprender de tanto me errar
vem sem arrempender, sem te prender
mas sem te querer eu não durmo mais
me volta pra terra que eu quero descer
eu quero nascer, crescer e multiplicar
e entender que pra mim qualquer coisa já não satisfaz
vem dirigir o meu tato, me levar os olhos
me salvar a mão, te lavar a alma
vem me aprender de tanto me errar
vem sem arrempender, sem te prender
mas sem te querer eu não durmo mais
quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
(os passos que eu não dei) quem precisa do brasil
quando não estou escrevendo, me sinto no marasmo total. mesmo com o dia cheio de trabalho, faculdade, comida e pessoas, é como se estivesse parado vendo a cidade em horário de pico, e eu ali, me perguntando de onde vem tanta gente, com meu cabelo mal penteado, a barba por fazer e um cigarro queimando torto na boca - assim, bem clichê. Porque é assim que eu me sinto sem escrever. Um clichê, um esboço, em engodo.
entediado e blasfemando 'que saco', desço a via com os olhos vermelhos e a cabeça a mil. ouço noticias de amigos distantes que me confortam. vejo rostos amigos que me distraem. ouço todo som que essa cidade produz, mas já não ouço de um ouvido mais. tudo me soa esperança, inclusive minha vontade de escrever o amor. eu não sei o quão conturbado pode ser, mas o que teria sido de mim se tivesse ouvido a zoé? ou qualquer canção que me levasse a chorar. ouço noticias sobre meu país que me sufocam mais do que a garganta seca em dia de verão. ouço meu pai revoltado em casa querendo matar ministro a tamancadas. não é que já é verão. a sociedade civil ocupa o que é de todos, e as crianças choram no ouvido de ninguém.
esse tempo todo passei juntando retalho de brigas passadas, batendo a cabeça na mesa, tropeçando em estranhos na rua, sofrendo um pouco sem querer, vendo meu time perder. gritar é pra quem tem voz, eu sou só um desafinado qualquer. canto samba tímido no quarto e para poucos e bons amigos. mas o que eu quero te dizer, é que a coisa aqui ta preta. esse vai ser um texto inacabado, pois meu mundo nunca vai caber nesse mundo que vocês conhecem. somente meus abraços, apertos de mão, beijos, olhares e minhas duvidas vão me expressar.
percebe? é tanta coisa pra viver que sobra pouco. me sobram socos que eu queria dar. me faltam pés pra chegar em qualquer lugar. eu penso sempre em sair daqui, mas olho o horizonte de qualquer esquina, e essa vista me prende mais do que ancora no cais. a partir daqui conto o que eu não vivi, porque assim como escolhi sorrir, um dia eu escolhi ficar.
entediado e blasfemando 'que saco', desço a via com os olhos vermelhos e a cabeça a mil. ouço noticias de amigos distantes que me confortam. vejo rostos amigos que me distraem. ouço todo som que essa cidade produz, mas já não ouço de um ouvido mais. tudo me soa esperança, inclusive minha vontade de escrever o amor. eu não sei o quão conturbado pode ser, mas o que teria sido de mim se tivesse ouvido a zoé? ou qualquer canção que me levasse a chorar. ouço noticias sobre meu país que me sufocam mais do que a garganta seca em dia de verão. ouço meu pai revoltado em casa querendo matar ministro a tamancadas. não é que já é verão. a sociedade civil ocupa o que é de todos, e as crianças choram no ouvido de ninguém.
esse tempo todo passei juntando retalho de brigas passadas, batendo a cabeça na mesa, tropeçando em estranhos na rua, sofrendo um pouco sem querer, vendo meu time perder. gritar é pra quem tem voz, eu sou só um desafinado qualquer. canto samba tímido no quarto e para poucos e bons amigos. mas o que eu quero te dizer, é que a coisa aqui ta preta. esse vai ser um texto inacabado, pois meu mundo nunca vai caber nesse mundo que vocês conhecem. somente meus abraços, apertos de mão, beijos, olhares e minhas duvidas vão me expressar.
percebe? é tanta coisa pra viver que sobra pouco. me sobram socos que eu queria dar. me faltam pés pra chegar em qualquer lugar. eu penso sempre em sair daqui, mas olho o horizonte de qualquer esquina, e essa vista me prende mais do que ancora no cais. a partir daqui conto o que eu não vivi, porque assim como escolhi sorrir, um dia eu escolhi ficar.
terça-feira, 26 de novembro de 2013
os três acordes de evelyn e adam grey
a noite eu troco de canal
como se eu visse algo que eu
não tenha visto outra vez
o cansaço me disfarça o tédio
durmo e quando eu durmo mal
é como se eu pudesse escolher
sonhar ou não
a poeira já me cobre o terno
e nada disso eu vejo passar
o relógio me ultrapassa assim
e tudo isso eu sei que é normal
encontro o que me importa
de manhã assisto o jornal
o mundo explode na minha cara de
quem não sabe muito o que fazer
o sol vem acordar meu prédio
saio e é tudo tão igual
a cidade me rejeita como febre
atirar ou não
eu não posso estar falando sério
e tudo isso tem que acabar
algum carro me atropela enfim
jogo tudo isso inteiro pro ar
não há nada aqui que importa
mas hoje já são quase seis
e eu me sinto tão bem
mas hoje eu sei é minha vez
e eu já me sinto tão bem
mas hoje eu sei que eu não sei
e vai ficar tudo bem
mas hoje eu minto sem porque
e já passaram das seis
como se eu visse algo que eu
não tenha visto outra vez
o cansaço me disfarça o tédio
durmo e quando eu durmo mal
é como se eu pudesse escolher
sonhar ou não
a poeira já me cobre o terno
e nada disso eu vejo passar
o relógio me ultrapassa assim
e tudo isso eu sei que é normal
encontro o que me importa
de manhã assisto o jornal
o mundo explode na minha cara de
quem não sabe muito o que fazer
o sol vem acordar meu prédio
saio e é tudo tão igual
a cidade me rejeita como febre
atirar ou não
eu não posso estar falando sério
e tudo isso tem que acabar
algum carro me atropela enfim
jogo tudo isso inteiro pro ar
não há nada aqui que importa
mas hoje já são quase seis
e eu me sinto tão bem
mas hoje eu sei é minha vez
e eu já me sinto tão bem
mas hoje eu sei que eu não sei
e vai ficar tudo bem
mas hoje eu minto sem porque
e já passaram das seis
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
a poeira dos outros
todas as inquietações da alma
nuas e expostas ao vento
tatuadas em papel a4
penduradas por barbantes
perduradas em nós
nuas tomam banho de sol
a espera da chuva
junto com os prédios
as árvores e toda essa gente
essa gente toda
a poeira dos outros
escondida em baixo dos tapetes
envolto por móveis
escondido por tijolos
colocados a mil
aos milhões de tijolos
a poeira dos outros
espalhadas pelas empregadas
no ponto de ônibus
nuas se despem em palavras
como quem diz
essa gente é gente também
apesar do que tem
apesar do que não tem
a poeira dos outros nunca convém
nuas e expostas ao vento
tatuadas em papel a4
penduradas por barbantes
perduradas em nós
nuas tomam banho de sol
a espera da chuva
junto com os prédios
as árvores e toda essa gente
essa gente toda
a poeira dos outros
escondida em baixo dos tapetes
envolto por móveis
escondido por tijolos
colocados a mil
aos milhões de tijolos
a poeira dos outros
espalhadas pelas empregadas
no ponto de ônibus
nuas se despem em palavras
como quem diz
essa gente é gente também
apesar do que tem
apesar do que não tem
a poeira dos outros nunca convém
Assinar:
Postagens (Atom)