sábado, 19 de junho de 2010

sem necessidade para (re)encontros

Os olhos de Alice saltaram do seu rosto corado e perfeitamente moldado. Cada respiração de Alice fazia Rodrigo se arrepender de ser assim. Mas não havia nada que podia ser feito. Ele nunca deixou que ela ascendesse seus cigarros, nem que dirige seu carro. Muito menos o seu coração. Se perder nela era como estar numa clinica de recuperação e fugir toda noite para usar crack. Não fazia sentido. Nada daquilo fazia sentido. O sol se punha daquele lado da cidade. Estranhamente Alice não quis mais saber de seus motivos, apenas levantou da cadeira e se recostou no parapeito da varanda. Ascendeu mais um cigarro, abriu os braços para trás e soltou rapidamente a fumaça em um sopro só. Sorriu ao ver a fumaça fazer desenhos engraçados com os raios de sol que saíam detrás de uma das árvores da rua. Rodrigo comtemplava aquilo como se fosse morrer amanha. E não parava de sorrir. Se só aquilo fazia ele desistir de quem gostava de ser, imagina se perder em seus braços novamente? Seria a morte e ele queria estar muito vivo. Tinha muito trabalho na segunda-feira. E uma luz menos irradiante adormecia no Rio de Janeiro a espera dele. Pegou um guardanapo e uma caneta com o garçom e anotou o número de seu celular. Deu uma última olhada em Alice que agora se debruçava quieta sobre o parapeito, pensativa, e largou o pedaço de papel em cima da mesa. E com as mãos nos bolsos e sem olhar pra trás, deixou a varanda da cafeteria pela porta esquerda.

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