para ler ouvindo: rubel - nuvem /quadro verde
poema mudo
mesmo calado
falo pelos cotovelos
(e com os cotovelos)
dobrados em cima da mesa
leio o letreiro que assim como eu não diz nada
mas manda eu ficar em silêncio
e em silêncio eu grito
que eu ficaria em silêncio por mais uma vida
observando o barulho com atenção
poema cego
quado eu pisco os olhos
já estou dentro do ônibus
olhando o cansaço na face
e o vendedor de balas no sinal
as pessoas passam por mim como um sonho
e eu me vendo de memórias
que talvez sejam imaginação
e cego eu tateio tudo a minha volta
pra ter certeza que o céu é azul como me contam
poema surdo
o som que eu ouço da tua boca
me faz enxergar tanta coisa no escuro
quando eu peço silêncio e você fala
coisas que eu não queria prestar atenção
mas guardo tudo no mundo
quando eu peço pra te ouvir e você cala
o mundo que eu guardo com afliação
eu fecharia meus olhos e minha boca
e andaria pela cidade no meio do trânsito
(sem ouvir os carros)
segurando seus dedos
e ouvindo somente sua voz
me levando pra sua casa
me levando por você
segunda-feira, 22 de abril de 2013
domingo, 31 de março de 2013
velocidade
o tempo não passa
a gente passa pelo tempo que tem
pra espreguiçar, pra falar que ama
quando o sorriso estampa o tempo bom
há muito percebi que não sei andar devagar
um passo atropela o outro
e minha cabeça anda no inferno de dias
por isso piso torto, pra fora do chinelo
meu dedo é torto e tropeço no vento
o tempo passa
a gente passa pelo tempo que não tem
pra lamentar, pra falar que odeia
quando o sorriso estampa o tempo ruim
há muito percebi que não sei falar
a língua atropela o pensamento
e minha cabeça anda no inferno de meses
por isso falo pouco, quase monossílaba
meu enrredo é pouco e tropeça no senso
o tempo para
a gente passa pelo tempo que falta
pra ficar, pra falar o que quer
quando o sorriso estampa o tempo da alma
há muito percebi que sei viver
os olhos atropelam a estrada
e minha cabeça anda no inferno de vida
por isso amo tanto, quase que sobra
meu abraço é longo e atravessa contratempo
a gente passa pelo tempo que tem
pra espreguiçar, pra falar que ama
quando o sorriso estampa o tempo bom
há muito percebi que não sei andar devagar
um passo atropela o outro
e minha cabeça anda no inferno de dias
por isso piso torto, pra fora do chinelo
meu dedo é torto e tropeço no vento
o tempo passa
a gente passa pelo tempo que não tem
pra lamentar, pra falar que odeia
quando o sorriso estampa o tempo ruim
há muito percebi que não sei falar
a língua atropela o pensamento
e minha cabeça anda no inferno de meses
por isso falo pouco, quase monossílaba
meu enrredo é pouco e tropeça no senso
o tempo para
a gente passa pelo tempo que falta
pra ficar, pra falar o que quer
quando o sorriso estampa o tempo da alma
há muito percebi que sei viver
os olhos atropelam a estrada
e minha cabeça anda no inferno de vida
por isso amo tanto, quase que sobra
meu abraço é longo e atravessa contratempo
segunda-feira, 25 de março de 2013
foge
no centro da cidade, a tarde
a chuva, a culpa
no centro da idade, alarde
sua bochecha, purpura
cada frase que eu pronuncio soa absusrda nos meus ouvidos
foge enquanto é tempo, enquanto eu não te acho no meu abraço
no centro da chuva, a cidade
a culpa, a tarde
no centro da sua bochecha, meu sorriso purpura
o alarde do meu coração, a idade
cada olhar que eu pronuncio soa o universo nos meus ouvidos
foge enquanto é tempo, enquanto eu não te acho em mim
porque quando eu acho, eu me pergunto o que será dos meus sentidos?
jogo meu peito aberto nessa história sem fim
a chuva, a culpa
no centro da idade, alarde
sua bochecha, purpura
cada frase que eu pronuncio soa absusrda nos meus ouvidos
foge enquanto é tempo, enquanto eu não te acho no meu abraço
no centro da chuva, a cidade
a culpa, a tarde
no centro da sua bochecha, meu sorriso purpura
o alarde do meu coração, a idade
cada olhar que eu pronuncio soa o universo nos meus ouvidos
foge enquanto é tempo, enquanto eu não te acho em mim
porque quando eu acho, eu me pergunto o que será dos meus sentidos?
jogo meu peito aberto nessa história sem fim
domingo, 17 de março de 2013
a fabula do homem de lata
o homem de lata sorrindo
pediu um coração
o homem de lata menino
sempre sonhou em sentir
mas sua boca reta não expressa desejo
não sorri amarelo nem vermelho
seus olhos opacos não marejavam
não cerravam, não fitavam
nem sorriam
o homem de lata sozinho
sem um coração, não sabia sentir
mas sabia que queria sentir
sentia que queria saber do motivo de se ter um coração
o homem de lata perdido
já não tão menino
implorou um coração
jurou aguentar todo o peso
o vazio, a dor, o anuvio
que podia trazer o amor
o ódio, o ganho, a perda
e a alegria e a tristeza
que qualquer vida podia ter
o homem de lata só queria viver
e ganhou um coração
o homem de lata explodindo
saiu a sentir
mas como todo bom menino
o homem de lata sem brio
não sabia brincar
e se perdeu no jardim
o homem de lata ferido
depois de tudo sentido
não queria mais sentir
arrependido, amargurado e falido
queria parar por ali
mas o homem de lata fundido
aprendeu que sorriso não tem volta
e a vida que se escolha não demora
pediu um coração
o homem de lata menino
sempre sonhou em sentir
mas sua boca reta não expressa desejo
não sorri amarelo nem vermelho
seus olhos opacos não marejavam
não cerravam, não fitavam
nem sorriam
o homem de lata sozinho
sem um coração, não sabia sentir
mas sabia que queria sentir
sentia que queria saber do motivo de se ter um coração
o homem de lata perdido
já não tão menino
implorou um coração
jurou aguentar todo o peso
o vazio, a dor, o anuvio
que podia trazer o amor
o ódio, o ganho, a perda
e a alegria e a tristeza
que qualquer vida podia ter
o homem de lata só queria viver
e ganhou um coração
o homem de lata explodindo
saiu a sentir
mas como todo bom menino
o homem de lata sem brio
não sabia brincar
e se perdeu no jardim
o homem de lata ferido
depois de tudo sentido
não queria mais sentir
arrependido, amargurado e falido
queria parar por ali
mas o homem de lata fundido
aprendeu que sorriso não tem volta
e a vida que se escolha não demora
quinta-feira, 7 de março de 2013
nevada
I
é como se a neve caísse de um céu azul, cheio de nuvens em perfeita forma, com o sol robusto de plano de fundo. como se não precisasse de explicação pra cair. as coisas ao seu redor movem independente da sua vontade, e você está na frente de um universo de coisas, fazendo o seu próprio movimento, movendo as coisas que te importam e a vida de quem cruza seu caminho. mas você não controla o semáforo. ninguém controla.
II
ando dividido entre a louça pra lavar e a vontade de sair, entre a conta pra pagar e a vontade de sorrir. ando meio a meio com o sorriso e com a vontade de chorar e observando o caos que existe fora dos meus olhos e a paz que tento colocar dentro do meu coração. se eu fechar os olhos talvez mas ainda ouço as buzinas desenfreadas e o barulho da sociedade ao meu redor precisando dormir e descansar como um anjo descansaria.
mas eu não controlo o asfalto. ninguém controla.
III
eu tenho feito esforço pra falar menos e ouvir mais. observo cada feição dentro do ônibus como uma criança descobrindo o mundo. por efeito de opinião eu só falo pra obter reações porque a vida é chata sem ação e reação. mas quando eu mover minha boca, encostar a caneta no papel, abraçar de verdade com o coração e colocar a respiração em ordem, talvez eu entenda a minha falta de vontade de dizer de tudo que eu ainda não sei. e por ventura eu nem queira saber.
mas nós não nos controlamos. ninguém controla.
é como se a neve caísse de um céu azul, cheio de nuvens em perfeita forma, com o sol robusto de plano de fundo. como se não precisasse de explicação pra cair. as coisas ao seu redor movem independente da sua vontade, e você está na frente de um universo de coisas, fazendo o seu próprio movimento, movendo as coisas que te importam e a vida de quem cruza seu caminho. mas você não controla o semáforo. ninguém controla.
II
ando dividido entre a louça pra lavar e a vontade de sair, entre a conta pra pagar e a vontade de sorrir. ando meio a meio com o sorriso e com a vontade de chorar e observando o caos que existe fora dos meus olhos e a paz que tento colocar dentro do meu coração. se eu fechar os olhos talvez mas ainda ouço as buzinas desenfreadas e o barulho da sociedade ao meu redor precisando dormir e descansar como um anjo descansaria.
mas eu não controlo o asfalto. ninguém controla.
III
eu tenho feito esforço pra falar menos e ouvir mais. observo cada feição dentro do ônibus como uma criança descobrindo o mundo. por efeito de opinião eu só falo pra obter reações porque a vida é chata sem ação e reação. mas quando eu mover minha boca, encostar a caneta no papel, abraçar de verdade com o coração e colocar a respiração em ordem, talvez eu entenda a minha falta de vontade de dizer de tudo que eu ainda não sei. e por ventura eu nem queira saber.
mas nós não nos controlamos. ninguém controla.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
relâmpago
por menos que eu pensei caí
segui o chão
e eu não reparei
que na cidade haviam
tantos nãos
mais do que eu possa ver
segui um trilho
sem qualquer final
e na cidade á luz de filmes
sem qualquer sinal
e na verdade eu só não sei
me larga
que hoje o céu não vai estar longe daqui
por menos que eu pensei caí
segui o chão
mas hoje eu levantei
e na cidade havia
tanto sol
pra que então correr
se lá no fundo tudo é tao igual
e na cidade á luz de velas
eu sinto o temporal
que na verdade é tudo que eu já sei
me larga
que hoje o céu não vai estar longe daqui
me larga
que o meu lugar já não é mais esse aqui
não me larga
se o seu lugar for tudo que eu tenho nas mãos
o meu coração
segui o chão
e eu não reparei
que na cidade haviam
tantos nãos
mais do que eu possa ver
segui um trilho
sem qualquer final
e na cidade á luz de filmes
sem qualquer sinal
e na verdade eu só não sei
me larga
que hoje o céu não vai estar longe daqui
por menos que eu pensei caí
segui o chão
mas hoje eu levantei
e na cidade havia
tanto sol
pra que então correr
se lá no fundo tudo é tao igual
e na cidade á luz de velas
eu sinto o temporal
que na verdade é tudo que eu já sei
me larga
que hoje o céu não vai estar longe daqui
me larga
que o meu lugar já não é mais esse aqui
não me larga
se o seu lugar for tudo que eu tenho nas mãos
o meu coração
domingo, 17 de fevereiro de 2013
terminal ferroviário; estação central
ouça: harmada - avenida dropsie
o calor incomoda, os oculos marcam e a camisa suada já faz parte do corpo. os pés não sustentam os joelhos que não sustentam os quadris que não sustentam o coração. a cabeça em outro lugar que não o chão, os prédios em volta, a vida real. o minerio estilhaça os poros do corpo feito caco de vidro; no ar, como se fosse ar, misturado a fumaça do cigarro da cidade e do trem. trem que não vem, trem que não vai. relogio que anda mas não sai do lugar. tempo que não voa porque a gravidade é maior. em frente aos trilhos, em meio as pessoas, preso na mente, sentado torto. tudo é maior. e o menor resquisio de vontade é ouro. ouro de tolo pra se convencer. mas o trem vem, perco a hora, perco o chão. tomo café no bar.
o calor incomoda, os oculos marcam e a camisa suada já faz parte do corpo. os pés não sustentam os joelhos que não sustentam os quadris que não sustentam o coração. a cabeça em outro lugar que não o chão, os prédios em volta, a vida real. o minerio estilhaça os poros do corpo feito caco de vidro; no ar, como se fosse ar, misturado a fumaça do cigarro da cidade e do trem. trem que não vem, trem que não vai. relogio que anda mas não sai do lugar. tempo que não voa porque a gravidade é maior. em frente aos trilhos, em meio as pessoas, preso na mente, sentado torto. tudo é maior. e o menor resquisio de vontade é ouro. ouro de tolo pra se convencer. mas o trem vem, perco a hora, perco o chão. tomo café no bar.
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