quinta-feira, 6 de maio de 2010
sem necessidade para hoolywood
eu ando por aí, divertindo gente e chorando ao telefone. atravesso os sinais vermelhos, com as mãos nos bolsos, apertando meio maço de hollywood azul amassado no bolso esquerdo, e um telefone que nunca toca no direito. e fones de ouvido no volume máximo, com toda trilha sonora do meu passado, e guardando algumas coisas pro futuro. sempre houve algo de podre no reino da babilônia tanta genialidade afogada em copos de uísque barato. sorrisos amarelos pregados nas paredes. se meu eu de dez anos atrás viajasse ao futuro, ele me diria: - não era isso que você sempre quis? um amor a cada estação pra viver, escrever, recordar, e grava-los na carne como se fossem tatuagem? excessos. os holofotes em você. barulho. o peso de uma vida em branco e preto. se isso foi tudo que você sempre quis, porque diabos fugir? - talvez porque a babilônia não me encante mais. a noite aqui, tudo brilha. mas de manha não tem o sol pra transformar a dor em manha. não há manha. literalmente. o barulho das gargalhadas, dos sonhos. dos planos e de todo amor que aqui fora transformado em pesadelo. mas sempre quando eu volto aqui, é uma cidade tão linda. as ruas respiram histórias pra contar. mas esse cheiro de sonho falido no ar, me faz querer voltar atrás. talvez eu não queira mais um amor a cada estação. talvez eu queira viver um único amor em todas as estações. e recomeça-lo em todas elas. e me apaixonar todo dia pela mesma pessoa. sem ter medo ou hesitação. talvez eu não queira tanto barulho assim. só o suficiente pra lembrarem de mim. menos holofotes, e mais luzes fracas vindo de janelas pequenas. canções bonitas que durem um minuto, e que só interesse a uma única pessoa. poucos amigos que preencherão espaços de milhões de pessoas. e, mas talvez eu volte a babilônia um dia. vá também, mas não se esqueça do caminho de volta. ou ela pode nunca acabar.
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