eu ganho a rua e perco o senso
de direção até a rua vinte e três
me perco sempre entre a esquina e a farmacia
eu ganho sempre algo que o mundo sabe
e eu não sei
cambaleando eu chego sempre antes das cinco
pois de inteiro eu já não chego aonde eu sei
eu ganho senso e perco a rua a contragosto
sem pressa eu chego em quase tudo que eu sonhei
pra reforçar eu perco tempo e me repito
eu já não piso mais na rua vinte e três
sem graça, eu perco a cena e me demito
de pingo em pingo eu vejo tudo que eu mudei
em vai e vem clichê o tempo segue
alheio a tudo em linhas tortas de pileque
em vai e vem me deixa tonto e me esquece
o tonto segue e sem vencer desaparece
e sem direção vai pela rua vinte e três
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