domingo, 1 de agosto de 2010

sem necessidade para preocupações

talvez fosse segunda-feira de manhã quando percebi isso. eu sempre percebo as coisas nos piores momentos. naquele café requentado. na tv baixinha jogando o lixo do mundo pelas antenas. no silêncio. nas crianças rindo indo pra escola. nas crianças em si. meus únicos passos certos são quando estou indo trabalhar. meus únicos horários certos são dessa rotina que eu não me lembro de ter sonhado. em toda segunda-feira de manha eu não costumo me lembrar de muita coisa. muito menos de quem eu sou. e o que me tornei. é que só me lembro quando estou nos seus braços. é que só acordo quando vejo seu sorriso. eu tento não explicar. e acho que nem quero entender. você também deveria fazer o mesmo. não que eu não goste, mas é que posso fugir entende? então me aproveita hoje. não me diga palavras bonitas. morra em meus braços, mas respire outros ares. lembre-se que hoje eu sou seu, amanha eu sou do mundo. escreva meu nome na areia e deixa o mar apagar, e leva-lo dalí. não escreva meu nome no cimento, é muito mais difícil de apagar. e dolorido também. eu só quero evitar. mas não quero evitar você. então eu ascendo um cigarro tentando te afastar, mas você já aprendeu a contemplar a fumaça brincando com a luz. então eu tento não falar, e fingir que não é comigo, mas acho que minha respiração confusa acusa minha confusão. então eu peço pra você ficar e confundir, eu peço pra você passar aqui depois das seis e me desviar de todo tédio e principio de agonia. eu só peço pra não me deixar fugir, e quem sabe talvez eu esteja cansado de ser quem eu sou. só o tempo vai curar, só o tempo vai dizer, só o tempo vai explicar, o que meu sorriso insiste em esconder e resistir.

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