acordei sozinho, encarando o teto
olhei pro lado, só vi parede
olhei pro outro, o quarto vazio
fechei os olhos, desejei você
sonhei honesto, tive medo
fiquei com fome, não quis comer
lamentei a culpa, foi toda minha
pagando o preço, desejei te ver
levantei torto, fui pra cozinha
fiz um café, espiei o vizinho
li o jornal, um disparate
me senti triste, desejei seus olhos
então fiz uma música, escrevi uma canção
lavei minha roupa, organizei meus papéis
cuidei da saúde, pensei no futuro
me senti melhor, desejei ser seu
domingo, 1 de setembro de 2019
terça-feira, 27 de agosto de 2019
quando eu escrevia pra você
houve um tempo
em que eu só escrevia pra você
meu única tema era nós dois
eu só queria te convencer
naquele tempo
muita gente lia
eu me sentia
mais do que deveria
hoje sem tempo
quase não escrevo
pois tenho um emprego
somos gente grande
quem dera o tempo
passasse a diante
meu erro constante
de não te convencer
vai chegar o tempo
em que você não lamenta
não me ter por perto
será que você ainda me lê?
em que eu só escrevia pra você
meu única tema era nós dois
eu só queria te convencer
naquele tempo
muita gente lia
eu me sentia
mais do que deveria
hoje sem tempo
quase não escrevo
pois tenho um emprego
somos gente grande
quem dera o tempo
passasse a diante
meu erro constante
de não te convencer
vai chegar o tempo
em que você não lamenta
não me ter por perto
será que você ainda me lê?
quinta-feira, 15 de agosto de 2019
pra você gozar (em mim)
começa com um beijo apaixonado
minha mão na sua cintura
seus braços sobre o meu ombro
mordo seu lábio
arrepio sua nuca
minha mão desce
para sua bunda
pressiono forte
seu corpo contra
o meu
você tira minha blusa
eu tira a sua
vou descendo meu corpo
primeiro mordo o pescoço
o dorso
e logo os seios
sinto sua energia
sua mão agarra meus cabelos
com força e leveza
desço um pouco mais
a barriga, sinto o frio
que te excita
chega a cintura
e me meto entre as pernas
continuo beijando
você se desperta
geme alto
depois baixinho
me enche de tapas
arranha minha pele
mas é puro carinho
chupo e mordo
a noite inteira
até você gozar na minha língua
e esquecer de todos os problemas do mundo
e existir só você
eu, e o agora
você se levanta e me beija ainda ruborizada
está pronta pra esfregar sua pele morena na minha
e deixar todos os erros da juventude para trás
minha mão na sua cintura
seus braços sobre o meu ombro
mordo seu lábio
arrepio sua nuca
minha mão desce
para sua bunda
pressiono forte
seu corpo contra
o meu
você tira minha blusa
eu tira a sua
vou descendo meu corpo
primeiro mordo o pescoço
o dorso
e logo os seios
sinto sua energia
sua mão agarra meus cabelos
com força e leveza
desço um pouco mais
a barriga, sinto o frio
que te excita
chega a cintura
e me meto entre as pernas
continuo beijando
você se desperta
geme alto
depois baixinho
me enche de tapas
arranha minha pele
mas é puro carinho
chupo e mordo
a noite inteira
até você gozar na minha língua
e esquecer de todos os problemas do mundo
e existir só você
eu, e o agora
você se levanta e me beija ainda ruborizada
está pronta pra esfregar sua pele morena na minha
e deixar todos os erros da juventude para trás
sábado, 3 de agosto de 2019
boa viagem de volta
te conheço de outras músicas
mesmo após tantos carnavais
quantos 'vai's você me disse?
quantos 'ven's queria dizer?
de ouvir tocar me lembro dessa
e ouvi aquela sem esquecer
que outros sons tu tem ouvindo
para evitar de mim saber?
vários acordes, ritmos e melodias
e outras rimas que eu queria te fazer
dão algum sentido ao sentimento que provoca
meu pensamento que não foge de você
queria ouvir tuas outras músicas
e estar nos próximos carnavais
quanto mais você quer?
quanto bem posso te querer?
mesmo após tantos carnavais
quantos 'vai's você me disse?
quantos 'ven's queria dizer?
de ouvir tocar me lembro dessa
e ouvi aquela sem esquecer
que outros sons tu tem ouvindo
para evitar de mim saber?
vários acordes, ritmos e melodias
e outras rimas que eu queria te fazer
dão algum sentido ao sentimento que provoca
meu pensamento que não foge de você
queria ouvir tuas outras músicas
e estar nos próximos carnavais
quanto mais você quer?
quanto bem posso te querer?
domingo, 7 de dezembro de 2014
dez encontros
Quando aparecia bem na noite incerta
E me ajudava intensamente a escolher o tom
Pra usar minhas palavras sempre tão sinceras
Poderia ser somente minha imaginação
O dia vem girando na atmosfera
Gelada e inconsequente com algo de bom
Mas parece veio a chuva e derrubou um sonho
E onde caiu nasceu a árvore de mel-limão
Te contar, que parecem cem anos
Ou meses que uma tempestade me cobriu
Corri pra procurar abrigo e nada mais
Encontrei o sol, dobrando a esquina
Quando eu despedia vendo os olhos dela
Se afastando pra tão longe como um avião
Me sentia como filme norte americano
Saindo de sessão
Aprendi a descobrir o meu próprio caminho
Assustado com os dias que eu deixei passar
Me contento com esse falso brilho da cidade
Esperando meu momento de nunca voltar
Te contar, que parecem cem anos
Ou meses que uma tempestade me cobriu
Corri pra procurar abrigo e nada mais
Encontrei o sol, dobrando a esquina
E me ajudava intensamente a escolher o tom
Pra usar minhas palavras sempre tão sinceras
Poderia ser somente minha imaginação
O dia vem girando na atmosfera
Gelada e inconsequente com algo de bom
Mas parece veio a chuva e derrubou um sonho
E onde caiu nasceu a árvore de mel-limão
Te contar, que parecem cem anos
Ou meses que uma tempestade me cobriu
Corri pra procurar abrigo e nada mais
Encontrei o sol, dobrando a esquina
Quando eu despedia vendo os olhos dela
Se afastando pra tão longe como um avião
Me sentia como filme norte americano
Saindo de sessão
Aprendi a descobrir o meu próprio caminho
Assustado com os dias que eu deixei passar
Me contento com esse falso brilho da cidade
Esperando meu momento de nunca voltar
Te contar, que parecem cem anos
Ou meses que uma tempestade me cobriu
Corri pra procurar abrigo e nada mais
Encontrei o sol, dobrando a esquina
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
eu não poderia crer em um deus que não soubesse dançar
minha alma não é água com açúcar, é preciso gritar
rasgar a pele e consequentemente a roupa
e que a voz rouca não impeça seu ouvido de sangrar
porque sendo visceral quieta o monstro dentro de mim
pra que ele não posso depender unicamente de beijos errantes
de moças de saias e seios arfantes
nem meu corpo consegue entender mais os olhares
e nas mesas dos bares me despeço de algo intrigante
o que a musica faz comigo nenhum sexo faz com você
sou ultrajante e profano, blasfemo com medo e coragem
e a paisagem vai mudando com o tempo
mas nenhuma conversa preenche o vazio dos meus ouvidos
meu coração esta cheio e pronto pra atacar
estou pronto pra chorar e não pensar em mim
me preparei pra acertar, me preparei pra perder
e não há nada que valha tirar meus pés do chão
de razão meus sonhos estão cheios
minha missão passeia dependendo do mês
o que não sei se clareia na dança
e o que sei ficou pra trás outra vez
rasgar a pele e consequentemente a roupa
e que a voz rouca não impeça seu ouvido de sangrar
porque sendo visceral quieta o monstro dentro de mim
pra que ele não posso depender unicamente de beijos errantes
de moças de saias e seios arfantes
nem meu corpo consegue entender mais os olhares
e nas mesas dos bares me despeço de algo intrigante
o que a musica faz comigo nenhum sexo faz com você
sou ultrajante e profano, blasfemo com medo e coragem
e a paisagem vai mudando com o tempo
mas nenhuma conversa preenche o vazio dos meus ouvidos
meu coração esta cheio e pronto pra atacar
estou pronto pra chorar e não pensar em mim
me preparei pra acertar, me preparei pra perder
e não há nada que valha tirar meus pés do chão
de razão meus sonhos estão cheios
minha missão passeia dependendo do mês
o que não sei se clareia na dança
e o que sei ficou pra trás outra vez
segunda-feira, 18 de agosto de 2014
Porquê não matei Valdir
Era um sábado, 13 de Abril de 1996. Esperava Valdir com uma arma no bolso. A arma fazia volume e eu sentia o peso de uma tonelada no meu bolso me puxando pra baixo.
Valdir era tudo que eu não era. Ele era especial. Eu não o conhecia bem, mas ele morava no meu bairro e sempre ouvia falar. Enquanto todos o ouviam e falam sobre ele eu quase tinha que gritar pra voz sair. Enquanto os times disputavam sua presença na pelada eu era o último a ser escolhido. Ele não tirava notas altas no colégio mas não era reprovado como eu. Fazia uns poemas, alguns raps, parecia ter um futuro na vida enquanto eu não sabia o nome do meu pai. Valdir era bom em quase tudo, e eu era um ninguém. Senti como se isso fosse culpa dele, como se ele tivesse me roubado a sorte ao nascer. Algum evento simbólico, macumba, mal olhado. Só não era possível que o sol brilhasse para ele e em cima de mim chovesse granizo o tempo inteiro.
Mas o golpe de misericórdia foi quando ouvi atrás do colégio as pessoas comentando:
- Na festa semana passada cara, o Valdir pegou a Thereza de jeito atrás dos prédios do conjunto. Com certeza comeu.
Thereza era minha melhor amiga, a menina mais linda do bairro, amiga da minha mãe, a pessoa com quem não precisa ser algo além de mim. Nutri uma paixão por ela desde os 12. Mas enquanto nunca tive coragem, Valdir me tomou a única esperança de vida, meu raio de sol em meio a chuva triste. A dor aumentou quando percebi que há algumas semanas Thereza andava distante, e eu estive ocupado demais remoendo meu ódio pra perceber.
Minha garganta fez um nó tão grande que parei de respirar. E na falta de oxigenação do cérebro subi a favela em busca de uma arma para acabar com meus problemas. As lágrimas melaram meu chinelo sujo da terra das ruas mal asfaltadas. Quase morri três vezes atropelado por motos e não vi como eram lindas as pipas no céu de final de tarde. Consegui a arma e desci com a coragem que nunca senti na vida para fazer algo bom. O melhor que eu podia fazer por mim era atirar.
Estava com tanto ódio transformado em energia e coragem que nem precisei de cocaína. Meu próprio sangue me drogava. Não queria só matar pra acabar com meu problema de uma vez, era preciso desabafar, jogar toda culpa em único motivo e liquidá-lo pra que eu pudesse começar do zero, me declarar pra Thereza, aprender uma profissão, procurar meu pai pra fazer o mesmo.
Procurar meu pai pra fazer o mesmo.
Foi quando a arma estava apontada pra cabeça de Valdir estirado no chão que essas palavras ressoaram na minha cabeça como um golpe e a droga da ira passou. Sentei no chão com os braços apoiados na perna e enxerguei que se fosse pra fazer o mesmo que meu pai essa arma deveria estar apontada para minha cabeça. Apontei por um tempo pra me certificar que era eu o problema a ser extinto. Valdir não era o meu pai. Era um pobre homem com sorte na vida, que não tinha culpa da minha desgraça. Nem eu podia ser.
Levantei Valdir, peguei minhas coisas em casa e fui recomeçar em outro lugar, em busca de outra sorte pra chamar de minha.
Valdir era tudo que eu não era. Ele era especial. Eu não o conhecia bem, mas ele morava no meu bairro e sempre ouvia falar. Enquanto todos o ouviam e falam sobre ele eu quase tinha que gritar pra voz sair. Enquanto os times disputavam sua presença na pelada eu era o último a ser escolhido. Ele não tirava notas altas no colégio mas não era reprovado como eu. Fazia uns poemas, alguns raps, parecia ter um futuro na vida enquanto eu não sabia o nome do meu pai. Valdir era bom em quase tudo, e eu era um ninguém. Senti como se isso fosse culpa dele, como se ele tivesse me roubado a sorte ao nascer. Algum evento simbólico, macumba, mal olhado. Só não era possível que o sol brilhasse para ele e em cima de mim chovesse granizo o tempo inteiro.
Mas o golpe de misericórdia foi quando ouvi atrás do colégio as pessoas comentando:
- Na festa semana passada cara, o Valdir pegou a Thereza de jeito atrás dos prédios do conjunto. Com certeza comeu.
Thereza era minha melhor amiga, a menina mais linda do bairro, amiga da minha mãe, a pessoa com quem não precisa ser algo além de mim. Nutri uma paixão por ela desde os 12. Mas enquanto nunca tive coragem, Valdir me tomou a única esperança de vida, meu raio de sol em meio a chuva triste. A dor aumentou quando percebi que há algumas semanas Thereza andava distante, e eu estive ocupado demais remoendo meu ódio pra perceber.
Minha garganta fez um nó tão grande que parei de respirar. E na falta de oxigenação do cérebro subi a favela em busca de uma arma para acabar com meus problemas. As lágrimas melaram meu chinelo sujo da terra das ruas mal asfaltadas. Quase morri três vezes atropelado por motos e não vi como eram lindas as pipas no céu de final de tarde. Consegui a arma e desci com a coragem que nunca senti na vida para fazer algo bom. O melhor que eu podia fazer por mim era atirar.
Estava com tanto ódio transformado em energia e coragem que nem precisei de cocaína. Meu próprio sangue me drogava. Não queria só matar pra acabar com meu problema de uma vez, era preciso desabafar, jogar toda culpa em único motivo e liquidá-lo pra que eu pudesse começar do zero, me declarar pra Thereza, aprender uma profissão, procurar meu pai pra fazer o mesmo.
Procurar meu pai pra fazer o mesmo.
Foi quando a arma estava apontada pra cabeça de Valdir estirado no chão que essas palavras ressoaram na minha cabeça como um golpe e a droga da ira passou. Sentei no chão com os braços apoiados na perna e enxerguei que se fosse pra fazer o mesmo que meu pai essa arma deveria estar apontada para minha cabeça. Apontei por um tempo pra me certificar que era eu o problema a ser extinto. Valdir não era o meu pai. Era um pobre homem com sorte na vida, que não tinha culpa da minha desgraça. Nem eu podia ser.
Levantei Valdir, peguei minhas coisas em casa e fui recomeçar em outro lugar, em busca de outra sorte pra chamar de minha.
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