quarta-feira, 30 de maio de 2012

bolhas

estive pensando em te iludir, matar meu tempo. em te levar pra jantar, contar estorias. em me vangloriar do meu trabalho, dos dias chatos, fazer você rir, mas principalmente em te enganar.

pensei em te levar flores, em te ligar de madrugada, te mostrar uma música. mas lembre-se que quero te ludibriar.

pensei em elogiar teu cabelo, olhar nos teus olhos, te fazer um poema, te acender um cigarro. mas bem, é só trapaça.

quis te beijar com calma, te levar pra cama, te fazer um cafuné e falar bobagens.

quis te prender em mim, vestir a roupa enquanto você dorme, balbuciar uma desculpa e ir embora.

raciocinei não pensar em voltar.

calculei tudo como um crime.

mas o tiro saiu pela culatra e a vitima sou eu, parado ao pé da tua cama com o coração na mão exitando como um calhorda em te deixar pra trás.

domingo, 27 de maio de 2012

tempo de pipa

ouça: cicero - tempo de pipa

corre as escadas, o vento vem vindo
eu não sou mais menino
mas ainda sei brincar.

subúrbio, condomínio fechado
morro-asfalto, não importa
todos vão ver minha pipa no ar.

imagina só, como estrela no céu
brilhando a tarde, cheia de sol
chegando com graça onde eu queria estar.

talvez seja isso a maneira que eu tenho
menino destino, destino talvez
corre as escadas, a noite vem vindo
eu não sou mais menino
mas ainda sei brincar de me esconder

quarta-feira, 23 de maio de 2012

conta gotas

queria poder dizer o mesmo que você me diz, pra evitar qualquer explicação.
queria poder sentir o mesmo, pra evitar qualquer desacerto.
queria que eu não fosse eu mesmo, pra evitar qualquer desatenção.
queria que hoje fosse qualquer dia, pra evitar o frio.

queria ser o guarda de trânsito, pra evitar o teu olhar.
queria ser aquele tempo, pra você não se esquecer
queria ler teu livro, em forma de canção
queria uma canção, pra não deixar mais você ir.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

reconstrução

a gente não sabe o que faz quando o prédio cai
a gente não sabe o que tenta quando o mundo diz não
o prédio não sabe o que faz quando se ergue de novo
o mundo não sabe o que faz quando se teima que sim

o tempo não sabe o que diz quando a gente não passa
a gente não sabe o que faz quando a sorte não vem
o vento me erra perdido e não pensa mais nada
a dias me pego sorrindo pensando em te ver

quarta-feira, 16 de maio de 2012

ladrilho (ou a ciranda de roda do que não foi)

I
mais do que você imagina eu sou um completo idiota. eu me atrapalho, eu não sei as horas, a hora de falar, a hora de existir... ora, que problema, eu sou tão clichê. digo coisas sem sentido e as vezes nem digo o que eu queria dizer. eu quero tanto e as vezes nem preciso.

II
eu tremo, eu gaguejo, eu sonho
eu minto, eu respiro, eu vejo vindo e repito
fica aqui comigo
a gente senta, a gente inventa, a gente tenta
eu te olho, você fala, eu te abraço, você me beija
eu corro, você me freia
eu sinto, você receia
o mundo gira, você me para
a noite é fria e você tão calada
eu tento rima mas você não vem
eu ainda espero lá em cima enquanto a noite vem.

III
parece um filme que eu já vi e não me lembro o final
eu não dou mais um passo enquanto não acabar por aqui.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

plastico

a verdade
é que há muita vontade de se entregar
e pouca coragem
a verdade
é que há tanto pra dizer
e pouca palavra
a verdade
é que há tanto pra viver
e pouco tempo
a verdade
é que há tanto pra esquecer
e pouco senso

a mais pura verdade
é que há tanto de você em mim
e tão pouco eu nesse momento



e talvez no fundo eu não me importe

terça-feira, 8 de maio de 2012

choque

quando os dias são assim, todos iguais; os minutos contados, as atividades planejadas, os sentimentos guardados, a realidade quase inexistente. sinto falta de poder fazer meu próprio café, ou de sentar na cozinha da minha avó e ouvir ela reclamando do meu pai da mesma maneira que ele reclama de mim. mas principalmente, sinto falta de não saber o que esperar. os anos vão passando e todos os outonos ficam iguais, e as pessoas por aí fingem ainda se espantar com o frio e toda a chuva. e eu aqui, parado ouvindo um reggae qualquer vendo o carro se aproximando e já calculando que ele vai jogar água em mim, então apenas dou um passo para o lado e veja água passar fingindo inutilmente me importar com tudo isso. vou perceber o exato momento em que esse filme vai mudar de novo porque tenho contado cada segundo desse mês. estou pensando em pintar a sala de verde de novo e esperar o carteiro chegar e pergunta-lo: - alguma novidade? porque aqui continuo o mesmo paciente de sempre. e você?

terça-feira, 1 de maio de 2012

como se ainda fosse carnaval

eu não tive jeito de pensar. nunca fui do tipo que pensa muito no amanhã. te procurei por trás das mascaras e das pessoas que fingem não me ver perdido por aí, como se eu não fizesse parte. sábado, domingo, segunda, terça. na quarta, bem, parei pra pensar aonde eu estava indo e mudei um pouco de direção pra ver se a sorte desistia de me abandonar e voltava aqui como se nunca houvesse azar. até hoje acompanho o bloco pra saber até onde ele vai. sem sucesso, vou deixar a música diminuir e respirar. ano que vem tem mais. e como se ainda fosse carnaval - aquele carnaval - eu vou brincar de ser feliz ao teu lado.