ele voltou a cidade depois de quase dois anos. tudo estava no mesmo lugar, mas o menino não era mais tão menino assim. ele tinha conquistado o mundo como havia de ser. sua banda fazia sucesso e era considerado um dos melhores compositores da nova geração. suas crônicas eram lidas por centenas de pessoas e um livro já começava a ser revisado em uma editora. sua produtora rendia lucros e suas histórias movimentavam sonhos por aí. fugiu há dois anos atrás no melhor estilo serena van der woodsen, por motivos diferentes claro, mas deixou tudo pra trás da mesma forma. e voltou da mesma forma com tudo no lugar onde havia deixado. hoje, apesar de ser uma personalidade do mundo musical/editorial, mesmo com todo sorriso, empolgação e realização, agora era um homem só. e não por falta de oportunidades, tinha se tornado um homem belo e interessante. era por escolha mesmo. - mas que escolha hein?! - pensava ele andando pelos ruas da sua adolescência, quando se lembrou o porque da escolha. e ela estava parada ali, na sua frente, e se chama cloe. foi impressionante a rapidez com que seu coração vestiu sua armadura, conseguindo manter a conversa como se fossem ótimos amigos, e nada mais.
- tenho ouvido falar muito de você! conseguiu ser famoso hein?
- ah, nem tanto. ouvi dizer que você se casou? - essa pergunta foi uma faca no baço.
- sim, mas acho que estou me separando. sabe, eu e allan, somos bem... - desastrosos juntos? - diferentes um do outro.
- eu sei, vocês são assim desde os dezessete anos. já se vão quase dez anos e nada mudou. - disse sorrindo, um sorriso que se pudesse poderia sangrar seu lábio e deslocar sua mandíbula ele continuou:
- bom, eu tenho que ir e...
- o que você esta fazendo na cidade?
- ah, descansado dessa confusão toda e...
- o que vai fazer amanha a noite?
- bom, na verdade eu nem arrumei lugar pra dormir ainda e...
- se não for tarde para um café... - ela fez uma pausa como se esperar ele responder "eu estarei na sua casa em dez minutos".
- ah, eu te ligo!
- ah, ok!
no próximo minuto, aqui deveria haver um abraço, longo, com corações batendo e memorias boas sobrevoando a cidade. aqui deveria ter uma fuga dos dois agora. amor, álcool, nicotina, risadas, motéis, histórias e deletamento total de todo o passado. mas um minuto de silêncio. e ninguém quis pagar dessa vez pra ninguém sorrir. no dia seguinte ele voltou para a capital.
quinta-feira, 29 de abril de 2010
terça-feira, 27 de abril de 2010
sobre perdição
quando earl saiu por aquela porta, pensou em mil coisas pra dizer, mas como dizer? - olha, estou te deixando porque tenho medo de te machucar um dia, então estou fazendo isso agora antes que você suicide. - era assim desde os dezessete anos, quando terminou com sua primeira namorada, karla. hoje, aos vinte e cinco, é um rapaz bonito e atraente. apesar de todas as mulheres fiarem aos seus pés, ele sempre preferiu seus romances sinceros. o melhor no poker, e vive feliz com uma moça em seu apartamento. mas é sempre a mesma coisa, tão igual nesses oito anos. sempre que tem alguém, em um apartamento legal e uma vida confortável, ele encontra os amigos, com uma garrafa de jack e maços de cigarro. faz bastante frio essa época do ano. ele poderia voltar pro seu apartamento aconchegante com sua namorada. podiam fazer sexo a noite inteira e depois tomar choconhaque e ficarem bêbados juntos e rir até o dia amanhecer. mas no caminho tudo muda. ele bagunça o cabelo, da um trago no cigarro e toma uma dose de tequila. as mesas de carteado estão cheias. ele se vai mais uma vez, sem olhar pra trás, acordar em um quarto de hotel desconhecido. e sozinho.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
sobre a carta emcima da mesa - song to say goodbye
quando você ler essa carta eu já vou estar na rota 86, indo não sei bem pra onde, indo não sei bem o porque. na minha mala não tem roupas ou objetos pessoais. deixei tudo no meu armário velho. talvez sejam as únicas coisas que vão me esperar voltar. comigo levei seu sorriso, e todas as palavras que me fizeram feliz por um tempo. o contorno delicado da sua orelha, e seus olhos punjentes. seus dedos pequenos que brincavam de me desenhar. e seu suspiro logo depois. o barulho da sua risada e da sua displicencia. mas eu deixei por ai o pedaço do meu coração que tem o seu nome. meu melhor sorriso. meus dedos longos que brincavam de te desenhar, que de tanto brincar acabei decorando, e desenhei nas paredes. e se precisar de mim, vou estar naquela velha canção que eu fiz pra você. no café forte de manhã, e no estrago que te faz tão bem. mas a gente sempre acaba por seguir o coração. é quase um kamikaze eu sei. um carro bomba prestes a explodir chamado passado, que bem, não sou mágico pra fazer sumir, no final das contas. quando você ler essa carta, eu vou estar sorrindo. reaprenda a sorrir também. reencontre valor naquilo que te fortalece, e ache a felicidade em simplismente ser você. eu aprendi a caminhar sozinho, não é tão difícil quanto parece, nunca é tão triste quanto possa ser ou imaginar. nunca vou encontrar motivos o suficiente pra isso, e sempre vou me julgar fraco e incapaz por te deixar pra trás, mas ai, não fala isso por favor. Deus sabe o que eu fiz foi pra te proteger, do perigo maior que é você. eu quero ver você maior, pra que minha vida siga adiante, e possa te encontrar de novo. meus textos-sonhos não vão te deprimir pelo passado, mas vão te alegrar pelo futuro. e o passado é apenas o futuro com as luzes acessas. eu esqueci a luz acessa, e algum sinal, de que irei voltar. e por tudo que vez, eu juro um dia ainda vou voar, outra vez.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
sobre isso ser tão você
ela dançando, invadiu meu peito escasso. me acenda mais um trago, do estrago que te faz tão bem, e deixa a insensatez te guiar. então senta, pede um café, diz o que quiser, espera o sol baixar, vai esfriar. no penúltimo vagão, o silêncio nos consome. se não tem o que fazer, traga algo pra beber, é melhor eu esperar. mas o que fazer, se sempre que você olha pra mim, sinto no meu rosto um beijo, mesma quando tenta evitar? é que foi a primeira vez em meses, que fez um dia bom. depois que estive por ai, sentindo o vento agredir suave o rosto, e o gosto da partida em cada porto, abraçando gente estranha no escuro. me empreste alguns dias? saudade é a mão que assume o leme. e eu já não sei onde é que tudo isso vai parar no verão dos nossos dias. é que tudo que você fala faz sentido, quando tira o vestido. só não me peça pra esquecer, quando amanhecer. se quiser ir embora, não vou te segurar, nem queimar seu coração. mas você sabe, sempre soube, onde é que tudo isso vai parar.
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